segunda-feira, 31 de dezembro de 2007

Homero Serpa

Hoje mesmo, logo pela manhã, reparei que A Bola explicava aos leitores as razões da ausência da habitual crónica dominical de Homero Serpa na edição de ontem.
Horas depois, tomo conhecimento da triste notícia que fica a marcar o dia: o desaparecimento de Homero Serpa, belenense de sempre e Sócio de Mérito, jornalista de A Bola - desses a sério, da velha guarda - e autor, por entre uns quantos textos inesquecíveis, de uma excelente biografia de Cândido de Oliveira. Provavelmente, o célebre dito de que "o jornalismo fica mais pobre" poucas vezes terá tido tanta razão de ser. Que descanse em paz.

Abriu a época das capas das gazetas

Nas vésperas da abertura do mercado de Janeiro (tão complicado que ele é, para produzir resultados!), vem a imprensa bombardeando o alegado interesse do Belenenses nas sobras dos clubes do sistema - como é mais ou menos habitual - ao mesmo tempo que apregoa a saída quase "garantida" de algumas das nossas maiores valias. No meio do turbilhão, que fique uma posição de princípio: trocas nem pensar, posto que seria sempre deles o melhor negócio!
Isto esclarecido, vamos aos "factos". Dizem os jornais que tentamos garantir o empréstimo de Mantorras, Adriano e/ou... Bergessio. Este último despacha-se num só adjectivo: é uma nulidade. Eles que o compraram, que o aturem. Já Mantorras, podendo ter potencial (variável duvidosa e nada garantida), é um caso essencialmente clínico; e como Mendonça joga pouco - e é indiscutivelmente melhor -, não se percebe o alegado interesse no suplente dos Palancas. Já Adriano é jogador, seria outra conversa e muito bem enviado para o Restelo. Mas eu, cá por coisas, não acredito. Acresce o seguinte: será que qualquer um dos avançados assinalados na imprensa desportiva é mais barato que Meyong? Pela minha parte e um pouco mais para além do que vem saindo nos jornais, acredito que a SAD e a equipa técnica têm por esta altura todo o trabalho de casa feito e sabem bem o que querem. E não querem muito provavelmente o que vem nas gazetas.
É aqui que entra o segundo considerando: a hipótese desses nomes estarem de facto em cima da mesa teria a ver com a eventual saída de jogadores, em especial Rolando e Ruben Amorim. Entenderia nesse caso a existência de negociações se não estivesse em causa um empréstimo da parte de quem connosco eventualmente negociasse. Mas sobre esses dois casos, e muito em especial sobre o Ruben, vou guardar-me para um próximo postal. E pelo caminho que a coisa leva cheira-me que, com profunda desilusão da minha parte - e olhem que os futebolistas têm fraca capacidade de me desanimar... - se calhar não vou ser meigo.

A todos quantos passam por aqui, votos de um 2008 cheio de êxitos - e bem azulão!

sábado, 29 de dezembro de 2007

Futsal: Belenenses segue em frente na Taça

Foi sem surpresa que o Belenenses eliminou esta tarde o Vitória de Setúbal da Taça de Portugal em futsal. O nosso oponente, apenas 7º classificado na série D do terceiro escalão, conta no entanto com apenas uma derrota nessa competição, frente ao líder Ismailitas.
Quando Pedro Cary marcou com apenas um minuto e meio de jogo parecia que tudo iriam ser facilidades para as nossas cores. Puro engano. O adversário mostrou uma excelente organização e razoável qualidade no passe e na construção de jogadas; e contou com um guardião extraordinário: Paulo Antunes, com uma exibição soberba, foi sem dúvida o homem do jogo, tendo impedido que o marcador chegasse aos dois dígitos a nosso favor.
No lado do Belém, infelizmente, imperou a lentidão e o ataque pela certa, havendo, sobretudo na segunda parte, demasiado jogo lateralizado. Quando os azuis aceleravam aumentavam as dificuldades dos setubalenses - e surgiam golos. Diego, após bela jogada entre Paulinho e Drula, fez o 2-0 e Drula, numa emenda de belo efeito, aumentou a conta para 3-0, resultado (escasso) que se verificava ao intervalo.
A segunda parte foi menos bem jogada pelo Belenenses, ao passo que o adversário se soltava e aparecia mais vezes no ataque. Reduziu para 3-1, com o jovem Marco muito mal batido (mas no resto do jogo esteve muito seguro), mas não pôde evitar o 4-1 por Marcelinho, após excelente jogada de Pedro Cary. Foi em contra-ataque, com dois vitorianos isolados frente ao nosso guarda-redes, que se chegou ao 4-2, e logo a seguir o adversário podia ter reduzido para a diferença mínima, penalizando alguma displicência azul. Os adeptos da casa tiveram que esperar oito minutos pelo 5-2, obra de Cary, a que logo se seguiu o 6-2, por Matê. Um critério desigual por parte da desastrada dupla de arbitragem do Algarve avolumou o nosso número de faltas, permitindo ao adversário reduzir num livre de 10 metros.
E já que falamos em arbitragem, mais uma vez nota negativa para os dois juízes, tanto no julgamento das faltas (ou pseudo-faltas) como disciplinarmente, tendo ao adversário sido poupados dois cartões vermelhos (um deles para o superlativo Paulo Antunes, o que seria cruel após a sua épica prestação mas as regras não se moldam ao sabor da qualidade dos jogadores).
Individualmente, nos azuis nenhum destaque em especial, pois todos estiveram abaixo do normal, salientando-se um pouco Diego, um jogador mais regular e com excelente visão de jogo. Já Vinicius e Drula estiveram em dia-não.
O novo ano, como todos sabem, traz, no dia 5 de Janeiro pelas 15.20, um apetecido Benfica-Belenenses. O adversário, marcado por duas derrotas em apenas uma semana frente ao rival da segunda circular, vai actuar sobre brasas, podendo a nossa equipa aproveitar para se distanciar ainda mais na classificação. Mas para isso tem que actuar ao seu melhor nível, algo que não ocorreu hoje. E uma semana depois recebemos o terceiro classificado, o Freixieiro, equipa de grande qualidade, pouco espectacular mas incrivelmente eficaz e segura. Uma semana de loucos!

segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Feliz Natal!



Com uma boa prenda no sapatinho azul: Cartão de sócio vai ser também de crédito.

sábado, 22 de dezembro de 2007

Belenenses, 4 - UTAD,1

Sabendo que se vencesse o seu oponente transmontano aumentaria para 6 pontos a vantagem sobre o Benfica, o Belenenses entrou a meio-gás contra o lanterna vermelha. Jogando com alguma lentidão, os azuis apostavam na sua superioridade técnica para derrotar o adversário, voluntarioso mas com poucos argumentos.
E foi assim que Marcelinho inaugurou o marcador logo aos 3 minutos, aumentando a marca aos 8. Se um Freixieiro é equipa para esmagar a UTAD por 13-1 (5ª jornada), já o Belém prefere controlar os acontecimentos, sem forçar muito. Foi assim contra o Nogueirense, jogo em que sofremos até ao fim; e hoje, quando Alípio Matos rodou todo o plantel (à excepção do guarda-redes), parecia que o filme se podia repetir, assemelhando-se a nossa exibição às piores da época passada. E o 2-1 para o adversário não ajudou.
Ciente da situação, o nosso técnico voltou ao cinco inicial para abordar a segunda parte; e foi com dois belos golos, um numa combinação entre Pedro Cary e Diego, com aquele a marcar, e noutro numa espectacular jogada de Paulinho, que ofereceu o golo a Diego, que o Belém arrumou a questão.
Vitória fácil num jogo em que há a destacar bons momentos de Paulinho e de Marcão (defendeu tudo - inclusive um livre de 10 metros - menos uma recarga de cabeça que deu o golo de honra à ex-equipa de Matê) e o brio do adversário. E, a exemplo do que sucedeu frente ao Sassoeiros, a dupla de arbitragem de Setúbal prestou um péssimo serviço à modalidade, complicando um jogo fácil e correcto. Destaque negativo ainda para a total ausência da Fúria Azul, que podia muito bem, nestas situações, repartir os seus elementos entre duas partidas. Ainda assim foram cerca de 350 os espectadores que preferiram assistir à modalidade que nos dá mais alegrias.
Se o campeonato só recomeça no dia 5, altura em que nos deslocamos à Luz, a nossa equipa defrontará ainda neste ano, no dia 29 às 18 horas, o Vitória de Setúbal (3ª divisão) para a Taça de Portugal.

Rugby: bom início de tarde

Arranca muito bem este sábado gordo em actividade, com uma excelente vitória do quinze azul frente ao Benfica, por 20-10 - com direito a ponto de bonificação. O râguebi do Belenenses, que assentou - digo eu, que estou longe de ser especialista... - num jogo defensivo muitíssimo sólido, deixou boas indicações para o futuro e deu um passo muito importante rumo à final-four de discussão do título nacional. Tanto mais que penso que a próxima jornada é também ela jogada em casa, desta feita frente ao CDUP, antecedendo uma deslocação a Cascais. Não será excessivo adivinhar um pulo na classificação até ao final da primeira volta!

segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Arrogância e mau perder

Tinha seis anos quando o Belém, numa das suas melhores exibições dos últimos quarenta anos, bateu o Benfica por 4-2. Estávamos em 1975. Furiosos, adeptos benfiquistas juravam que "quando forem à Luz levam poucas"... Não levámos e até empatámos 1-1, com um golo do Alfredo-pernas-tortas.
Três anos depois batíamos o vizinho da Luz por 1-0, com um golo de Vasques. Ao adversário, facto extraordinário, foram anulados dois golos. Em "A Bola" do dia seguinte lá apareciam as fotos... dos dois golos anulados! Do golo azul - nada.
E o nosso clube, ao sabor da sua própria instabilidade e das infindáveis arbitrariedades arbitrais, continuou a derrotar os encarnados mais vezes que aquelas que os seus adeptos suportariam. Há uns anos a sua claque até agrediu o pobre do homem que mudava as placas do marcador, quando este apontava 1-0 para os do Restelo.
Hoje, em conversa com vários adeptos do SLB, vinha sempre ao de cima o desabafo de que "não jogámos nada". Sobre o mérito do oponente, nada, não ocorrendo aos equilibrados comentadores que o seu clube "não joga nada" mais vezes que aqueles que a sua inflacionadíssima fama sustentaria, não perdendo com a mesma frequência das pobre actuações.
Esta postura de um arrogante mau perder é ainda mais notória no que se refere ao futsal, apesar de esta ser uma modalidade com muito menos projecção que o futebol (embora uma boa partida de futsal tenha muito mais emoção que três de futebol, mesmo quando este é bem jogado). A teimosia dos nossos bravos em só ganhar anda a irritar muita gente que desejaria que o poleiro fosse disputado pelos tais clubes da beira da estrada circular. Há coisa de um mês despachámos o Benfica por 5-2 na final do torneio de futsal de Alter-do-Chão. Nenhum dos três jornais ditos desportivos deu conta do sucedido. Um silêncio esclarecedor. Hoje pode ver-se um inquérito em Futsal.com, em que se pergunta aos internautas se «com um início de época verdadeiramente notável, onde soma por vitórias todos os jogos realizados, o Belenenses terá argumentos para lutar pelo título»; o resultado à data é um empate 50-50 entre o sim e o não. Análise fina de experientes observadores da modalidade? Ou um enervado e azedo wishful thinking?

domingo, 16 de dezembro de 2007

Vitória sem espinhas



Um Belenenses desfalcado (super-desfalcado na segunda metade) deu hoje um verdadeiro banho de bola a um Benfica que se apresentou no Restelo "na sua máxima força", conforme apregoavam antes do desafio todas as gazetas lusas. E mesmo assim, o que vimos foi uma grande vitória... num jogo sem história, a não ser a nota de que não perdemos para a Liga desde 23 de Setembro, vai para 3 meses. Na verdade, não há lugar a grandes análises ou dissertações quando apenas uma das equipas procura a vitória e mostra qualidade bastante para a conseguir. Os 94 minutos resumem-se a isto: primeira parte em que André Luiz devia ter sido expulso ainda nos primeiros momentos por carga à entrada da área sobre Roncatto que só mesmo o árbitro logrou não ver; duas oportunidades flagrantes para o Belém, desperdiçadas por Silas e Rodrigo Alvim; e mais de 60% de posse de bola - o que fala por si. Na segunda metade, associando ao banho de bola um banho táctico de Jesus sobre Camacho (já tinhamos saudades...!), o Belenenses tentou oferecer a iniciativa de jogo ao clube do regime por forma a aproveitar o contra-ataque em que, quando queremos, somos realmente perigosos. O corolário da coisa foi um golo monumental de Weldon - este rapaz faz-se! -, a que se somaram mais uma série de oportunidades que mais uma vez evidenciaram as nossas dificuldades de concretização. E não há nada mais a acrescentar, para além de registar que se o árbitro estava cheio depressa para o intervalo - a ponto de não permitir a marcação de um canto bem conquistado pelo ataque azul -, já para terminar a contenda... deve ter falhado a pilha ao relógio do apito encarnado, corria o minuto 94. Adiante, que sobre o jogo não há mais nada digno de nota tal a superioridade da casa.
Dê-se agora lugar à filosofia e ao treinador de bancada que existe em cada um de nós: porque não jogamos sempre assim? Porque não mostramos a mesma "pica" - que não deixa de ser, também ela, profissionalismo - quando os jogos são tidos como "menores"? Porque é que umas vezes a equipa joga manifestamente cheia de concentração e outras tantas mostra uma desplicência confrangedora? Não tenho respostas exactas mas resta-me a consolação de saber que Jorge Jesus também já deve ter reparado que é preciso equilibrar aquelas cabeças, nivelar por cima - assim ele abandone aquela conversa dos "dez primeiros".
Acrescente-se o óbvio, mas que volta e meia parece esquecido: sem desmerecer da conquista, como é evidente, isto ontem só valeu 3 pontos e ganhar ao Benfica - a este Benfica "na sua máxima força" - não é feito extraordinário. Disso está a nossa história cheia até cima, transborda vitórias ao milhafre. Um feito digno do meu maior registo, isso sim, seria vencer no D. Afonso Henriques no próximo sábado. É com essa vitória (nada impossível) que os 3 pontos de ontem ganham um valor tremendo. Como isto parece funcionar por capitais de confiança, era meio caminho andado para nova UEFA.
Ah, antes que me esqueça: Silas e Zé Pedro em dia sim são o que nós sabemos; juntando-lhes este Hugo Leal sem problemas físicos...

sábado, 15 de dezembro de 2007

'bora Belém!

É já hoje o clássico que, em boa verdade, começou vai para 15 dias. Com efeito, o primeiro apito do desafio de mais logo sancionou com dois jogos de suspensão o central Hugo Alcântara, castigo por certo a seguir critérios que, se levados em conta pela UEFA, seriam mais do que suficientes para irradiar aquele simpático Binya que, daqui a pouco, será um perigo sério para as canetas de Silas, Hugo Leal e Zé Pedro. Há oito dias, na inacreditável derrota frente ao Paços, teve lugar o segundo acto do "aquecimento": Cândido Costa "out" - e assim meia defesa. E para fechar a contabilidade prévia, refira-se o Benfica-Académica do passado domingo, onde defesa e meio-campo do rival - como agora se diz - tinham licença para distribuir bordoada às canelas académicas, perante a absoluta passividade do apito encarnado.
Isto dito, e apesar destes antecedentes que nos permitem imaginar o que nos pode esperar, não é caso - longe disso - para atirar a toalha ao chão. Nunca é tarde para que o plantel (e equipa técnica...) possa interiorizar de uma vez por todas que no Restelo temos que mandar nós, e de preferência com um futebol aproximado daquele que exibimos nos primeiros 25 minutos da recepção ao Leixões. E se assim fôr, os três pontos já cá cantam - tanto melhor na medida em que começamos a ficar cansados de tanto empate sem graça.

Lista de convocados:

Guarda-Redes: Costinha e Marco Gonçalves.
Defesas: Amaral, Rolando, Gonçalo Brandão, Devic, Areias e Rodrigo Alvim.
Médios: Rúben Amorim, Mano, Gabriel Goméz, José Pedro, Hugo Leal, Silas, Rafael Bastos e Fernando.
Avançados: Weldon, Roncatto e João Paulo.

quarta-feira, 12 de dezembro de 2007

Recordando os 60 anos da inauguração do Bernabéu

Está o Real Madrid em época de recordações, como em anterior "post" pude comprovar, e desta vez foi no próprio site oficial do clube que fui encontrar mais um interessante artigo, desta vez sobre a inauguração do seu estádio, que em breve (dia 14) cumprirá 60 anos. Tiveram a palavra os adeptos madrilenos que assistiram ao jogo inaugural, frente à nossa fantástica equipa de então:

Los socios más antiguos rememoran los sesenta años de vida del Santiago Bernabéu

Asistieron al grandioso día de su inauguración, han visto jugar a algunos de los mejores futbolistas de la historia y han celebrado decenas de títulos desde las gradas del santuario blanco. Son parte viva del Real Madrid, madridistas que vivieron un pasado que les hace dar más valor a un presente lleno de comodidades y modernidad. Testigos del nacimiento del estadio Santiago Bernabéu, analizan, sesenta años después, la evolución de lo que a su juicio es “una obra legendaria”.

Juan Antonio Cabezudo
“Estuve en la inauguración del estadio, en el partido que el Real Madrid jugó contra Os Belenenses. Seguí la construcción cuando se estaba llevando a cabo y ya entonces me parecía que sería el mejor estadio de España. Ha cambiado mucho en estos sesenta años. Al principio había una parte que no estaba cubierta y también han ampliado distintas zonas del estadio. Ha cambiado mucho, pero todo ha sido a mejor”.

Antonio Muiña
“Ya iba yo al fútbol en el antiguo Chamartín. Cuando se inauguró el nuevo estadio, los de la oposición decían que se iba a hundir porque tenía grietas… era la junta de dilatación. La inauguración fue un acto muy bonito”.

“El estadio ha cambiado muchísimo. Se ha modernizado por completo y se ha hecho muchísimo mayor. El campo entonces era un campo grande de provincias y hoy en día es un campo de nivel europeo y mundial. Es el mejor estadio del mundo”.

Eduardo Cosme
“Asistí al partido de inauguración en el estadio Santiago Bernabéu aquel 14 de diciembre de 1947. Yo ya llevaba varios años de socio, aunque todo se suspendió por la Guerra Civil y tuve que volver a suscribirme en enero de 1940”.

“El Bernabéu ha cambiado muchísimo últimamente. Lo único que le faltaría, por añadir algo, es que fuera completamente cerrado. Ahora ya no, pero hace años sí me he mojado muchas veces en el Bernabéu, porque yo nunca faltaba al fútbol”.

José Juan Durán
“Aquel día de la inauguración fue muy emocionante porque era un estadio muy distinto a lo que había, muy moderno y muy avanzado para la época y que además estaba en medio de una especie de desierto, rodeado de campo. Yo vivía entonces en Reina Victoria y desde allí hasta el estadio todo era campo. Era un contraste enorme ver un estadio tan avanzado y tan extraordinario en medio de todo aquello”.

“Recuerdo perfectamente que el Real Madrid ganó 3-1 al Os Belenenses. Fue una idea muy bonita la que se le ocurrió al presidente, invitar a un equipo de Portugal. El partido fue muy emocionante porque era la primera vez que existía en el mundo un estadio de esa categoría”.

“Todo ha cambiado totalmente desde entonces. Han pasado ya sesenta años… Ha evolucionado el Bernabéu y han cambiado también muchísimo los alrededores. Santiago Bernabéu tuvo la enorme habilidad de no mover el estadio de sitio. No le falta nada al estadio, alguna vez nos han faltado copas… Siempre hemos tenido muy buenos jugadores y dirigentes y la verdad es que hemos ganado muchas cosas. Santiago Bernabéu fue un presidente muy humilde pero muy trabajador y muy decidido para hacer las cosas y el legado es inmejorable. Su visión tan adelantada fue copiada después por muchos otros”.

Una información de Laura Navas y Carlos Cristóbal

domingo, 9 de dezembro de 2007

Belenenses, 4 - Fundação, 2!

Jogo louco este fim de tarde no Restelo. Perante uma das melhores equipas nacionais, única que até agora roubou pontos ao campeão Benfica (vitória por 7-5), a nossa equipa perdia por 0-1 a... três minutos do fim! O que se passou nos três minutos finais é difícil de narrar. Mas comecemos pelo princípio.
A Fundação tem uma equipa tecnicamente muito boa e os jogadores já jogam juntos há algum tempo. Sabem rodar a bola com mestria e hoje foram vários os momentos em que o fizeram por largos segundos. Depois, é muito rápida no contra-ataque; foi precisamente dessa forma que inaugurou o marcador, num golo de belo efeito de Divanei. A nossa equipa praticamente não teve oportunidades na primeira parte e a sua lentidão em armar o ataque contrastava com a facilidade e rapidez com que o oponente o fazia.
Na segunda parte o Belenenses entrou com mais garra, a que não foi alheia a prestação de Paulinho, um jogador velocíssimo que começou a fazer mossa na defesa adversária. Mas o tempo passava e parecia que o Belém ia perder o primeiro jogo... e a liderança. A Fundação contava já com três remates aos postes e podia ter resolvido a partida de vez.
Até que Marcelinho, numa arrancada que levou de vencida três jogadores, remata para a defesa do excelente Melão e na recarga marca finalmente para os azuis - a três minutos do fim. Logo de seguida Diego faz o 2-1, perante um pavilhão em delírio. Passados segundos, Maté faz um chapéu soberbo e a vitória estava assegurada.
Foi já com o adevrsário a actuar com guarda-redes avançado que Diego faz um exagerado 4-1, num ambiente de euforia azul desmedida. Tempo ainda para Coco reduzir, à boca da baliza.
Em resumo: vitória da garra e da vontade frente a uma excelente equipa que, por não ter tido a sorte do jogo, não conseguiu matar a partida na fase de menor inspiração azul, saindo com uma amarga derrota.
No próximo sábado há deslocação ao Fundão, equipa normalmente difícil e que ainda ontem perdeu com o Sporting pela marca mínima (3-4). A vitória é fundamental para chegarmos ao Natal na liderança (o jogo com a UTAD no dia 22 não deve oferecer dificuldades de maior); o ano novo começa com deslocação à Luz e recepção ao Freixieiro...

quinta-feira, 6 de dezembro de 2007

Mourinho... Félix fala do Belenenses em Madrid

As épicas jornadas nas quais, ao longo da nossa história, nos temos encontrado com o colossal Real Madrid sempre foram assunto de meu particular interesse, sobre o qual já tive oportunidade de publicar algumas resenhas, neste e noutros espaços do Belenenses (podem consultar aqui a última versão, em que só falta o desfecho do último encontro, do passado Torneio Teresa Herrera).

Sucede que anda o grande clube espanhol em homenagens ao seu grande jogador Paco Gento, que como já tive ocasião de relembrar anteriormente realizou a sua despedida da equipa principal merengue há 35 anos atrás, precisamente quando a nossa primeira equipa foi de novo convidada de honra, por coincidência da comemoração dos 25 anos (agora 60) da inauguração do estádio Santiago Bernabéu.

Ora bem, a propósito de Gento encontrei na edição de hoje do jornal As esta curiosa entrevista, da autoria do famoso Tomas Guasch, que merece a devida inclusão no arquivo, pois tem bastantes pontos de interesse:

ENTREVISTA | José Manuel Mourinho
"Gento me batió de penalti dudoso"
Los porteros de los anteriores homenajes a Paco Gento tienen su historia: Hugo Gatti, que defendió la de River Plate (3-1 para el Real Madrid) y José Manuel Mourinho, con Os Belenenses. ¿Mourinho? En efecto: se trata del padre de José, el técnico portugués.

¿Qué recuerda de aquel partido de homenaje a Paco Gento?
Que por el mal tiempo no pudimos viajar a Madrid en avión y lo hicimos en tren. Al llegar, nuestra sorpresa fue que Gento nos esperaba en la estación. ¡Qué gran futbolista y caballero! ¿Qué tal está de salud?

Como un roble.
Lo celebro. A nuestra edad, eso es lo primero que se debe preguntar, ¡ja, ja!

Ustedes perdieron por 2-1 y Paco le marcó uno de los goles.
Sí, de penalti. ¡Y muy dudoso, eh! Y Paco no fallaba penaltis.

Era un partido de homenaje, hombre...
Merecidísimo además. Para Os Belenenses fue un honor jugar contra el Real Madrid en su mítico estadio Bernabéu y nada menos que para Gento. ¡Qué rápido era, qué gran personalidad tenía! No me sorprende que el Madrid le dedicara anoche su tercer homenaje. ¡Lo merece todo!

¿Qué se sabía entonces en Portugal del Madrid?
Entonces todo mi país era madridista. Aquel equipo de Gento, Di Stéfano, Puskas, Kopa... ¡Jugaban como querían! Hablamos del primer gran equipo que se vio por televisión. Cuando jugaba el Madrid nadie se lo perdia ¡era algo digno de ser visto!

Hasta que apareció el Benfica del gran Eusebio.
Es que yo los mejores jugadores que he visto han sido Di Stéfano, Pelé y él. Para cuando el Benfica apareció, primero ganándole la final de Berna al Barcelona, el gran Madrid ya había escrito su historia.

Aquel partido de homenaje a Gento, Eusebio lo jugó con el Madrid. ¡Él sí fue un galáctico en serio!
Hoy no tendría precio. Hubiese encajado maravillosamente en aquel gran Madrid, pero eran otros tiempos y su corazón, benfiquista.

Dice usted que Eusebio no tendría precio. Es decir, que hoy sería tan grande como fue.
Por supuesto que sí. Él y todos los buenos. Está claro que este fútbol es distinto, sobre todo en los marcajes, pero el gran jugador lo es en cualquier época.

¿Y usted, qué portero era?
Muy elástico. Lo que peor se me daba era salir de portería, pero debajo era bueno.

¿Qué tal su hijo, por cierto?
Muy bien, gracias.

¿Será el nuevo seleccionador de Inglaterra?¡No sé nada, ni a mí me lo cuenta! Se habla sobre ello, pero créame: cuando tome su decisión me lo dirá, no antes.

¿Es cierto que de niño ya le redactaba a usted informes futbolísticos?
Sí, él jugó de centrocampista, pero desde joven quiso ser entrenador. No le queda duda: nació para esto. Yo dirigí a Río Ave, Varzim, Os Belenenses y Uniao Leiria, viví cuatro ascensos a Primera, y él se interesó muchísimo por mi trabajo. El fútbol ha estado presente siempre en nuestras vidas: su tío Mario fue presidente del Vitoria, el club de Setúbal, nuestra ciudad. ¡Qué tiempos! Ahora yo estoy jubilado y es él quien espera destino.

Seguramente en el extranjero. ¿Es éste el gran problema del fútbol portugués, que sus mejores talentos emigran?
Pues sí. Nuestro fútbol no está mal, pero la distancia entre Benfica, Oporto y Sporting con los demás es demasiado grande. El dinero está fuera y cuando alguien destaca se lo llevan. Por eso le decía que los tiempos de Eusebio, que desarrolló aquí lo mejor de su carrera, eran otros.

Ahora, el mejor es Cristiano Ronaldo, claro. Pero se habla de Veloso y otros jóvenes.
Todos tienen que aprender mucho todavía, empezando por el propio Cristiano. Si lo hace, lo tiene todo para ser un fenómeno.

Puro Mourinho: usted tampoco regala nada, ¿eh?
Al futbolista hay que exigirle. Fíjese en Gento. Para que te hagan tres homenajes hay que haber sido muy grande. A trabajar.

Ha sido un placer, señor Mourinho.
Igualmente. Salude a Gento en mi nombre.

quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Do tempo presente

Houve uma altura em que eu, ainda recém-refeito da adolescência, tinha a mania que um dia havia de dar cartas no Belenenses. Presidente - aqui o confesso - nunca pretendi ser, mas ter voto na matéria era sonho de miúdo que me perseguia. A coisa prosseguiu até que cresci, não me largou e, a dado passo, a oportunidade parecia poder concretizar-se, um pouco na sequência daquela que reputo como a mais lamentável Assembleia Geral de sempre da História do Belenenses, aliás inferiormente dirigida pelo então presidente da Mesa Alberto Regueira. Meses volvidos e experimentada a (quase) campanha eleitoral, deixei-me disso: era muito baixa política para a minha camioneta, tão baixa que terminou aliás no Tribunal. Não tenho hoje a mais pequena ambição para além de ajudar sempre que isso pareça estar ao meu alcance - o que aliás tenho feito e continuo a fazer sempre que isso se me afigure possível.
Actualmente, mais do que o Belenenses "que herdei", interessa-me o Belenenses que "vou legar" aos meus filhos. E nesse quadro, parece que não sendo bastantes as forças de bloqueio que sopram do exterior, são os próprios belenenses os que primeiro entendem colocar pedras na engrenagem. Confesso que a perfeita consciência dessa percepção me custa. E custa-me desde logo porque tenho uma filha com cinco anos - quase seis - já plena herdeira da doença azul, que diariamente tem que enfrentar (diga-se que com grande merecimento, boa capacidade de resposta e sem papas na língua) uma turma alfacinha de lagartos e lampiões cheios do respectivo "merchandising" vendido em cada rua de Lisboa e me pergunta por que raio nada do Belenenses se vende em lado nenhum sem que eu lhe saiba ainda responder... - que mentir-lhe não é comigo! A mesma miúda que saiu do Estádio Nacional a choramingar, vai para uns meses, porque nunca lhe ocorreu que fosse possível perder com os lagartos. E, em paralelo, penso para com os meus botões que já viu o Belenenses numa final da Taça - feito que eu demorei mais de quinze anos a presenciar - e essa é que é essa!
Isto para constatar que embora cada vez mais pequenos, embora tenhamos a vida cada vez mais difícil, parece que somos sempre suficicientes para, ao invés de darmos as mãos remando num mesmo sentido (aquele que afinal de contas - caramba! - nos interessa a todos), criar ou acentuar a divisão. Com efeito, minimizada a ambição adolescente, vejo hoje com a clareza que algum distanciamento proporciona - embora com a mesma paixão clubista - que este estado de constante guerra civil que se vive para os lados do Restelo aproveita apenas aos nossos rivais.
Tudo o que antecede para rematar o seguinte: depois de em Abril uma data deles terem dado uma maioria (quase) esmagadora a Cabral Ferreira, os associados do Belenenses - pouco mais de uma centena, no caso concreto - chumbaram em Assembleia Geral nova proposta de Orçamento e aumento de quotização. Nada que constitua portanto novidade de maior, na medida em que a nega começa a ser um lamentável 'must' da vida do Clube. Eu, no lugar do Cabral Ferreira, para o ano não perdia cinco minutos que fosse a desenhar os quadradinhos...

terça-feira, 4 de dezembro de 2007

As assistências - uma actualização

Aqui há umas semanas divulguei neste blogue o ranking da Liga de Clubes relativo às assistências de cada clube. Foi cedo, com poucos jogos realizados, o que distorcia forçosamente alguns números. Agora que se aproxima o final da primeira volta da Bwin é boa altura para actualizar os dados, que passo a apresentar... e que infelizmente falam por si:

Nº de espectadores acumulado da época
1º - SL Benfica - 232 368
2º - FC Porto - 232 278
3º - Sporting CP - 162 385
4º - V.Guimarães - 96 725
5º - SC Braga - 75 469
6º - Académica - 51 687
7º - Leixões - 36 507
8º - Marítimo - 31 639
9º - V.Setúbal - 27 879
10º - Boavista - 23 003
11º - U. Leiria - 19 701
12º - Stª Clara - 14 409
13º - P.Ferreira - 12 960
14º - E. Amadora - 12 376
15º - Nacional - 12 232
16º - Trofense - 11 827
17º - CD Fátima - 11 413
18º - Belenenses - 11 405
19º - Vizela - 11 170
20º - Portimonense - 10 523
21º - Varzim - 10 383
22º - Beira-Mar - 10 215
23º - Naval - 8 347
24º - Gil Vicente - 7 952
25º - Rio Ave - 7 406
26º - Freamunde - 6 850
27º - Olhanense - 6 345
28º - Gondomar - 5 552
29º - Penafiel - 5 466
30º - Aves - 4 229
31º - Estoril - 3 562
32º - Feirense - 3 197


Média de assistências por jogo
1º - SL Benfica - 38 728
2º - FC Porto - 38 713
3º - Sporting CP - 27 064
4º - V.Guimarães - 16 120
5º - SC Braga - 15 093
6º - Académica - 8 614
7º - Marítimo - 5 273
8º - Leixões - 5 215
9º - V.Setúbal - 3 982
10º - Boavista - 3 833
11º - U. Leiria - 2 814
12º - Nacional - 2 446
13º - Stª Clara - 2 401
14º - P.Ferreira - 2 160
15º - E. Amadora - 2 062
16º - Belenenses - 1 900
17º - Vizela - 1 861
18º - Varzim - 1 730
19º - Naval - 1 669
20º - Rio Ave - 1 481
21º - Trofense - 1 478
22º - Gil Vicente - 1 325
23º - CD Fátima - 1 268
24º - Portimonense - 1 169
25º - Beira-Mar - 1 135
26º - Freamunde - 978
27º - Gondomar - 925
28º - Olhanense - 906
29º - Aves - 704
30º - Feirense - 639
31º - Penafiel - 607
32º - Estoril - 445

Percentagem de ocupação
1º - FC Porto - 76%
2º - SL Benfica - 60%
3º - Marítimo - 59%
4º - Sporting CP - 57%
5º - Nacional - 55%
6º - V.Guimarães - 54%
7º - CD Fátima - 51%
8º - SC Braga - 50%
9º - Trofense - 47%
10º - P.Ferreira - 42%
11º - Leixões - 39%
12º - Gondomar - 38%
13º - Académica - 29%
14º - Vizela - 28%
15º - Freamunde - 25%
16º - Varzim - 25%
17º - E. Amadora - 22%
18º - V.Setúbal - 21%
19º - Stª Clara - 19%
20º - Naval - 18%
21º - Feirense - 17%
22º - Olhanense - 15%
23º - Rio Ave - 14%
24º - Boavista - 13%
25º - Portimonense - 12%
26º - U. Leiria - 12%
27º - Gil Vicente - 10%
28º - Belenenses - 10%
29º - Penafiel - 9%
30º - Estoril - 9%
31º - Aves - 9%
32º - Beira-Mar - 4%

Notem bem, da Bwin só a Naval consegue pior (dois primeiros indicadores). Mesmo tendo em conta que alguns clubes já receberam em casa dois dos "três" e nós não, facto que infelizmente faz a diferença, não deixa de ser aterrador.

sábado, 1 de dezembro de 2007

Quem é que pára os nossos futsalistas?

Terminou há pouco a partida de futsal entre Vila Verde e Belenenses, com a vitória da nossa equipa por 5-1. Marcaram:
1-0 4 min. Miguelito
1-1 9 min. Paulinho
1-2 22 min. Pedro Cary
1-3 24 min. Jardel
1-4 38 min. Drula
1-5 39 min. Vinicius
Destaque para o regresso de Drula, após lesão, e logo com um golo que definiu a nossa vitória.
De entre os nossos perseguidores, Benfica (9-3 ao Sassoeiros) e Freixieiro (3-1 ao Instituto D. João V) venceram, ao passo que Fundação e Sporting empataram a 2 golos. Os azuis continuam, assim, no comando da classificação, agora com 24 pontos (8 vitórias em 8 jogos), seguidos por Benfica (21), Freixieiro (17), Sporting e Olivais (16) e Fundação (14).
A nossa próxima partida é com a Fundação Jorge Antunes, no próximo sábado dia 8, pelas 18 horas.

Futebol regressa às boas exibições

Pudemos assisitir ontem à noite a uma exibição muito agradável do Belenenses frente à revelação desta I Liga de futebol: o Vitória de Carlos Carvalhal. Tomando as rédeas da partida logo de início, os azuis foram premiados com um golo logo aos quatro minutos, numa jogada começada em Areias (estreia muito positiva do lateral esquerdo), que passou por José Pedro, Gomez centrou e Weldon cabeceou sobre um Eduardo saído extemporaneamente da baliza.
Infelizmente, quando se pensava que a equipa iria controlar a partida e tentar aumentar o marcador em contra-ataque eis que Ruben (muito fraca exibição como lateral-direito), tentando interceptar um centro de Matheus, introduz a bola na própria baliza. A partir daqui e até ao intervalo o jogo esteve dividido, com algumas ocasiões de parte a parte, com Weldon muito perdulário.
Na segunda parte o Belenenses continuou a porfiar pela vitória, ao passo que o opositor dava mostras de não estar nos seus melhores dias. Roncatto e Weldon voltaram a falhar golos quase feitos e foi então que Hugo Alcântara, numa atitude que não é virgem e que é um misto de infantilidade e pura estupidez, levanta o pé até à cara de Edinho, vendo muito justamente o vermelho directo.
A partir daqui foi um vê-se-te-avias, com a nossa equipa a resistir com muita dificuldade ao assédio sadino. E quando Marco Gonçalves decidiu imitar Eduardo e saíu mal dos postes foi Areias, coroando uma exibição muito positiva, que salvou a nossa equipa de uma derrota que seria injustíssima.
Em resumo, uma bela partida de futebol, com maior ascendente global da nossa equipa mas com falhas pontuais (Weldon e Roncatto na finalização, Gomez e Ruben com n passes errados, Hugo com a atitude já referida e Marco com a saída em falso que nos ia custando a derrota) que, por serem em tão grande número, mantêm forte incerteza sobre aquilo que esta equipa ainda pode fazer neste campeonato.

quinta-feira, 29 de novembro de 2007

Vitória folgada sobre o Madeira SAD

Infelizmente não pude assistir à primeira parte do encontro de ontem entre Belenenses e Madeira SAD pela 13ª jornada da Liga 2007/2008 em andebol. Foi nesse período que a nossa equipa praticamente assegurou a vitória (20-14 ao intervalo), limitando-se a gerir a vantagem no segundo tempo (15-15), rodando a integralidade do banco, permitindo a jogadores pouco utilizados mostrar (ou não) o seu valor.
O que se viu na segunda parte foi um arranque óptimo, com Hugo Figueira imperial entre as redes, Pedro Neto poderoso na meia distância (e ainda marcou dois livres de sete metros) e Bruno Moreira inteligente na sua posição de pivot.
O adversário mostrou algum valor mas cometeu muitos erros; demorou muito tempo em combinações de ataque, perdendo muitas bolas - quer pela agressividade da nossa defesa, quer por desatenções várias - ou esbarrando em Hugo Figueira; na defesa faltou agressividade, agravada pela variedade e imprevisibilidade dos ataques azuis e pela exibição desastrada do guarda-redes Luís Carvalho. Destaque para o veterano Paulo Vieira, um jogador de boa técnica, inteligente e que deu uma lição de garra aos seus companheiros.
Do lado azul, para além dos destaques já citados, alguns apontamentos sobre jogadores que normalmente pouco saem do banco:
- David Santos e Tiago Santos: discretos;
- Rui Varela: uma promessa do nosso andebol, agressivo a defender e oportuno no remate; três golos;
- Vasco Ribeiro: duas boas defesas e depois quase um desastre, deixando entrar bolas atrás de bolas; um contraste total com Hugo Figueira.
A arbitragem, algo contestada por alguns adeptos por contemporizar com eventual jogo passivo dos madeirenses, pareceu-me que acabou por beneficiar a nossa equipa por via de um critério disciplinar demasiado rigoroso para com o nosso adversário.
Em resumo: vitória justíssima da melhor equipa. Próximo confronto: SL Benfica, dia 12 de Dezembro (Pavilhão EDP, 20 horas).

quarta-feira, 28 de novembro de 2007

Vitória no andebol

13ª jornada da Liga Halcon 2007/2008.
Resultado final: Belenenses, 35 - Madeira SAD, 29 (ao intervalo: 20-14).
Para ver a estatística da partida: aqui.
Crónica em breve.

segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mais dois pontos a voar

Razões muito pessoais impediram-me de ver o Belenenses-Estrela. Já me disseram que não perdi grande coisa, sentença em que aliás faço fé, mas não posso deixar de fazer notar que nos últimos três jogos no Restelo - desafios todos eles de grau de dificuldade reduzido (por muito que Jorge Jesus nos tente vender o contrário) -, outros tantos empates nos retiraram seis pontos que por esta altura nos colocariam num invejável... terceiro lugar na tabela.
Longe dos profetas da desgraça, não vejo para já nenhuma época antecipadamente perdida, nem mesmo sou dos que exige grandes jogatanas, se esse fôr o preço a pagar pela conquista dos pontos. O diabo é que neste caso nem jogatanas... nem pontos! Acresce que continuo a achar que o comando técnico do Belenenses está bem entregue e que importa, sobretudo, continuar a proporcionar à equipa técnica boas condições de trabalho para que se lhe possam, então, exigir os resultados que este ano teimam em aparecer menos.
Mas o certo é que - a par desta delicadeza - há algo que me tem enervado profundamente na presente época do Belém. E esse algo é o discurso do treinador. Ora, o treinador do Belenenses não tem naturalmente que ambicionar a conquista da Liga dos Campeões já na próxima temporada. Tem, isso sim, que assegurar o oposto, ou seja, que mantém os pés bem assentes na terra. Sucede que manter os pés bem assentes na terra significa no caso presente não entender que o importante é continuar a... não perder, ou que o que releva é um equilíbrio tremendo entre dez/doze equipas da Liga. Pelo contrário. Empatar com o Estrela em casa, por muito respeito que possamos ter por clubes que não têm adeptos, é obviamente um péssimo resultado para o Belenenses, bem mais perto da derrota efectiva do que da vitória moral. Seria importante que alguém da SAD explicasse isto ao treinador, até para que alguém (incluindo Jesus!) tenha legitimidade para exigir dos profissionais uma atitude bem distinta daquela que vêm mostrando nos jogos em casa. Como seria bom que alguém lembrasse a Jesus que não foi ao serviço do Estrela - por razões evidentes que a História também ajuda a explicar - que ele esta época já defrontou Real Madrid, Atalanta e Bayern de Munique...
Recorrendo ao lugar-comum, temos que "remar todos para o mesmo lado" - dever que neste caso obriga também o mister. Era bom que ele não se esquecesse disso.

quinta-feira, 22 de novembro de 2007

Escassez crónica

Embora os resultados desportivos das nossas principais modalidades estejam a ser, no mínimo, satisfatórios (em boa verdade alguns são brilhantes), continuamos a ter sérios problemas ao nível financeiro e de instalações, como tem sido evidenciado ultimamente (e novamente).

O problema essencial é bem conhecido e vem de longe. Não há dinheiro para tanto. Não há dinheiro que assegure um dia-a-dia tranquilo, muito menos para investir e realizar medidas de fundo.
Por tantos anos tivémos a Bingo-dependência, depois falou-se (e fala-se) da dependência do projecto imobiliário...
No fundo, o que mais me impressiona nessa concepção é admitir-se que as modalidades são apenas um sorvedouro, amenizado por alguns patrocínios. Ora, se não se acreditar que uma modalidade pode ter mais praticantes, mais espectadores, mais audiências, mais fama, que serviço lhe poderemos prestar? E ao Clube, através dela?
Pode parecer que falo apenas de lucro, mas é, sim, de sustentabilidade.
Apoiar e providenciar meios para a prática desportiva com certo desprendimento, por amor, não deixará nunca de ser louvável, mas a realidade impõe - com crueza, por vezes - os seus limites.
A defesa dos ideiais desportivos, ainda que adaptados aos tempos que correm, deverá ser sempre apanágio do Belenenses. Mas não pode levar-nos até à exaustão...

Termino realçando de novo os bons resultados desportivos, que são obviamente bem vindos, e os quais entendo ser nossa obrigação mínima divulgar, dentro das nossas possibilidades. Nesse campo devo louvar o meu confrade Flávio Santos e o Rui Vasco, no Rugby, pois sem outro interesse que não o desportivo asseguram uma projecção que ainda assim considero ser mínima, não só relativamente ao necessário mas também relativamente ao que as modalidades e os atletas merecem. A candeia serve para iluminar, não para se esconder...

segunda-feira, 19 de novembro de 2007

Grande jornada de basquetebol

Foi um empolgante encontro de basquetebol aquele a que 400 adeptos assistiram no Pavilhão Acácio Rosa (e umas duas centenas de milhar na RTP2) entre Belenenses e FC Porto.
Tendo já derrotado os portistas no Torneio dos Campeões (perdendo na final com a Ovarense) os azuis apresentaram ao seu público Lance Soderberg, o norte-americano que veio substituir Kendrick, que rumou à Coreia. E que jogo fez Lance! 27 pontos e MVP! Foi uma exibição que combinou cestos certeiros (65% de 2 pontos, 50% nos triplos e 100% nos lances livres) com muita luta debaixo das tabelas.
Mas se o norte-americano é eficiente mas discreto, já Diogo Carreira alia a uma boa capacidade concretizadora uma exuberância que empolga o público, uma capacidade extraordinária de chegar de cesto a cesto em poucos segundos, contornando adversários e lançando com êxito!
Se a isto juntarmos um Paulo Simão mais inspirado que o habitual nos três pontos (4 em 6 tentativas), um Ike sempre voluntarioso e um Anderson mais empenhado que em ocasiões anteriores, resumimos parte das condições para o êxito de ontem. A cereja em cima do bolo, factor não menos importante, foi a presença do regressado Luís Silveira ao banco; a velha raposa do basquetebol português lê muito bem o jogo, faz alterações quase sempre no momento certo, pede tempo quando a equipa perde fôlego - e inspira confiança nos jogadores.
Ainda assim, esta equipa continua a dar a sensação de que pode render mais, pois por vezes perde pontos e bolas de forma quase infantil. Até onde podemos chegar, ninguém sabe, mas repetir a final da Taça e lutar pelo segundo ou terceiro lugar seria magnífico!

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Sondagem

Resultado neste momento da sondagem em curso no site da Liga de Clubes de Basquetebol:

Qual o português que mais se tem destacado no arranque da época?
Diogo Carreira
[38%]
Paulo Cunha
[18%]
José Costa
[13%]
Nuno Marçal
[21%]
João Manuel
[10%]

E se tivessem incluído o Daniel Monteiro na lista...

Notas sobre as modalidades

Nota 1: a nossa equipa de futsal não se cansa de ganhar, mesmo em jogos particulares. Este fim de semana, no torneio de Alter do Chão, despachou o Vila Verde por 3-0 e o campeão nacional Benfica por 5-1! Mesmo com este desfalcado de Ricardinho, Pedro Costa e Gonçalo Alves, não deixa de ser significativa a nossa vitória, na linha de resto dos 5-2 da pré-época infligidos à mesma formação. De realçar ainda que a equipa azul viajou a expensas da Câmara Municipal de Alter-do-Chão, pelo menos a fazer fé na camioneta da câmara que pude ver partir no sábado de manhã com os nossos craques; sinal do prestígio do nosso clube em todo o país, e em particular da qualidade da nossa equipa, garante de bons espectáculos.
Nota 2: não tivéssemos sido espoliados pelo sr. Sérgio Silva no jogo caseiro com o CAB Madeira, estaríamos agora isolados no terceiro lugar da liga de basquetebol, atrás dos dois (únicos) candidatos ao título, Ovarense e FC Porto. Mostrando simultaneamente o mesmo habitual masoquismo de dar pontos de avanço ao adversário e a mesma notável capacidade de recuperação, a nossa equipa derrotou o Ginásio por 89-93, após dois prolongamentos. No sábado, jogo grande com o FC Porto, esperando-se boa afluência de público ao Pavilhão Acácio Rosa.
Nota 3: desconheço se o que se passa no andebol é semelhante ao que se passará nas duas modalidades anteriormente focadas. Talvez por o andebol ter maior impacto entre os nossos associados a repercussão pelo não cumprimento das obrigações de pagar a tempo e horas seja maior. O que é certo é que a direcção está em falta, independentemente de, ao que soube, o que está em causa não ser de grande monta. De resto, a equipa em auto-gestão já vai na terceira vitória seguida (ABC, ISAVE e Sporting). Num jogo nem sempre bem jogado, com algumas falhas técnicas, a garra e qualidade dos azuis vieram ao de cima, derrotando um Sporting com potencial e qualidade (ou não tivesse uma mão cheia de ex-belenenses no plantel) mas sem chama. Destaque para as grandes exibições de Hugo Figueira (três defesas decisivas nos últimos minutos) e Bruno Moreira. Sobre a arbitragem, infelizmente mais uma vez teríamos muito que falar...

sábado, 10 de novembro de 2007

Um golo marcado demasiado cedo

Não estamos muito habituados: ainda não tinham corrido cinco minutos e já o Belenenses vencia por 1-0, excelente remate de Zé Pedro - que é mesmo de outro carnaval... - a coroar uma grande iniciativa de Ruben Amorim. Cinco estrelas, que se mantiveram durante perto de trinta minutos com o Belenenses a dominar o jogo por completo, trocando a bola com grande qualidade - mas sempre sem "carregar", talvez na esperança de que o tempo acabaria por ditar o intervalo... ou um segundo golo que poderia ter aparecido não fosse uma falha imperdoável de Weldon (e uma grande defesa do outro lado), que, apesar de tudo, eu não crucifico; para já, teimo em insistir que há ali qualquer coisa que pode "explodir" de um dia para o outro. Veremos.
Passada a meia hora, o jogo mudou radicalmente. O Leixões acordou - andara literalmente a dormir até então - e, em paralelo, nós abandonámos o jogo de tal maneira foram clamorosas as falhas de concentração e de segurança de passe daí para a frente. Os de Matosinhos não empataram segundos antes do intervalo porque não calhou. Já a segunda metade foi de meter medo ao susto, sem que se consiga perceber o que queríamos do jogo. A equipa entregou a iniciativa ao Leixões e arrastou-se então penosamente até ao inevitável golo da igualdade. Outra opinião tem o treinador Jorge Jesus que, pelo que se ouve nas declarações pós-jogo, ou viu outro jogo ou necessita urgentemente de um choque de ambição: empatar em casa com o Leixões é obviamente um péssimo resultado, pelo menos enquanto o Belenenses fôr o Belenenses.
Acresce que o nosso mister esteve hoje muito mal nas substituições, que se limitaram a dar lá para dentro o sinal de que o que importava era segurar a vantagem a todo o custo, descurando sucessivamente as opções avançadas. E já agora, se me é permitido, começo a observar grande sapiência na tese do nosso amigo JSM quando afirma que Jesus, mais do que o tacticista extraordinário que julga ser, é um profissional qualificado e muito trabalhador mas sobretudo capaz de tirar máximo partido das capacidades dos jogadores que tem à sua disposição. O tacticismo, na verdade, tem dias - e tem muito a ver com o factor sorte. A inacreditável persistência na aposta consecutivamente falhada em Fernando, a par da igualmente incompreensível saída de Hugo Leal - em boa verdade perdemos o jogo aí... - demonstram-no à exaustão.
A cereja no topo do bolo de uma segunda parte para não repetir foi a performance do "Gavião". Expulsão justíssima que de todo não se percebe, tanto mais se pensarmos que quando o jogador entra em campo sabe perfeitamente que não pode ver sequer um amarelo... quanto mais dois!
E pronto: é este o nosso normal, ter dois jogos seguidos no Restelo e falhar a oportunidade de dar um valente pulo na classificação. O que só não é terrível porque, em boa verdade, temos dado mostras (que já vêm do ano passado) de que fora de casa conseguimos recuperar, às vezes com vantagem, os pontos perdidos no Restelo. Resta agora vencer o Estrela - um jogo dificílimo frente a um dos lusos campeões do anti-jogo - e fazer 4 pontos em seis possíveis nesta série teoricamente favorável. É o mínimo dos mínimos.

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Notas dispersas


Há dias em que sou um tipo com sorte. Ontem, logo pela manhã, tornei-me dono da edição especial comemorativa de O "Belenenses", saída por ocasião do décimo aniversário do clube em jeito de número único. Não é nada que não exista no Museu do Clube - penso eu de que... - mas é uma alegria bestial ter uma peça destas aqui à minha frente. E sobretudo constatar que, apenas dez anos volvidos sobre aquele sonho dos Rapazes da Praia tornado realidade num banco de jardim, já meio mundo nos considerava como sendo emblema maior do desporto português. Na ocasião, acrescente-se, prestaram depoimento no jornal de oito páginas o Governador-Civil de Lisboa (que era em boa verdade o nosso presidente de então - Major João Luiz de Moura), figuras maiores da FPF - então designada Federação Portuguesa de Football Association - e da AFL como Ribeiro dos Reis, Basílio d'Oliveira ou Salazar Carreira, Mário de Oliveira da Confederação Portuguesa de Desportos, e grandes belenenses dos primeiros anos como Mário Duarte - nosso primeiro keeper então colocado como representante diplomático de Portugal em La Guardia -, Virgílio Paulo ou Augusto Silva. Uma peça de valia tremenda para quem se interesse pela história do nosso Belenenses.
Acrescente-se em jeito de remate que está à venda na Casa das Colecções, em plena Rua da Misericórdia ao Chiado, uma edição em muito bom estado dos Factos, Nomes e Números da História de "Os Belenenses". Fica a nota ao cuidado de quem possa interessar.



Como nem tudo é perfeito, as gentes do rugby do nosso Belém viram-se forçadas a marcar posição, anteontem, no Restelo, exigindo campos de treino. Ponto prévio: sou, como é sabido, um "sócio-futeboleiro", acrescendo que até me parece que nos dispersamos em excesso por um conjunto de actividades vastíssimo que de todo não temos capacidade de suportar - e cuja factura um dia teremos que pagar. Mas, daqui o confesso, há coisas que não entendo - para além de que a modalidade da bola oval está longe de enfermar dos vícios que tornam muitas outras meros sacos de notas sem fundo e sem retorno. E, dizia, desde logo não compreendo que num momento em que é extremamente difícil captar gente nova para o Belenenses - miudagem, leia-se! -, momento em que, em paralelo, chegam ao Belenenses quilos de miúdos para aprender a jogar rugby aproveitando a embalagem da visibilidade dos "Lobos", se possam colocar entraves a esse nada desprezível foco de potencial captação de adeptos. É verdadeiramente incompreensível. Até parece que temos gente a mais...

sábado, 3 de novembro de 2007

Empate com sabor amargo


À nona jornada da Liga, o Belenenses conquistou um ponto no Estádio do Dragão - admita-se que para todos os efeitos... "conquistou". E se utilizo o verbo conquistar isso deve-se a que, nem de propósito e curiosamente, teve o Belém que demandar a mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto no mesmíssimo fim de semana que ditou a estreia de "Corrupção", o novíssimo filme baseado numas quantas peripécias (manhosas) do Apito Dourado. Ele há coincidências do caneco...
Foi aliás por coincidência que o alentejano Paulo Baptista mailo bandeirinha do lado da bancada não viram que Postiga facturou o golo dos dragões beneficiando de um fora de jogo que, sem favor, se lobrigava em Portalegre. E terá sido com a mesma luneta que, imagino do alto da minha suspeita, ninguém viu uma agressão grosseira de Quaresma a Ruben Amorim corria o minuto 88 e estava já o terreno altissimamente inclinado. O facto é que, atendendo às fitas que estreiam por estes dias, dificilmente o Belenenses poderia ambicionar mais do que a repartição de pontos. E sendo assim, não foi mau de todo, como não é absurdo considerar que nos damos bem com os ares do Douro, tanto mais que de hoje a oito nos visita o mais representativo emblema de Matosinhos. A continuar a mesma lógica, toca de reunir mais três pontos.
Diga-se que o Belenenses entrou bem no jogo. Muito bem, aliás, tentando assim contrariar aquela que tem sido a maior arma dos dragões até ao momento: marcar cedo e gerir o resultado. A verdade é que, não fosse a prestimosa ajuda do trio que viajou do sul, não tinha sequer existido tentativa de gerir o resultado. E mesmo assim, depois do golo marcado a meias por Postiga e pelo bandeirinha, o facto é que o Belém podia ter empatado a contenda antes do intervalo. Não sendo possível, eis que desta feita a sorte do jogo não nos abandonou e, logo no reinício, Zé Pedro - insisto que há jogadores assim, muito superiores ao que estamos habituados - não desperdiçou um lance superiormente construído por Roncatto e fez o empate, mais do que merecido, acrescente-se. A partir daí, estranhamente - digo eu... -, a equipa retraiu-se a ponto de nos fazer sofrer desnecessariamente. Mas apesar de tudo correu bem e, como é evidente, ganhámos um ponto aos nossos adversários directos num estádo em que, possivelmente, se contarão pelos dedos de uma mão as equipas que não perdem - e sobram dedos...!
Notas finais para as classificações mais altas, apesar da injustiça de escolher numa equipa que valeu muito pelo conjunto: além do já habitual Zé Pedro, chapa máxima para Cândido Costa. Que categoria e exemplo de vontade! Registe-se de igual modo o espírito de luta e abnegação de Weldon, incansável na tentativa de levar o barco a bom porto. E, numa equipa que - repito - esteve bem no seu conjunto, Jorge Jesus deu mais uma vez mostras de estar a construir um futuro que pode bem voltar a dar-nos as alegrias que, bem vista a coisa, justamente merecemos. Assim saiba transmitir à rapaziada que, mais importante que o empate no Dragão, são os três pontos a conquistar frente ao Leixões. Essa é que é essa.

sexta-feira, 2 de novembro de 2007

Alterações à 10ª jornada

Na próxima sexta-feira, dia 9 de Novembro, cabe ao Belenenses dar o pontapé de saída na 10ª ronda. A recepção ao Leixões está marcada para as 20h30, com honras de transmissão em directo na SportTV1.

quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Belenenses-ABC

  • Como aperitivo ao excelente jogo que se antevê para amanhã (Acácio Rosa, 18 horas), a RTP Memória teve a louvável ideia de agendar para esta noite (à 1.15 da manhã...) o encontro entre ambos os emblemas disputado em 1994, ano do nosso último título. Caso não estejam com insónias não se esqueçam de programar o vosso VHS.
  • Como é tradicional, os confrontos entre as duas formações são de desfecho imprevisível. O ABC já não ostenta um currículo 100% vitorioso neste campeonato, ao passo que o Belenenses já mostrou que tem potencial para ganhar a qualquer equipa, sofrendo de uma irregularidade que se espera passageira. Na época passada o equilíbrio foi a tónica em todos os jogos entre as duas equipas, excepto num, que ganhámos por uma diferença de seis golos.
  • Antes da partida e no intervalo da mesma haverá exibição das habilidades dos miúdos da escola de formação. Note-se que, somando os pólos do Restelo e do Algueirão, a nossa formação movimenta neste momento 46 miúdos, entre bambis (12), minis (13) e infantis (21). Uma aposta de futuro!

domingo, 28 de outubro de 2007

Sete jogos, sete vitórias...

... é o balanço até agora da excelente campanha belenense na Liga de Futsal 2007/2008. Contra o Nogueirense, emblema vianense recém promovido, vitória muito sofrida por 3-1, prova de que no futsal raramente há jogos fáceis.
E a nossa equipa parece estar a dar mostras de alguma ansiedade pela manutenção, tão inesperada como justa, do primeiro lugar, não conseguindo mostrar todo o seu potencial. Ontem, facto que não sucederá muitas vezes, foram os jogadores portugueses a marcar todos os nossos (poucos) golos: Paulinho, Pedro Cary e Cautela conseguiram o que Jardel (ontem muito perdulário, apesar de muito esforçado), Marcelinho e Diego não lograram. O que também mostra que, pese a influência tantas vezes decisiva destes, o nosso plantel tem bastantes soluções, algo que não existia na época passada.
Os maiores destaques, além da necessária menção aos autores dos golos, vão para Marcão, que defendeu praticamente tudo, sendo ousado e inteligente nas situações 1x1 e proporcionando ao público presente uma vistosa defesa à gato, ainda na primeira parte; e para Cautela, que mostrou como é importante haver um elemento experiente, controlando a ansiedade geral, que soube levar a equipa para a frente na fase de maior assédio do Nogueirense, quando o empate parecia iminente, e que culminou esta excelente fase final da partida com um golo que fez explodir o pavilhão após largos minutos de angústia.
Destaques negativos: o adversário, ciente da sua inferioridade, abusou da fita, procurando e conseguindo iludir os árbitros, o que o fez beneficiar de um livre de 10 metros na primeira parte e fazendo recear o mesmo na segunda, pois a nossa equipa esteve os últimos sete minutos de jogo com cinco faltas, sabendo manter a concentração de modo a evitar aquela que é sempre uma situação de golo iminente; quando passaram a não cair na esparrela dos vianenses, os árbitros deixaram pasar em claro duas faltas a nosso favor, pondo o pavilhão numa indignação incandescente; valeu o nosso terceiro golo para que males maiores não acontecessem.
Nota positiva, ainda, para o público, que deve ter abeirado as sete centenas; ainda assim se poderia esperar mais dada a liderança do campeonato e a expectativa de termos uma equipa sénior empenhada na luta pelos primeiros lugares. Mostrou ainda um fairplay que não é muito frequente no nosso país, aplaudindo o adversário no final e reconhecendo o seu esforço e aquela que terá sido a sua melhor exibição esta época.
Temos agora uma longa paragem de campeonato devido à realização do Europeu. O próximo jogo é no Dia da Restauração da Independência, 1 de Dezembro, no terreno do Vila Verde, perto da Terrugem (Sintra). Espera-se uma comparência apreciável de adeptos azuis para esta curta deslocação.

Quando o Zé Pedro não dá para tudo

Jogo estranho aquele a que assistimos ontem no Restelo - e não tanto pelo resultado que é em boa parte fruto da excelência de calendário que o país futebolístico observa. Já poucos se lembravam, craques incluídos, que na jornada anterior tinha o Belenenses marcado quatro golos no Bessa...
A verdade é que a equipa entrou mal, com inúmeros desacertos especialmente do lado direito, onde Amaral denotou alguma falta de ritmo e de confiança associado a um Mendonça, cuja titularidade aplaudo a mãos ambas mas que parece algo ansioso na esperança de mostrar trabalho ao treinador. Um jogo morno em que na segunda parte, e muito em resultado da entrada de Cândido Costa, o Belenenses pareceu, a espaços, capaz de levar o barco a bom porto não fossem dois falhanços cujo inêxito Pedro Roma ainda agora não saberá explicar.
Duas notas, uma positiva e outra não tanto: a "nota mais" para Zé Pedro que durante 90 minutos deu mostras de querer levar a equipa às costas. À exibição do nosso camisola 11, que bem teria assentado o golo a um remate-chapéu que na segunda metade quase nos valia os três pontos. Há jogadores assim, com manifesta dificuldade em jogar mal. Já a nota negativa terei que a endossar desta feita a Jorge Jesus. A extraordinária troca de Silas por Fernando não lembra de facto a ninguém...
Certo, certo... é que na época passada - a tal que já não se vivia em Belém há uma data de tempo -, por esta altura, o Belenenses somava exactamente o mesmo número de pontos. E com a equipa a crescer em relação aos primeiros jogos, assim o mister desencante um Dady - quantidade não falta... - e haverá razões para sorrir.
Aspecto não menos relevante a tomar em consideração é o da assistência. Sou fraco a avaliar estas coisas a "olhómetro" mas, visto de baixo, quer parecer-me que o lado dos sócios, apesar da obscenidade do preço do bilhete, estava bastante mais composto do que é habitual. Será efeito das "cinco da tarde"? Admito que sim. Já a rapaziada da Briosa - que daqui saúdo! - faltou à chamada. Para quem passa a vida a queixar-se dos dias e dos horários dos jogos, é estranho.
Acrescente-se que ao intervalo o Restelo viveu uma festa simples mas bem bonita, mostrando-nos uma fila cheia de campeões e internacionais, alguns deles de mui tenra idade. Como dizia o cartaz de fundo, "os melhores atletas são do Belenenses" - e é certo que quem tem os melhores atletas tem futuro.
Nota final para a ausência da Fúria Azul na primeira parte do desafio. Não sei se na televisão foi perceptível, mas qualquer pessoa que tenha estado no Restelo verificou a diferença de ambiente entre os dois meios tempos, aquele em que houve protesto e aquele outro em que houve claque. Registo-o, apenas para o caso de alguém que eventualmente pudesse ter dúvidas...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

76 anos de saudade ou o adeus de um campeão

No final da manhã do dia 23 de Outubro de 1931 deu entrada no Hospital de Marinha um jovem torneiro de metais, de fato de ganga e bóina, queixando-se de violentas dores na barriga. Viria a falecer no dia seguinte, tendo sido em vão todos os esforços para o salvar.
Nos dias que se seguiram, a notícia da sua morte surge nas capas dos jornais; ao seu funeral acorre uma infindável multidão; de todo o país e do estrangeiro chegam manifestações de pesar. Mais tarde, erguem um monumento em sua memória e uma rua de Lisboa passa a ter o seu nome. Quem era, afinal?
Era José Manuel Soares, o “Pepe”, um dos melhores jogadores de sempre do Belenenses e da história do futebol português.

As origens

José Manuel Soares Louro nasceu a 30 de Janeiro de 1908 (embora certas fontes apontem o dia 29), filho de Maria José da Silva Soares e de Julião Soares Gomes. O local terá sido a casa da família, na Rua do Embaixador, nº17, em Belém (outras fontes referem – talvez por lapso – que teria nascido na Covilhã, terra de origem da família?).
Foi em Belém que cresceu o “Pepe” (diminutivo de José - talvez por influência dos muitos galegos que viviam na zona), sujeito a enormes vicissitudes, no seio de uma família pobre, num bairro pobre. O pai vendia hortaliça com uma carroça, de porta em porta. A mãe tinha uma banca de fruta no antigo Mercado de Belém (já desaparecido, situava-se em frente da actual Rua Vieira Portuense, sendo contíguo o antigo Campo do Pau do Fio). E aqueles parcos rendimentos serviam para sustentar, para além do Pepe, mais cinco irmãos: Ana (a mais velha, que era quem tomava conta da casa e dos outros), Rogério, Suzana e ainda outros dois (mais novos).

Na mesma Rua do Embaixador, porém, tinha o Pepe ilustres vizinhos. Também de famílias humildes, mas que se iam tornando famosos por todo o país, graças ao que parecia uma brincadeira de crianças, mas que já animava multidões: o futebol. Ali viviam alguns dos melhores futebolistas, dos tempos do Sport Lisboa, das Terras do Desembargador (logo acima da rua)… e dos primeiros anos do Belenenses. Entre os quais, Artur José Pereira, então o melhor jogador de todo o País e principal fundador do Clube, cuja fama por certo não deixaria indiferente a miudagem da rua. Recorde-se que à data da fundação do Belenenses tinha o Pepe 11 anos.

Não terá sido assim surpreendente que José Manuel Soares, como tantos outros rapazes, viesse a engrossar as fileiras de jovens promessas do novo Clube (de antigas tradições). Em 1924, com 16 anos, começou a jogar na 4ª “categoria” (escalões jovens). A 18 de Outubro desse mesmo ano, foi promovido directamente à 2ª categoria (logo abaixo da equipa de “honra”), o que demonstra bem a sua qualidade.

A estreia e conquista do primeiro Campeonato de Lisboa

O grande momento, a estreia pela equipa principal, aconteceu a 28 de Fevereiro de 1926, tinha o Pepe apenas 18 anos. É bastante conhecido o episódio, em que o capitão Augusto Silva chamou o rapazinho para entrar em campo, logo contra o Benfica. Mas já lá vamos. Menos conhecida é a verdadeira razão da chamada de José Manuel Soares à 1ª categoria. Assim a revelou Joaquim Dias, um dos sócios fundadores, em entrevista ao Jornal do Belenenses:
“- O Artur José Pereira, depois de aturada conversa comigo, na altura tesoureiro do clube, deliberou tomar tal decisão [de incluir o Pepe na 1ª categoria], apesar do receio que tinha em que a massa associativa não gostasse, devido à pouca idade do inesquecível atleta.”

Assim ficamos a saber que o grande mestre do futebol português, Artur José Pereira, que ajudou a formar tantos jogadores de excelência (até finais dos anos 30), também esteve ligado à progressão do Pepe - embora discretamente, como lhe era habitual.

A equipa de 1926

Regressando ao dia 28 de Fevereiro de 1926, tratava-se da 11ª jornada do importantíssimo Campeonato de Lisboa (onde estavam as melhores equipas e que chegou a servir como “poule” indirecta para o Campeonato de Portugal). Como em épocas anteriores (nomeadamente, a de 1924/25), o Belenenses tinha boas hipóteses de conquistar aquele título - seria a primeira vez nos seus 7 anos de história. Já havia amealhado 6 vitórias, 2 empates (com Sporting e Benfica, na 1ª volta) e apenas tinha sofrido 2 derrotas (com o Setúbal – jogo altamente polémico – e com o Carcavelinhos). O jogo anterior tinha sido, precisamente, a derrota com o Carcavelinhos (que por fusão com o União de Lisboa daria origem ao Atlético).

Os nervos estavam à flor da pele. Na verdade, era um momento crucial para a vida do Belenenses. Era tempo de saber se o Clube, fundado pelos melhores futebolistas, podia afinal continuar entre os melhores, conquistando um grande título. E era tempo de confirmar se a seguir à primeira geração (cujos últimos representantes, Alberto e Joaquim Rio, se retiraram por esta altura) já havia uma segunda geração de jogadores, também eles, entre os melhores.

Para descrever o que se passou naquele Domingo, aqui fica o relato compilado por Acácio Rosa:

“O Belenenses a um quarto de hora do fim, perdia por 1-4!
Campo das Amoreiras.
Belenenses-Benfica!

Durante setenta e cinco minutos só dois jogadores não perderam a fé ante a descrença geral. Augusto Silva – o mais velho – e Pepe – o mais novo.
Antes do encontro, corriam rumores de que alguns dos nossos jogadores, por desinteligências internas, não jogariam.
A Direcção delegou em Augusto Silva plenos poderes para a escolha da equipa.
E, Augusto Silva escolheu os onze jogadores e para a meia esquerda foi Pepe! Vinha dos infantis [como se designavam as camadas jovens em geral]…

Mas, a um minuto do fim, com o resultado já em 4-4, a vontade indómita de todos e os ataques sucessivos, o adversário comete falta na grande área. Penalty!
Ninguém dos belenenses queria ser o responsável pela execução da falta.
Augusto Silva, resolutamente, aponta para o Pepe e diz-lhe: “o penalty marcas tu!”
Pepe, envergonhado e receoso, apenas respondeu:
- Eu, Sr. Augusto????
- Sim, marcas tu!

E Pepe marcou o golo e o Belenenses venceu o Benfica por 5 a 4, para o Campeonato de Lisboa.”

Foi o delírio entre as “hostes” de Belém - Pepe, o “miúdo”, era um novo herói! E que melhor ocasião – tomando parte de um dos míticos “quartos de hora à Belém”!
Ficava aberto o caminho para a conquista do primeiro Campeonato de Lisboa (pela primeira vez disputado por 8 equipas, em vez de 5 – o que valorizou ainda mais aquele triunfo). Para tal bastaram as vitórias sobre o Império (3-0) e o Sporting (1-0), ficando tudo resolvido para a última jornada, em que perdemos por 4-1 com o União de Lisboa, resultado já sem importância.

Seguiu-se a disputa do Campeonato de Portugal, que pela primeira vez reunia os vencedores dos campeonatos regionais – isto é, também passava a incluir mais equipas.
E, para primeira participação do Belenenses… nada mal: depois de vencer o GS “Os Leões” por 7-2, o Espinho por 4-1, e o difícil Olhanense por 2-1, chegámos à final, a disputar com o Marítimo.
O jogo foi no campo do Ameal, no Porto, a 6 de Junho de 1926, e José Manuel Soares fazia parte do “onze”.
Mas o jogo não acabou bem… ou melhor, nem acabou quando devia (aos 20 minutos da 2ª parte)! Depois de acontecimentos estranhos – antes e durante o jogo, incluindo a animosidade dos portuenses – o Belenenses perdeu por 2-0...

A época de 1926/27 e a conquista do primeiro Campeonato de Portugal

A época seguinte, de 1926/27, ficaria para a História do Clube como uma das melhores.

No Campeonato de Lisboa ficámos em 2ª lugar, perdendo o título para a também fortíssima formação do Vitória de Setúbal (também curiosamente foi a última vez que o Vitória disputou o Campeonato de Lisboa, devido à criação da Associação de Futebol de Setúbal). O Pepe alinhou em 9 dos 14 jogos disputados.


Estreia Internacional de Pepe

A 16 de Março de 1927, no campo do Lumiar, deu-se a estreia de José Manuel Soares pela Selecção Nacional. Frente à poderosíssima França (para “desforra” da derrota de Abril de 1926, em Toulouse, por 4-2), Pepe marcou 2 golos, contribuindo para a vitória (4-0). Saiu em ombros, levado pela multidão. O Pepe já não era só um herói dos Belenenses, também já era um herói nacional!
Sobre esta estreia e a “desforra”, escreveu Ricardo Ornellas posteriormente:
“E que desforra e que dois rapazes que se estrearam! Dois Zés Manéis, o Soares, “Pepe”, e o Martins, o de ponta esquerda - um «gravoche» e endiabrado e o outro, cheio de boas maneiras.
Dividiram os golos: cada um fez dois. Um o Pepe, foi garoto…
Depois do encontro disse que, no segundo dele «palavra de honra»
que não queria mandar a bola à baliza; ia só a fazer uma passagem... Não
importa nada, claro, que a crítica tivesse considerado golo uma maravilha
de execução; era-se menos exigente...”

A 2ª internacionalização terá ocorrido em Itália (derrota por 1-3). A 29 de Maio de 1927, a terceira (derrota em Espanha por 2-0).

A edição do Campeonato de Portugal para 1926/27 seria, sem dúvida, a mais difícil de todas até então disputadas. Poderiam participar todas as equipas que o desejassem fazer!

Depois de levar de vencida os Leões de Santar (9-1), o poderoso FC Porto (3-2), o Marítimo (8-1, numa desforra saborosa frente ao “campeão”!) e o Benfica (2-0), o Belenenses conseguiu de novo o lugar na final (pela 2ª vez… na 2ª participação!).
O adversário foi o Vitória de Setúbal , pelo que estava também em causa uma “desforra” pelo sucedido no Campeonato de Lisboa.

No jogo realizado a 12 de Junho de 1927, no Stadium do Lumiar, o Belenenses venceu por 3-0 e sagrou-se assim – pela primeira vez – Campeão de Portugal! E o Pepe, titular, conseguiu assim o seu primeiro título nacional. Não marcou nenhum dos 3 golos (um Augusto Silva e dois de Silva Marques), mas ajudou no primeiro, com uma simulação que enganou a defesa adversária e deixou a baliza à mercê de Augusto Silva.

No dia 9 de Julho de 1927 teve lugar um banquete de homenagem aos campeões, entre os quais Pepe, no Casino S. José de Ribamar (antigo palácio Ribamar), em Algés. Pouco depois Pepe (como os restantes) seria elevado a Sócio de Mérito do Clube de Futebol “Os Belenenses”, com apenas 19 anos de idade (era o sócio nº 1784)! Aconteceu na Assembleia Geral de 8 de Agosto de 1927.

A época de 1927/28 e a epopeia dos Jogos Olímpicos

Na época de 1927/28 o Belenenses viveu mais alguns momentos inesquecíveis da sua história. Afirmou-se como um clube pujante, vitorioso e com um futuro auspicioso.

A 29 de Janeiro de 1928, em jogo a contar para o Campeonato de Lisboa (10ª jornada), foi inaugurado o magnífico campo das Salésias, o seu primeiro recinto próprio apto para as competições oficiais! Mal sabia o Pepe que esse mesmo campo viria a ser baptizado com o seu nome…

Para o Campeonato de Lisboa de 1927/28 (em que ficámos em 3º lugar) o Pepe realizou 11 jogos, ajudando a que tivéssemos o melhor ataque da competição, com 42 golos.

Pelo meio, a conquista da Taça de “Natal” (frente a Benfica e Setúbal) e da Taça Ademar de Melo (a duas mãos, com o Boavista).

Para o Campeonato de Portugal, depois de eliminarmos o Luso de Beja (7-1) e o Leça (8-1), fomos eliminados pelo Vitória de Setúbal (1-4), em mais um estranho jogo, disputado no campo do Benfica (cujos sócios, presentes em força, estavam contra nós). O Pepe disputou os 3 jogos em questão.

Mas um dos momentos mais altos da carreira de Pepe foi, sem dúvida, a participação nos Jogos Olímpicos de Amsterdão, em 1928.
Depois de boas prestações em jogos particulares, a Federação Portuguesa de Futebol decidira inscrever a Selecção no Torneio Olímpico de futebol. Para a viagem até Amsterdão, os seleccionadores Cândido de Oliveira e Ricardo Ornelas não hesitaram em escolher os Belenenses José Manuel Soares, Augusto Silva, César de Matos e Alfredo Ramos (embora este não viesse a participar em qualquer jogo). No total, quatro jogadores do Belenenses, que era assim o clube mais representado na Selecção!

Os jogos particulares em que José Manuel Soares havia alinhado foram com a fortíssima Argentina, em 1 de Abril de 1928 (empate a 0); com a Itália, em 15 de Abril de 1928 (estrondosa vitória por 4-1) e com a França, a 29 de Abril de 1928 (brilhante empate a 1 bola). De permeio, a presença num Lisboa-Algarve (8-0) e num Lisboa-Madrid (2-2).
De salientar que em todos estes jogos Pepe alinhou como “interior” esquerdo…

Amsterdão: Portugal - Chile

Já em Amsterdão, a estreia foi excelente. A 27 de Maio de 1928, frente à duríssima selecção do Chile, naquele que foi o primeiro jogo da Selecção Nacional em competições oficiais, Pepe marcou 2 golos, contribuindo decisivamente para a vitória (4-2). Vitória essa que não foi nada fácil. Começaram os chilenos em vantagem, com dois golos, enquanto Portugal ficava momentaneamente reduzido a 10 (por lesão de um jogador). No segundo tempo conseguimos a reviravolta, “num estrondoso alarde de valentia, ânimo, coragem e consistência técnica”.
No segundo jogo (a 29 de Maio de 1928), nova vitória, frente à Jugoslávia, com uma exibição histórica de Augusto Silva, que marcou um golo e foi levado em ombros pelos próprios holandeses.
Terminou a “aventura” com uma derrota frente ao Egipto (3 de Junho de 1928), numa conjunção de má arbitragem (incluindo um golo mal anulado) e excesso de confiança.
No entanto, o País rendeu-se aos heróis de Amsterdão, os “Leões de Amsterdão” (ou ainda “Tigres”, uma versão menos “leonina”). Entre eles, os três Belenenses que foram titulares em todos os jogos, sendo que Pepe alinhou sempre como “interior”… direito.
E assim José Manuel Soares ficou também para a história, como atleta olímpico!

Já depois dos Jogos Olímpicos, o Belenenses efectuou a sua primeira visita à Madeira, depois de insistentes convites dos madeirenses. O Pepe alinhou em todos os jogos ali realizados (5).

Finalmente, em 11 de Novembro de 1928, foram homenageados na sede do Clube os nossos “leões de Amsterdão” (Pepe, Augusto Silva, César de Matos e Alfredo Ramos), tendo sido descerrados os seus retratos pelo Presidente da Associação de Futebol de Lisboa.

A época de 1928/29 e a supremacia - as conquistas do segundo Campeonato de Lisboa e do segundo Campeonato de Portugal

Seguiu-se a época de 1928/29, repleta de glória. Talvez a melhor de sempre!
E foi bastante atarefada… e atribulada.

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Começou com o Torneio de Preparação, envolvendo os primeiros 4 classificados do Campeonato de Lisboa. A 23 de Setembro de 1928 (data de aniversário) vencemos o União de Lisboa por 2-1, e na final, a 30 de Setembro de 1928, empatámos a zero com o Sporting. Devia ter sido jogado um período suplementar de 30 minutos, mas os sportinguistas não o quiseram. Estranhamente, não foi atribuída a vitória no torneio…
O Pepe foi titular nos dois jogos.
Seguiu-se um jogo frente ao Setúbal, que terminou em empate (3-3).

Depois iniciou-se o Campeonato de Lisboa 1928/29, em que alguns jogadores “azuis” foram bastante penalizados pela violência dos adversários. Pepe, com um entorse; César de Matos, chegou a fracturar a perna direita; e Rodolfo Faroleiro, com forte contusão que o obrigou a perder boa parte da 1ª volta.

Chegados a Dezembro, o Belenenses contava já com 5 vitórias, um empate e uma derrota. Estava no bom caminho…
De realçar, as vitórias frente ao União de Lisboa (3-2), Sporting (3-1) e Carcavelinhos (3-1).
Entretanto, a 2 de Dezembro de 1928, Pepe participara no primeiro jogo Paris-Lisboa (1-2).

Aproveitando o interregno natalício, a 23 e 25 de Dezembro de 1928 o Belenenses disputou dois jogos com o FC Porto, ambos no Porto, conseguindo uma vitória no primeiro (2-1), perdendo no segundo (2-3).

Em Janeiro de 1929 Lisboa recebeu a grande equipa do Ferencváros, campeão da Hungria e vencedor da Taça da Europa Central (disputada pelos campeões da Hungria, Áustria e Checoslováquia), que para mais havia derrotado pouco antes o Blackburn, vencedor da Taça de Inglaterra, por expressivos 6-1. Face a tal poderio, sucumbiu o Belenenses, mesmo com Pepe, por 6-0 (a 1 de Janeiro).

Seguiu-se a Taça Associação (da AF Lisboa), na qual Belenenses foi eliminado no primeiro jogo (derrota por 2-1 frente ao União de Lisboa, a 13 de Janeiro de 1929).

A 31 de Janeiro de 1929 realizou-se um jogo em benefício do Asilo Nun’Álvares, em virtude do contrato de cedência do terreno das Salésias. O Belenenses venceu o Vitória de Setúbal por 3-1. No encontro de retribuição, em Setúbal (a 3 de Fevereiro de 1929), os vitorianos conseguiram uma vitória farta em golos (6-1).

Contudo, os resultados menos conseguidos desta altura não afectaram o percurso do Belenenses, destinado a mais altos “vôos”.
Logo no recomeço do Campeonato de Lisboa (a 17 de Fevereiro de 1929) o Belenenses levou de vencida o Benfica por 6-3!
E embora na jornada seguinte o União de Lisboa levasse a melhor (4-2, a 24 de Fevereiro), em seguida veio nova vitória frente ao Sporting (1-0, a 10 de Março de 1929).

Aproveitando novo interregno do Campeonato, o Belenenses efectuou nova digressão, a Marrocos (à parte que era colónia francesa – a restante era espanhola), a convite do Clube Português de Marrocos.
Pepe alinhou nos 3 jogos, em que o Belenenses deixou excelente impressão. Como curiosidade, foi Artur José Pereira (que integrava a comitiva) que a convite dos próprios marroquinos arbitrou as partidas em causa…
Eis os resultados e algumas das reacções da imprensa local:

31 de Março de 1929 – Belenenses 1, Union Sportive Marocaine 1
Do jornal “La Vigie”: “os portugueses mostraram-se melhores footballers que os nossos locais e o resultado do encontro, um empate, não representa de nenhuma maneira a fisionomia da partida”

1 de Abril de 1929 – Belenenses 5, Olympique de Rabat (Olympique Marocain) 1
Do “La presse”: “A partida disputada no Estádio Municipal de Aguedel foi esplêndida. Os “azuis” de princípio a fim mostraram a sua táctica impecável.”

2 de Abril de 1929 – Belenenses 4, Club de Football de Fez, 0

Ainda antes desta digressão, Pepe participou em dois encontros da Selecção Nacional (derrota em Espanha por 5-0, a 17 de Março, e derrota em França por 2-0, a 24 de Março) e num encontro “Norte-Sul” que os “sulistas” (com Pepe) venceram por 4-1 (a 3 de Março).

De regresso a Lisboa, regressou também o Campeonato (o de Lisboa, claro). Faltavam apenas quatro jornadas para o final, e nada estava decidido. O Belenenses partia com 7 vitórias, 1 empate e 2 derrotas… mas Benfica, Carcavelinhos e União de Lisboa (e, com hipóteses mais remotas, o Sporting) estavam à espreita.

Contudo, fomos irrepreensíveis… e imbatíveis. A 14 de Abril de 1929, vitória por 3-2 frente ao Palhavã (sucessor do Império); a 21 de Abril, vitória por 8-0 (!) sobre o Casa Pia; a 28 de Abril, nova goleada, 8-0 sobre o Bom Sucesso; e a 12 de Maio de 1929, o jogo do título, em que o Belenenses derrotou o Carcavelinhos por 2-0!
Estava assim conquistado o segundo Campeonato de Lisboa da história do Belenenses!
E a José Manuel Soares coube boa parte dos 54 golos marcados (embora a época seguinte viesse a ser mais espectacular ainda, como veremos), a que corresponderam 37 pontos (recorde-se que para o Campeonato de Lisboa, nestas épocas, a pontuação por jogo era a seguinte: vitória – 3 pontos; empate – 2 pontos; derrota – 1 ponto).

A 5 de Maio de 1929 Pepe participou em mais um encontro “inter-cidades”, entre a selecção militar de Lisboa e a de Madrid (derrota por 2-3).

Dois dias depois (e ainda antes do final do Campeonato de Lisboa, portanto) começaria o Campeonato de Portugal. Seria o Belenenses capaz de conquistar a “dobradinha” (Campeonato de Lisboa + Campeonato de Portugal), que só o Sporting conseguira, por uma vez, em 1922/23? Seria o Belenenses o primeiro clube de Lisboa a conseguir conquistar dois campeonatos de Portugal? (recorde-se que à época o Benfica não havia conquistado nenhum) Seria também o Belenenses apenas o segundo clube a nível nacional a conseguir conquistar dois campeonatos de Portugal? (embora o Porto, o primeiro, tivesse obtido o seu primeiro título na 1ª edição, limitada a Porto… e Sporting).

A primeira eliminatória do Belenenses até foi “fácil”. O adversário (Leiria) não compareceu…
Ainda antes da eliminatória seguinte houve novo Porto-Lisboa, em que o Pepe esteve presente (19 de Maio de 1929, terminando com vitória dos portuenses por 4-3).

A 26 de Maio de 1929, para os oitavos de final do Campeonato de Portugal, o Belenenses eliminou um dos principais concorrentes, vencendo o Benfica por 3-2. Neste desafio o Pepe sofreu entrada duríssima, logo aos 5 minutos, e o Belenenses esteve praticamente o jogo inteiro com apenas 10 elementos!.
A 2 de Junho, nos quartos de final, foi a vez do difícil Carcavelinhos ficar pelo caminho, por 3-1.
O jogo das meias finais, frente ao Setúbal, foi bem difícil, como seria de prever. A 9 de Junho as equipas não foram além de um empate. Mas o jogo de desempate aconteceu logo no dia seguinte (aproveitando o facto de ser feriado), levando o Belenenses a melhor (2-0). O curioso é que ambos os jogos foram em Setúbal, tendo o Belenenses repousado na praia de Albarraquel de um dia para o outro… e aproveitou para incluir o Pepe no 2ª jogo, porque não tinha sido possível no primeiro!

Chegou então a final, realizada a 16 de Junho de 1929, no campo da Palhavã. O adversário era o complicado União de Lisboa, que no entanto não resistiu à superioridade “azul”. Vencemos por 2-1! Um clube com pouco menos que 10 anos de vida, de novo Campeão de Portugal!

Três dias depois, a 19 de Junho, a Direcção do Clube manifesta o louvor aos “duplos” campeões, incluindo o Pepe (e o próprio Artur José Pereira, que era o treinador!).

De realçar o número de jogos disputados nesta época, em especial pelo Pepe (37!). Ao nível de um jogador profissional dos nossos dias…

A época de 1929/30, os "records" e o terceiro Campeonato de Lisboa

A época seguinte (1929/30) viria a ser talvez a melhor época de sempre de José Manuel Soares, que estava ainda mais “maduro”, hábil e astuto. Ele que de aparência nunca deixara de ser um rapazola.

Integrado nas festas do 10º Aniversário do Clube, disputou-se um Belenenses-Barreirense, com derrota por 3-5.
Seguiu-se a Taça Preparação, com uma vitória por 6-2 frente ao Carcavelinhos (22 de Setembro de 1929) e um empate a 3 bolas com o Benfica (a 29 de Setembro de 1929).

O Campeonato de Lisboa, iniciado poucos dias depois, ficou marcado por records… do Belenenses, e do Pepe em especial.
A 27 de Dezembro de 1929, logo na 2ª jornada, o Belenenses venceu o Bom Sucesso por 12 golos a 1, dos quais José Manuel Soares marcou 10! Este é, até hoje, um record imbatido em competições oficiais. Mas vejamos a tabela completa de resultados, onde não faltam os golos (mais que literalmente!):

Casa Pia: 9-1 e 6-1
Bom Sucesso: 12-1 e 11-0
Chelas: 6-1 e 5-1
Benfica: 1-3 e 1-2
União de Lisboa: 7-1 e 7-3
Carcavelinhos: 4-2 e 5-1
Sporting: 1-0 e 4-2

E assim foi conquistado o terceiro título de Lisboa, com a espectacular marca de 79 golos – “record” imbatido da competição.
Por seu turno, Pepe (que foi totalista) marcara 36 golos no campeonato, tornando-se no melhor marcador de sempre; e os 61 golos no total da época, eram também “record”!

A nível de representações internacionais, a época também foi fantástica para José Manuel Soares.
Em 6 de Outubro de 1929, alinhou por Lisboa na vitória por 3-2 frente à selecção de Sevilha. A 1 de Dezembro de 1929, um resultado menos feliz na Selecção Nacional, em Itália (derrota por 6-1).
Nos dois importantes jogos que se seguiram, Pepe foi a estrela. A 12 de Janeiro de 1930 foi um golo seu que deu a vitória frente à poderosa Checoslováquia, num jogo disputado em Lisboa. E a 23 de Fevereiro de 1930, em jogo disputado no Porto, a Selecção Nacional venceu a grandiosa França por 2-0… com dois golos do Pepe!

Resumindo aqueles excelentes resultados, escreveu posteriormente Ricardo Ornelas:
“Duas vitórias seguidas em casa: 1-0, contra a Checoslováquia em Lisboa, à custa dum Roquete enorme e quando aparecia, como capitão um Serra e Moura, inteligente e brioso, cedo levado pela morte; e 2-0 contra a França, no Porto, num desafio em
que Carlos Alves, o das luvas [pai de João Alves], e mais o Pépe, o da boina, encheram o campo”.

Na época de 1929/30 Pepe participou ainda num “Norte-Sul” (a 3 de Novembro de 1929, ganho pelos “sulistas” por 0-2) e num “Lisboa-Porto” militar (venceram os de Lisboa por 5-0, a 20 de Abril de 1930).

A 6 de Abril de 1930 decorreu no Hotel Duas Nações um banquete de homenagem aos campeões de Lisboa. E os campeões eram bastantes – não só da primeira categoria: o Belenenses conquistara o título lisboeta nas categorias de honra (1ª), reservas (2ª) e 2ª categoria (3ª), algo que nenhum clube conseguira até então!
Para além disso, o Belenenses era também o clube com o maior número de jogadores em representação na Selecção Nacional e Selecções Regionais!

O Campeonato de Portugal de 1929/30, no entanto, não viria a ser feliz para as nossas cores.
O formato foi alterado, pois a partir dos oitavos de final as eliminatórias eram decididas a duas “mãos”.
Começámos bem, ao derrotar o Olhanense por 6-0. Na eliminatória seguinte, dos oitavos, empatámos duas vezes com o FC Porto (2-2 e 3-3). O jogo de desempate, em Santarém, ditou a vitória do Belenenses por 2-1.
Nos quartos de final eliminámos o Marítimo, depois de um “nulo” seguido de uma vitória por 2-1.
O Belenenses “caíu” na meia-final, frente ao Barreirense, de forma invulgar e polémica. Depois de um empate (1-1), ficou apurado o Barreirense graças a uma vitória por 3-2 no 2º jogo… sendo que o 3º e decisivo tento foi um auto-golo de um dos nossos…
A polémica “estalou” quando o Belenenses denunciou a inscrição na equipa do Barreiro de um jogador residente na Ajuda (e que por curiosidade também já jogara pelo Belenenses). Pelos regulamentos, ao que parece, os jogadores tinham que residir no distrito da sua equipa. No entanto, não nos foi dada razão (mesmo com recurso ao poder judicial, já então!). Em protesto, Augusto Silva, César de Matos e o “nosso” José Manuel Soares pediram escusa à Federação para o jogo de 8 de Junho de 1930, frente à Bélgica. E, com efeito, não jogaram. Assim sendo, o memorável jogo contra a França acabou por ser o último jogo de José Manuel Soares pela Selecção Nacional…

A época de 1930/31, a última

A época de 1930/31 foi de certa forma “atípica” para os padrões do Belenenses à época de José Manuel Soares. Com efeito, desde a estreia deste na 1ª equipa, só numa época o Belenenses não conseguira conquistar um dos dois grandes títulos (Campeonatos de Lisboa e de Portugal). Nas outras quatro foram conquistados 3 Campeonatos de Lisboa e 2 Campeonatos de Portugal…
Naquela época, porém, o Belenenses ficou em “branco”.

Até começámos bem, com a conquista da Taça de Preparação, vencendo na final o Benfica por 3-2 (depois de eliminar Sporting e Casa Pia).
A vingança “encarnada” chegou a 12 de Outubro, vencendo o jogo de “abertura” por 3-1.

A carreira no Campeonato de Lisboa, em bom rigor, também foi bastante boa (apesar de não termos conquistado o título). O Belenenses terminou em 2º lugar, com 11 vitórias, 1 empate (Sporting) e apenas uma derrota (União de Lisboa)… a um ponto apenas do Sporting, que sagrou-se campeão…

Sporting: 1-0 e 2-2
Benfica: 4-2 e 4-1
União Lisboa: 2-1 e 1-2
Chelas: 6-1 e 4-1
Bom Sucesso: 6-0 e 4-0
Carcavelinhos: 6-1 e 4-0
Casa Pia: 2-2 e 1-0

Repare-se que o Belenenses, com 47 golos, teve o melhor ataque no torneio, uma vez mais…

Ainda em 1930 Pepe participou noutros desafios particulares:
2 de Novembro: Belenenses 4, Carcavelinhos 0 – jogo de beneficência em favor do sanatório do Outão
14 de Dezembro: Belenenses 4, Benfica 2
29 de Dezembro: Belenenses 4, União de Lisboa 2 – jogo de beneficência em favor do Asilo Nun’Álvares, nos cumprimento do contrato de cedência dos terrenos das Salésias.

Em 1931, outros jogos ainda de carácter particular:
31 de Janeiro: Belenenses 3, União de Coimbra 1 – jogo realizado em Coimbra
1 de Março: União de Lisboa 1, Belenenses 3 – jogo comemorativo do 21º aniversário do União de Lisboa
29 de Março: Belenenses 2, Barreirense 2
5 de Abril: Belenenses 1, União de Lisboa 2 – jogo a favor da Federação Portuguesa de Tiro
15 de Maio: Belenenses 1, Misto do Sporting, União de Lisboa e Barreiro 2 – jogo a favor do antigo árbitro Alfredo Pedroso
31 de Maio: Belenenses 4, Boavista 2
10 de Junho: Belenenses 0, Barreirense 2 – disputa da Taça Caridade, que também serviu para fazer esquecer definitivamente os “atritos” da época anterior entre os clubes em causa…

Entretanto, a 22 de Março de 1931 o Belenenses estreou-se na Taça “Lisboa”… e não viria a participar no Campeonato de Portugal dessa mesma época…
Mais um rocambolesco episódio (não é só nos dias de hoje) esteve na origem de tal facto.
Parece que, a propósito de uma visita do Vitória de Setúbal ao Brasil, surgiu um violento diferendo entre a Associação de Futebol de Lisboa, por um lado, e a Federação Portuguesa de Futebol, mais as Associações de Futebol de Setúbal, Porto e Algarve, por outro. Como resultado, a AF Lisboa proibiu todos os seus filiados de realizarem desafios com clubes daquelas associações, o que na prática ditaria a desistência de todas as equipas de Lisboa de participarem Campeonato de Portugal. E, com efeito, Belenenses, Sporting, Carcavelinhos e União de Lisboa não participaram no Campeonato de 1930/31. Os únicos a “furarem” o acordo foram o Benfica (que já agora queria repetir o título, conquistado pela primeira vez apenas na época anterior) e o Casa Pia (em simpatia com o Benfica). Curioso é o facto de que duas das mais fortes formações da própria Associação de Futebol de Setúbal, o Barreirense e o Luso do Barreiro, também não terem participado…

Em compensação, a Associação de Futebol de Lisboa decidiu oferecer a referida Taça Lisboa, a ser disputada pelos clubes que com ela se solidarizaram no conflito com a FPF (incluindo clubes que poderiam ter beneficiado da desistência de outros, mas não o quiseram – como o Chelas ou o Fósforos).

O Belenenses chegou à final depois de eliminar o Fósforos (11-0 e 6-0), o Chelas (3-4 e 4-2) e o Luso do Barreiro (meia-final, por 3-0). No jogo derradeiro, disputado a 14 de Junho de 1931, perdemos frente ao Sporting, por 3-1.

Terminou assim de forma estranha a última época completa de José Manuel Soares ao serviço do Belenenses…

Em termos de selecções regionais, Pepe disputou ainda:
Lisboa-Coimbra, 5-2, a 21 de Dezembro de 1930
Porto-Lisboa, 1-0, a 10 de Maio de 1931
Lisboa-Porto militar, 4-2, a 7 de Junho de 1931
Lisboa-Santarém, 2-1, a 5 de Junho de 1931

O adeus

A 19 de Outubro de 1931, já no início da época 1931/32, disputou-se um Belenenses-Sporting para a Taça Serra e Moura, que vencemos por 1 a zero. Este terá sido o último jogo de Pepe. Ironicamente, Serra Moura – então homenageado – era um jogador famoso do Sporting (companheiro de Selecção do Pepe) que havia falecido prematuramente…

E assim voltamos a início deste texto, onde antecipámos a notícia da trágica morte de José Manuel Soares, o “Pepe” – Campeão de Lisboa e de Portugal, atleta olímpico, internacional por 14 vezes (com 7 golos marcados), cerca de 140 jogos feitos pelo Belenenses!

Morreu com 23 anos, por causa de um estúpido acidente - que desta vez, porém, não detalharei aqui. Homero Serpa e Marina Tavares Dias (depois) compilaram rigorosos relatos do episódio, que recomendo.

A memória de um símbolo do Belenenses

Desta vez, fiquemos apenas com a imagem do garoto campeão… mas sempre humilde.
Mesmo chegando a ser um ídolo por esse país fora, nunca abandonou – nem poderia – o seu ofício. Até aos 19 anos trabalhou como torneiro de metais numa oficina ao pé do Mercado de Belém. Depois, provavelmente com a ajuda de Belenenses (o Presidente João Luís de Moura era aviador naval), foi trabalhar para as oficinas do Centro de Aviação Naval do Bom Sucesso (criado pelo belenense Gago Coutinho – que aliás dali partiu com Sacadura Cabral em 1922 para a travessia do Atlântico Sul).
Nasceu pobre e morreu pobre, naquele dia 24 de Outubro, há três quartos de século atrás.

A morte de Pepe em destaque na Imprensa nacional. Em cima, a foto da sua estreia, em 1926 (é o segundo jogador à direita). No texto principal, pode-se ler: "Morreu o Pepe! A notícia, como todas as más notícias, correu célere, levando a desolação a todo o meio desportivo. Vitimado em circunstâncias dolorosamente trágicas, quando contava apenas 22 [23] anos, quando a sua vida resplandecia no máximo da pujança, José Manuel Soares leva consigo a dor inconsolável dos seus parentes, o pranto comovido e a saudades enorme dos seus companheiros de desporto, e a compaixão sincera de todo o público"

Em sinal de luto profundo, a equipa do Belenenses ostentou fumos pretos durante o resto da época de 1931/32. E assim ficaram para a posteridade, com semblantes de tristeza, os que já sem o Pepe conquistaram o quarto campeonato de Lisboa (precisamente o de 1931/32), entretanto a ele dedicado.

Por ocasião do 13º Aniversário do Clube (em 1932) foi descerrado nas Salésias o monumento em honra de José Manuel Soares, um belo e sóbrio baixo-relevo da autoria do famoso mestre-escultor Leopoldo de Almeida. Em 1956, na sequência do abandono forçado das Salésias e após a inauguração do Estádio do Restelo, o monumento foi trasladado para o novo recinto, sendo descerrado na sua nova localização a 1 de Dezembro de 1956, onde ainda hoje o encontramos.
O próprio campo das Salésias, na mesma altura (1932), recebeu o seu nome. Mais tarde, como o melhor recinto do País, passaria a ser conhecido como “Estádio José Manuel Soares”, até ao seu abandono.

Em 1983 o Grupo “Os Mil” instituiu os troféus “Pepe”, para distinguir os mais dedicados e notáveis Belenenses do ano (foram entregues em 28 de Maio de 1983). Iniciativa efémera, porém (seguiram-se os “Amaros”, e depois…).

O conceituado cronista desportivo Severiano Correia descreveu assim José Manuel Soares:
“Era de facto um jogador extraordinário! Irrequieto e franzino, dentro do rectângulo era um elemento que chamava as atenções do público. Chutador por excelência, de uma combatividade extraordinária, constituía perigo para qualquer defesa, por muito valiosa que fosse. Era o menino mimado das gentes de Belém, de tal modo que nem com uma rosa se lhe poderia bater — expressão do seu mestre Artur José Pereira.”

Severo Tiago, também ele jogador do Belenenses, diria décadas mais tarde acerca do Pepe: “Hoje esse fenómeno valeria milhões de contos”.

E digo eu: José Manuel Soares, o nosso “Pepe”, não foi “apenas” um rapaz com má fortuna, um pobre desgraçado que desapareceu deste mundo de forma trágica e comovente. Esse foi o fim absurdo de uma carreira brilhante, a de um rapaz talentoso, dedicado, bondoso, generoso, que com todas essas virtudes conseguiu conquistar gentes pelo País fora (e até pelo estrangeiro).
Foi o primeiro ídolo do futebol português, embora tivesse sucedido a grandes nomes, como Artur José Pereira (cuja fama como jogador dificilmente ultrapassou o meio) e embora faltassem ainda décadas para o aparecimento dos chamados “mass-media”. Contudo, o crescente interesse da imprensa, pela primeira vez, “fabricou” uma autêntica lenda.

Pepe foi quase tudo o que um jogador famoso pode ser. Excelente na sua “arte”, imitado pelos miúdos de todas as terras por onde passava, querido e invejado entre as moças, respeitado pelos colegas, venerado pelos adeptos…
Porém, não era rico, nem vaidoso, mas tinha um amor à camisola como o amor à sua terra: entranhado!
Será coisa do passado, como os vários títulos conquistados. Mas a vontade de vencer, a entrega – em cada jogo, como no “quarto de hora”, ou na sua vida, até ao último dia – são imortais.

Até sempre, Pepe!

Texto inicialmente publicado no blogue Canto Azul ao Sul (2006)

Nota adicional: Um jogador como Pepe não se esquece facilmente, mesmo que haja quem faça por isso. Ainda no outro dia foi notícia o facto de Makukula ter sido o 35º jogador a conseguir marcar na sua estreia pela Selecção. O Maisfutebol, aproveitando a deixa, publicou a lista dos 35, da qual reproduzo os 6 primeiros, pois o nosso Pepe foi precisamente o sexto (enquanto Severo Tiago, também nosso, foi o quinto):

Golos dos estreantes:
Jogo 1. Alberto Augusto (Espanha, 1-3)
Jogo 2. Jaime Gonçalves (Espanha, 1-2)
Jogo 6. João Santos (Checoslováquia, 1-1)
Jogo 8. José Manuel Martins (Hungria, 3-3)
Jogo 8. Severo Tiago (Hungria, 3-3)
Jogo 9. Pepe (França, 4-0)

Faltou referir porém algo que distingue o Pepe dos restantes. É que foi o primeiro marcar não um, mas dois golos no jogo de estreia! Aliás são ainda poucos (três!) os que repetiram tal proeza, ainda menos contra um adversário tão valoroso. São eles:
João Cruz (1938, vitória frente à Hungria), Ben David (1950, derrota frente à Inglaterra) e Francisco Palmeiro, que detém o "record", pois marcou três (1956, frente à Espanha).