Belenenses, 7 - Al-Arabi, 1
Estas linhas não podem começar com outra nota: as prestações internacionais do Belenenses, a entrada de proximidade dos craques e a justíssima homenagem a Marco Aurélio mereciam outra moldura humana neste fim de tarde convidativo a marcar presença no Restelo. Já muitos o disseram, inclusivamente Jorge Jesus, mas nunca será excessivo recordar que um emblema que se quer ganhador necessita de apoio a nível equivalente. E nesse aspecto, temos falhado mais vezes do que as que seriam desejáveis enquanto "12º jogador". Adiante. Vi hoje no Restelo um Marco Aurélio verdadeiro, sentido, orgulhoso, agradecido, emocionado. Enfim, vi nesta despedida a mesma grandeza que sempre lhe fui observando, anos a fio, enquanto guardião indiscutível das nossas redes. Muito obrigado Imperador, até sempre - que és sem sombra de dúvida um dos nossos!
Tratando do jogo em si, 7-1 é resultado que deixa pouco por dizer mesmo que o adversário seja a modesta rapaziada do Al-Arabi, que dificilmente teria lugar na nossa 2ª Divisão. Ainda assim, o Belenenses jogou a espaços muitíssimo bem e deixou claro que há já muito trabalho feito quanto à mecanização dos craques recém-chegados. Destaquem-se neste particular João Paulo (com pormenores fantásticos!), Mendonça (que é muito do meu agrado) e Gavilán, mas também Hugo Leal que na segunda metade mostrou, se mais não houvesse para apresentar, a diferença existente entre os jogadores com escola e aqueles que lhe passaram ao lado. Ora, contando (para não ir mais longe...) Gavilán, Hugo Leal, Mendonça, Ruben Amorim, Silas e Zé Pedro já vamos em seis num losango de apenas quatro pontas. E ainda ficam de fora Rafael Bastos e Fernando, este último a apontar dois golos, um dos quais de belíssimo efeito. No meio-campo estamos conversados.
Atrás, pouco a acrescentar ao que se disse em textos anteriores em face do pouco poderio do adversário. Quarteto inicial a bom nível, com Devic a querer claramente mostrar atributos que lhe permitam segurar o lugar. Os suplentes naturais parecem não comprometer, mesmo considerando alguma culpa de Amaral no lance que conduz ao golo árabe. No conjunto, falta por aqui um central, parecer que parece pacífico na maior parte das análises. Já na baliza o caso é aparentemente mais polémico: como ponto de partida, certo é que fizemos uma época com Marco Gonçalves e Costinha e isso não nos impediu de fazer uma grande temporada. Igualmente certo é que se a infelicidade da Corunha se entende perfeitamente - como aqui escrevi só não acontece a quem não está lá -, é muito estranho que o mesmíssimo erro ocorra duas vezes seguidas em menos de uma semana. Falamos, em todo o caso, do suplente de Costinha - que me parece ter o lugar mais do que garantido. A necessidade de, no quadro actual (que hoje parece ter-se alterado), um quarto guarda-redes ser uma prioridade... é decisão que confio sem arrependimentos futuros ao saber de Jorge Jesus.
E deixo para o final a nossa linha ofensiva, até por ser aquela que nos reservou as novidades da apresentação: ao que parece e de uma só assentada estamos reduzidos a Roncatto - lesionado de momento mas com qualidades já demonstradas -, e João Paulo que, confesso, me tinha surpreendido pela positiva na Corunha e que hoje encheu o campo e assinou três golos. A questão é que - se Muñoz não parecia ser solução de qualidade bastante - a estes dois se juntava Dady. Juntava mas parece que já não junta, agora que é protagonista de uma dessas novelas que caracterizam rapazes de cabeça fraquinha e "empresários" de nível difícil de caracterizar em português de gente. Ou seja: dispomos de momento de dois avançados para uma época que se anuncia em quatro frentes. Aqui sim, digo sem reservas que precisamos de outros tantos reforços - e isto dos reforços é que é realmente relevante. Já no que respeita ao Dady propriamente dito - e antes de concluir que se trata de um tipo bestialmente mal formado -, logo comento depois de ouvir o que dizem os Castros e os Evangelistas deste mundo. Gente séria, pois então. E agora, nesta semana que precede o arranque oficial da nossa época, que se retenha o que conjugavam os dizeres estampados nas camisolas dos nossos atletas: Todos Juntos para Ganhar!