Ir à Guarda e não ver nem um golo do Belém...
É desnecessário dizer que a participação do Belenenses na final four da Taça de Portugal em futsal foi uma desilusão, maior ainda para quem se deslocou à Guarda na expectativa de ver os nossos briosos rapazes erguerem o tão ambicionado troféu.
O tempo na habitualmente fria cidade esteve sempre agradável durante os quatro dias da minha estadia, chegando aos vinte graus a meia da tarde. O local dos jogos foi o Pavilhão de São Miguel, obra nova que deixa muito a desejar em termos de condições para os espectadores: à vontade um bom metro da largura do campo não é visível em NENHUM local da bancada, pois esta está pouco afastado do terreno de jogo. Este, por sua vez, é igual ao do pavilhão de Loures, local habitual dos jogos de um dos candidatos à vitória no troféu... Também a lotação é mínima: pouco menos de setecentos lugares, não contando com algumas filas (as únicas com boa visibilidade) reservadas às equipas que aguardavam o seu jogo (ou que já tinham jogado) e aos convidados. Já a organização também deixou a desejar, não havendo qualquer cuidado em concentrar os adeptos nos sectores que lhes estavam destinados, criando-se desnecessários desaguizados entre os adeptos dos dois clubes de Lisboa (escuso de dizer quais eram os que estavam fora do seu sector).
O primeiro encontro serviu para evidenciar as diferenças entre uma equipa crónica candidata ao título (e já com duas taças no bornal), a Fundação Jorge Antunes, e o recém regressado à elite nacional, o Modicus de Sandim. Os 4-0 finais foram penalizadores para os briosos gaienses e para os seus apaniguados, que vieram em bom número.
Em maior número ainda (cerca de 150) estiveram os adeptos da Cruz de Cristo, os únicos que deram à sua equipa um apoio merecedor desse nome, incentivando-a ao longo dos 40 minutos. O jogo entre Belenenses e Sporting foi, em bom português, chato, jogado quase sempre num ritmo reduzido, com as equipas a arriscarem muito pouco. No início os verdes tiveram algum ascendente mas dois ou três contra-ataques dos azuis retraíram a equipa leonina.
O tempo foi passando, o entusiasmo do público foi arrefecendo e o intervalo foi um alívio para os espectadores. Na segunda parte nada de novo até ao golo da vitória: perda de bola de Paulinho no meio campo, rápido contra-ataque do Sporting e Alex a ludibriar Marcão com categoria. Faltavam jogar dez minutos e o Sporting recuou um pouco mas o Belenenses continuou a criar pouco perigo, exceptuadas algumas jogadas de Marcelinho, o mais esclarecido na nossa equipa. João Benedito, brilhante, esteve sempre à altura das situações. Já com Marcão a jogar no meio campo sportinguista o Belenenses deu o tudo por tudo mas nunca houve aquele golpe de asa que permitisse levar o jogo a prolongamento.
A vitória encaixa bem ao Sporting, equipa mais experiente e matreira, em contraste com a jovem equipa belenense, de que é exemplo a fatal perda de bola de Paulinho, jogador que não merecia tamanha desfeita pelo empenho que põe em todos os jogos em que actua.
Do lado azul só Marcelinho esteve ao seu nível, seguindo-se-lhe Marcão, com três boas intervenções no 1X1 e uma fífia que rapidamente corrigiu. Todos os outros estiveram furos abaixo do que sabem e mostraram que não é fácil a uma equipa quase nova, com alguns jogadores sem experiência de I Divisão, controlar a ansiedade e superar a pressão dos jogos decisivos. É esse o risco que corremos igualmente no playoff, fórmula que premeia equipas mais rodadas e castiga outras que o não são tanto, mesmo se técnica e tacticamente não fiquem atrás daquelas.
Quem sabe se esta derrota não dá algum calo aos nossos rapazes e os habilita a jogar com mais serenidade as decisvas partidas que aí vêm. Se assim fosse não daríamos por totalmente frustrante este fim de semana do nosso futsal.
Parabéns ao Sporting pela vitória. Uma equipa que elimina sucessivamente o Benfica, o Freixieiro, o Belenenses e a Fundação (as melhoras equipas nacionais a par do próprio Sporting) só pode ter mérito na conquista.
Uma última palavra de agradecimento ao Luís Silva, inexcedível na disponibilidade que teve em tratar dos bilhetes a quem, como eu, não integrou o programa oficial de viagem. E foi ele também quem mais consolou o desalentado Paulinho no fim da partida. Um bem-haja, Luís.