domingo, 16 de dezembro de 2007

Vitória sem espinhas



Um Belenenses desfalcado (super-desfalcado na segunda metade) deu hoje um verdadeiro banho de bola a um Benfica que se apresentou no Restelo "na sua máxima força", conforme apregoavam antes do desafio todas as gazetas lusas. E mesmo assim, o que vimos foi uma grande vitória... num jogo sem história, a não ser a nota de que não perdemos para a Liga desde 23 de Setembro, vai para 3 meses. Na verdade, não há lugar a grandes análises ou dissertações quando apenas uma das equipas procura a vitória e mostra qualidade bastante para a conseguir. Os 94 minutos resumem-se a isto: primeira parte em que André Luiz devia ter sido expulso ainda nos primeiros momentos por carga à entrada da área sobre Roncatto que só mesmo o árbitro logrou não ver; duas oportunidades flagrantes para o Belém, desperdiçadas por Silas e Rodrigo Alvim; e mais de 60% de posse de bola - o que fala por si. Na segunda metade, associando ao banho de bola um banho táctico de Jesus sobre Camacho (já tinhamos saudades...!), o Belenenses tentou oferecer a iniciativa de jogo ao clube do regime por forma a aproveitar o contra-ataque em que, quando queremos, somos realmente perigosos. O corolário da coisa foi um golo monumental de Weldon - este rapaz faz-se! -, a que se somaram mais uma série de oportunidades que mais uma vez evidenciaram as nossas dificuldades de concretização. E não há nada mais a acrescentar, para além de registar que se o árbitro estava cheio depressa para o intervalo - a ponto de não permitir a marcação de um canto bem conquistado pelo ataque azul -, já para terminar a contenda... deve ter falhado a pilha ao relógio do apito encarnado, corria o minuto 94. Adiante, que sobre o jogo não há mais nada digno de nota tal a superioridade da casa.
Dê-se agora lugar à filosofia e ao treinador de bancada que existe em cada um de nós: porque não jogamos sempre assim? Porque não mostramos a mesma "pica" - que não deixa de ser, também ela, profissionalismo - quando os jogos são tidos como "menores"? Porque é que umas vezes a equipa joga manifestamente cheia de concentração e outras tantas mostra uma desplicência confrangedora? Não tenho respostas exactas mas resta-me a consolação de saber que Jorge Jesus também já deve ter reparado que é preciso equilibrar aquelas cabeças, nivelar por cima - assim ele abandone aquela conversa dos "dez primeiros".
Acrescente-se o óbvio, mas que volta e meia parece esquecido: sem desmerecer da conquista, como é evidente, isto ontem só valeu 3 pontos e ganhar ao Benfica - a este Benfica "na sua máxima força" - não é feito extraordinário. Disso está a nossa história cheia até cima, transborda vitórias ao milhafre. Um feito digno do meu maior registo, isso sim, seria vencer no D. Afonso Henriques no próximo sábado. É com essa vitória (nada impossível) que os 3 pontos de ontem ganham um valor tremendo. Como isto parece funcionar por capitais de confiança, era meio caminho andado para nova UEFA.
Ah, antes que me esqueça: Silas e Zé Pedro em dia sim são o que nós sabemos; juntando-lhes este Hugo Leal sem problemas físicos...