Perspectivas negras
Pior do que perder jogos em série é não se verem perspectivas de melhoria; e quando um treinador, ao fim de um mês de trabalho, continua a fazer experiências, mal vamos.
Desde o início que se percebeu que dificilmente o Marítimo não sairia do Restelo com os 3 pontos; não foi só o remate de Djalma - um verdadeiro terror para a nossa defesa - ao poste, aos 40 segundos (!), mas também:
- a opção por Rodrigo Arroz, após dois meses de inactividade;
- a colocação de Vinicius no banco, após alguns bons jogos que faziam prenunciar o regresso à boa forma que agradou aos sócios na pré-época;
- e, claro, a disposição atacante dos maritimistas e a sua notória excelente organização, a par de uma grande confiança no seu valor, em contraste com o que se passa(va) do lado azul.
Por isso, a partida mostrou um Belenenses esforçado e até construindo algumas boas jogadas - com destaque para o inconformado Roncatto, cujo défice de finalização contrasta em absoluto com a sua vontade em fazer balançar as redes adversárias - e um Marítimo confiante de que iria para casa com mais uma vitória, explorando o contra-ataque com classe e ameaçando amiúde a nossa defesa, que não mostrou mais uma vez categoria para um primeiro escalão. E, com a escola Pacheco a começar a mostrar as suas garras, vai alegremente somando cartões a um ritmo de uma equipa de caceteiros. É trágico quando se confunde vontade e determinação com agressividade em excesso; o resultado está à vista: não é por aí que deixamos de sofrer golos (dois em cada uma das últimas partidas - como nas três primeiras jornadas, onde, no entanto, nos deslocámos ao Dragão e a Alvalade) e os cartões ameaçam várias supensões nos próximos tempos.
Em conclusão, resultado exagerado pelas ocasiões de que o Beleneses desfrutou na segunda parte - mas as magistrais exibições de Marcos no Restelo continuam a ser uma constante - mas vitória certa da melhor equipa. Neste momento está à vista que o factor chicotada já se esvaíu e que as lacunas do plantel, a par de erradas decisões tácticas e de escalonamento de jogadores, sobressaem novamente - e cruelmente.