Notas soltas sobre a Assembleia Geral
Cerca de 24 horas depois da Assembleia Geral que ontem levou ao Restelo mais de 300 associados - bom número de sócios e, estranhamente, muita polícia montada em viaturas de todo o tipo...! -, é hora de aqui deixar meia dúzia de impressões pessoais sobre a magna reunião - e que por serem pessoais naturalmente me vinculam apenas a mim.
Começo, a par de salientar a excelente condução da sessão por parte do Prof. José Manuel Anes, por dizer que me abstive na votação final - o que é curioso na medida em que entrei no Pavilhão Acácio Rosa com a intenção de votar favoravelmente o pedido de empréstimo assim me fossem explicadas algumas coisas simples. Mas, salvo melhor opinião e tirando o clima criado pela intervenção inicial do presidente Fernando Sequeira, não foi apresentado rigorosamente nada de concreto (salvo a assinatura de um protocolo que saúdo, mas já lá vamos), nenhum plano de acção.
Na verdade, a coisa foi posta nestes exactos termos: "sem a aprovação desta proposta, o clube pára", numa espécie de revivalismo daquela velha máxima do "eu ou o caos". E isto porque embora não haja contas, nem resultados de auditoria, nem orçamentos, se optou por uma (quanto a mim inacreditável) mistura entre os dados da SAD e os do Clube, debitando uns números (ou convicções, para ser mais preciso) que ajudam a criar o clima de estado de necessidade de recurso à banca mas que não permitem com exactidão perceber o que é que está a falhar e em que sítio. Aliás, eu pessoalmente aguardo com especial interesse a apresentação das contas da SAD, o que certamente ajudará a entender onde estão os reais problemas financeiros do Belenenses.
Diga-se em abono da verdade que a maior parte das críticas ao Engº Fernando Sequeira, a partirem de um dos mini-grupos que aliás com convicção de obrigatoriedade se opunham à gestão de Cabral Ferreira, foram muito fraquinhas - permitindo claramente ao Engº Sequeira, aí sim, obter algum brilho nas respostas. E assim se explica, em linhas gerais, que a proposta apresentada - e que o Conselho Fiscal desconhecia nos seus contornos - tenha sido aprovada por cerca de 85% de associados. Quanto a mim, não tenho, como já disse, grande receio dos "danos" da sua aprovação: a ideia do empréstimo em si e a apresentação de garantias reais parecem-me actos de gestão normais e aceitáveis, mesmo que os seus efeitos ultrapassem o mandato dos actuais corpos sociais. A este respeito, acho relevante referir que o consócio João Almeida desafiou o presidente a anunciar aos sócios dispostos a apoiá-lo que, por esse efeito, se dispusesse a garantir que daqui por um ano se recandidataria às funções agora exercidas. Que eu ouvisse, não obteve resposta favorável.
Ainda no campo dos consócios que mais directamente participaram, duas últimas notas: quem esteve no Acácio Rosa assistiu a uma grande intervenção da dra. Regina Cabral Ferreira. Por uma vez, ontem à noite, aplaudi de pé. É que, com efeito, é bom que se tenha a noção de que existem valores como o direito à honorabilidade e ao bom-nome que, num emblema como o Belenenses, devem ser respeitados. Como aliás mais tarde lembrou o dr. Miguel Ferreira, ex-administrador da SAD publicamente louvado pelo Engº Sequeira, se existem suspeitas de "gestão danosa", qualquer belenense que se tenha na conta de uma pessoa séria só tem um caminho a seguir: apresentar de imediato queixa no Ministério Público para que as responsabilidades sejam apuradas até às últimas consequências, doa a quem doer. O que é intolerável é o caminho do constante boato, das insinuações e das meias verdades, o caminho do que a audiência deseja ouvir, para que depois se recue quando directamente confrontado com as mesmas. Parece-me inaceitável lançar a confusão para depois se lhe seguir uma conversa do tipo "ah... e tal... são só actos de gestão de que eu discordo".
Adiante. Três notas finais: pareceu-me claro, e oxalá me engane, que Jorge Jesus não continuará no Belenenses. Não sei se o Engº Sequeira se apercebeu disso (ou até se fez de propósito), mas o próprio tempo verbal que utilizou - "foi", "era"... - quererá dizer alguma coisa; em segundo lugar, e aqui de há muitos anos que concordo em absoluto com o que foi enunciado pelo presidente, poderá finalmente haver algum bom-senso em relação às modalidades-amadoras-mas-que-afinal-são-profissionais. Ao que foi dito, estão a ser elaborados orçamentos por modalidade, todos eles partindo da base zero, com os dirigentes a dar o tudo por tudo para tentar conseguir patrocínios capazes de cobrir as despesas. Foi dito que se essas verbas não aparecerem compremetendo a sustentabilidade dessas modalidades, não haverá hesitações em cortar o mal pela raíz. Parece-me medida avisada. Por fim e respondendo a uma questão do consócio José António Nóbrega, que já havia denunciado a situação no Belém Livre, o presidente garantiu que um protocolo com os Pescadores da Costa da Caparica será assinado no próximo domingo, no mesmo dia em que a equipa de futebol do Belenenses ali se deslocará para um amigável. Boas notícias, portanto - eventualmente sinal comprovativo de que a Direcção lê blogues, tanto mais que os ditos foram mencionados na primeira intervenção do presidente!
E por aqui me fico, que isto já não vai curto. Para rematar e embora seja manifesto que ele não precisa, permito-me deixar um conselho ao Engº Fernando Sequeira, tique de quem já viu largas dezenas de assembleias gerais em sectores de actividade de todo o tipo. Tem a ver com o estilo, ou com o tipo de registo como agora se diz. A disponibilidade para dizer apenas o que a audiência quer ouvir não é necessariamente o melhor caminho. É que não sendo isto uma empresa cotada em que todos os accionistas estão interessados na valorização do seu investimento, mas antes um clube de futebol com fins exclusivamente desportivos, estas coisas mudam a cada pontapé que vai à trave, a cada grande penalidade que fica por assinalar - e contra nós são tantas...! Nessa altura, os mesmos que aplaudem hoje são por via de regra os primeiros a pedir contas amanhã. Vem tudo n' "A Rebelião das Massas", de nuestro hermano Ortega y Gasset.
Começo, a par de salientar a excelente condução da sessão por parte do Prof. José Manuel Anes, por dizer que me abstive na votação final - o que é curioso na medida em que entrei no Pavilhão Acácio Rosa com a intenção de votar favoravelmente o pedido de empréstimo assim me fossem explicadas algumas coisas simples. Mas, salvo melhor opinião e tirando o clima criado pela intervenção inicial do presidente Fernando Sequeira, não foi apresentado rigorosamente nada de concreto (salvo a assinatura de um protocolo que saúdo, mas já lá vamos), nenhum plano de acção.
Na verdade, a coisa foi posta nestes exactos termos: "sem a aprovação desta proposta, o clube pára", numa espécie de revivalismo daquela velha máxima do "eu ou o caos". E isto porque embora não haja contas, nem resultados de auditoria, nem orçamentos, se optou por uma (quanto a mim inacreditável) mistura entre os dados da SAD e os do Clube, debitando uns números (ou convicções, para ser mais preciso) que ajudam a criar o clima de estado de necessidade de recurso à banca mas que não permitem com exactidão perceber o que é que está a falhar e em que sítio. Aliás, eu pessoalmente aguardo com especial interesse a apresentação das contas da SAD, o que certamente ajudará a entender onde estão os reais problemas financeiros do Belenenses.
Diga-se em abono da verdade que a maior parte das críticas ao Engº Fernando Sequeira, a partirem de um dos mini-grupos que aliás com convicção de obrigatoriedade se opunham à gestão de Cabral Ferreira, foram muito fraquinhas - permitindo claramente ao Engº Sequeira, aí sim, obter algum brilho nas respostas. E assim se explica, em linhas gerais, que a proposta apresentada - e que o Conselho Fiscal desconhecia nos seus contornos - tenha sido aprovada por cerca de 85% de associados. Quanto a mim, não tenho, como já disse, grande receio dos "danos" da sua aprovação: a ideia do empréstimo em si e a apresentação de garantias reais parecem-me actos de gestão normais e aceitáveis, mesmo que os seus efeitos ultrapassem o mandato dos actuais corpos sociais. A este respeito, acho relevante referir que o consócio João Almeida desafiou o presidente a anunciar aos sócios dispostos a apoiá-lo que, por esse efeito, se dispusesse a garantir que daqui por um ano se recandidataria às funções agora exercidas. Que eu ouvisse, não obteve resposta favorável.
Ainda no campo dos consócios que mais directamente participaram, duas últimas notas: quem esteve no Acácio Rosa assistiu a uma grande intervenção da dra. Regina Cabral Ferreira. Por uma vez, ontem à noite, aplaudi de pé. É que, com efeito, é bom que se tenha a noção de que existem valores como o direito à honorabilidade e ao bom-nome que, num emblema como o Belenenses, devem ser respeitados. Como aliás mais tarde lembrou o dr. Miguel Ferreira, ex-administrador da SAD publicamente louvado pelo Engº Sequeira, se existem suspeitas de "gestão danosa", qualquer belenense que se tenha na conta de uma pessoa séria só tem um caminho a seguir: apresentar de imediato queixa no Ministério Público para que as responsabilidades sejam apuradas até às últimas consequências, doa a quem doer. O que é intolerável é o caminho do constante boato, das insinuações e das meias verdades, o caminho do que a audiência deseja ouvir, para que depois se recue quando directamente confrontado com as mesmas. Parece-me inaceitável lançar a confusão para depois se lhe seguir uma conversa do tipo "ah... e tal... são só actos de gestão de que eu discordo".
Adiante. Três notas finais: pareceu-me claro, e oxalá me engane, que Jorge Jesus não continuará no Belenenses. Não sei se o Engº Sequeira se apercebeu disso (ou até se fez de propósito), mas o próprio tempo verbal que utilizou - "foi", "era"... - quererá dizer alguma coisa; em segundo lugar, e aqui de há muitos anos que concordo em absoluto com o que foi enunciado pelo presidente, poderá finalmente haver algum bom-senso em relação às modalidades-amadoras-mas-que-afinal-são-profissionais. Ao que foi dito, estão a ser elaborados orçamentos por modalidade, todos eles partindo da base zero, com os dirigentes a dar o tudo por tudo para tentar conseguir patrocínios capazes de cobrir as despesas. Foi dito que se essas verbas não aparecerem compremetendo a sustentabilidade dessas modalidades, não haverá hesitações em cortar o mal pela raíz. Parece-me medida avisada. Por fim e respondendo a uma questão do consócio José António Nóbrega, que já havia denunciado a situação no Belém Livre, o presidente garantiu que um protocolo com os Pescadores da Costa da Caparica será assinado no próximo domingo, no mesmo dia em que a equipa de futebol do Belenenses ali se deslocará para um amigável. Boas notícias, portanto - eventualmente sinal comprovativo de que a Direcção lê blogues, tanto mais que os ditos foram mencionados na primeira intervenção do presidente!
E por aqui me fico, que isto já não vai curto. Para rematar e embora seja manifesto que ele não precisa, permito-me deixar um conselho ao Engº Fernando Sequeira, tique de quem já viu largas dezenas de assembleias gerais em sectores de actividade de todo o tipo. Tem a ver com o estilo, ou com o tipo de registo como agora se diz. A disponibilidade para dizer apenas o que a audiência quer ouvir não é necessariamente o melhor caminho. É que não sendo isto uma empresa cotada em que todos os accionistas estão interessados na valorização do seu investimento, mas antes um clube de futebol com fins exclusivamente desportivos, estas coisas mudam a cada pontapé que vai à trave, a cada grande penalidade que fica por assinalar - e contra nós são tantas...! Nessa altura, os mesmos que aplaudem hoje são por via de regra os primeiros a pedir contas amanhã. Vem tudo n' "A Rebelião das Massas", de nuestro hermano Ortega y Gasset.