Quando o Zé Pedro não dá para tudo
Jogo estranho aquele a que assistimos ontem no Restelo - e não tanto pelo resultado que é em boa parte fruto da excelência de calendário que o país futebolístico observa. Já poucos se lembravam, craques incluídos, que na jornada anterior tinha o Belenenses marcado quatro golos no Bessa...
A verdade é que a equipa entrou mal, com inúmeros desacertos especialmente do lado direito, onde Amaral denotou alguma falta de ritmo e de confiança associado a um Mendonça, cuja titularidade aplaudo a mãos ambas mas que parece algo ansioso na esperança de mostrar trabalho ao treinador. Um jogo morno em que na segunda parte, e muito em resultado da entrada de Cândido Costa, o Belenenses pareceu, a espaços, capaz de levar o barco a bom porto não fossem dois falhanços cujo inêxito Pedro Roma ainda agora não saberá explicar.
Duas notas, uma positiva e outra não tanto: a "nota mais" para Zé Pedro que durante 90 minutos deu mostras de querer levar a equipa às costas. À exibição do nosso camisola 11, que bem teria assentado o golo a um remate-chapéu que na segunda metade quase nos valia os três pontos. Há jogadores assim, com manifesta dificuldade em jogar mal. Já a nota negativa terei que a endossar desta feita a Jorge Jesus. A extraordinária troca de Silas por Fernando não lembra de facto a ninguém...
Certo, certo... é que na época passada - a tal que já não se vivia em Belém há uma data de tempo -, por esta altura, o Belenenses somava exactamente o mesmo número de pontos. E com a equipa a crescer em relação aos primeiros jogos, assim o mister desencante um Dady - quantidade não falta... - e haverá razões para sorrir.
Aspecto não menos relevante a tomar em consideração é o da assistência. Sou fraco a avaliar estas coisas a "olhómetro" mas, visto de baixo, quer parecer-me que o lado dos sócios, apesar da obscenidade do preço do bilhete, estava bastante mais composto do que é habitual. Será efeito das "cinco da tarde"? Admito que sim. Já a rapaziada da Briosa - que daqui saúdo! - faltou à chamada. Para quem passa a vida a queixar-se dos dias e dos horários dos jogos, é estranho.
Acrescente-se que ao intervalo o Restelo viveu uma festa simples mas bem bonita, mostrando-nos uma fila cheia de campeões e internacionais, alguns deles de mui tenra idade. Como dizia o cartaz de fundo, "os melhores atletas são do Belenenses" - e é certo que quem tem os melhores atletas tem futuro.
Nota final para a ausência da Fúria Azul na primeira parte do desafio. Não sei se na televisão foi perceptível, mas qualquer pessoa que tenha estado no Restelo verificou a diferença de ambiente entre os dois meios tempos, aquele em que houve protesto e aquele outro em que houve claque. Registo-o, apenas para o caso de alguém que eventualmente pudesse ter dúvidas...