Liga (ainda?) não deduziu acusação ao Belenenses
Notícia Expresso online:
O "passaporte" de Meyong, recebido pela Federação Portuguesa de Futebol (FPF), tem apenas a inscrição de um clube nesta época, facto conhecido por Belenenses e Liga, que ainda não deduziu a acusação no processo pela alegada utilização incorrecta do camaronês.
Fonte do gabinete de comunicação da FPF confirmou à Agência Lusa a recepção do "passaporte" de Meyong, enviado pela Federação Espanhola (RFEF), e que no documento está registada uma inscrição no Levante em 2006/07 e outra no Albacete nesta temporada.
O documento, que é obrigatório no processo de inscrição, juntamente com o certificado internacional, tem também inscrito pela RFEF a "transferência para Portugal", não mencionando, contudo, o clube.
O facto de o documento não referir nenhuma inscrição esta temporada no Levante poderá ser justificada por a Federação Espanhola (RFEF) considerar apenas o início do contrato que liga o futebolista ao clube espanhol.
De acordo com a mesma fonte, o "passaporte" prova que "o jogador está correctamente inscrito" e que a questão da utilização do futebolista "não diz respeito" à FPF.
"O jogador, para nós, cumpre todos os requisitos. O 'passaporte' reforça ainda mais a posição da Federação, porque só faz constar uma inscrição esta época. Não cabe à Federação investigar o passado de todos os jogadores que são inscritos", referiu.
A legalidade da utilização do camaronês no jogo da 16ª jornada do campeonato com a Naval 1º de Maio, em que marcou o golo da vitória (2-1), tem de ser avaliada, segundo a mesma fonte, pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, em coordenação com a sua homóloga espanhola.
Meyong jogou 12 minutos pelo Levante na primeira jornada da Liga espanhola e depois foi emprestado ao Albacete, alinhando em jogos da II Divisão, antes de representar o Belenenses, em desrespeito pelos regulamentos da FIFA, que autoriza a inscrição de um jogador em três clubes numa só época, mas apenas permite que alinhe em dois.
A fonte do gabinete de comunicação da FPF adiantou ainda que o principal objectivo do "passaporte" é saber os clubes nos quais os jogadores estiveram inscritos desde os 12 anos, para facilitar o pagamento das indemnizações solidárias.
O Belenenses teve acesso ao "passaporte" somente na semana passada, constatando que o documento de Meyong apenas tem um registo nesta temporada.
Ainda assim, o processo aberto pela Liga, depois de queixa apresentada pela Naval 1º Maio, encontra-se em fase de instrução, após o qual a Comissão Disciplinar decidir-se-á pela dedução da acusação ou pelo arquivamento, sem qualquer penalização para o clube.
Se se entender haver matéria para formular a acusação, com base em infracção ao Regulamento Disciplinar, o Belenenses, que incorre numa penalização de perda de seis pontos na Liga, terá de apresentar a sua argumentação antes de ser produzida uma decisão final.
No âmbito do inquérito que está a decorrer, Carlos Janela, demitido das funções de director-desportivo, e Meyong já foram ouvidos por um elemento da Comissão Disciplinar.
Mas a inquirição apenas se resumiu à recolha de elementos probatórios que permitirão à Comissão Disciplinar avaliar os factos.
No entanto, o Belenenses ainda não foi solicitado pela Comissão Disciplinar da Liga nesta fase de instrução, devendo ser convocado somente depois da dedução da acusação.