quarta-feira, 26 de novembro de 2008

De bestiais a bestas

São muito tipicamente portuguesas boa parte das reacções que se observam no rescaldo do desafio do Bonfim, um pouco na linha da célebre passagem "de bestiais a bestas". Permitam-me que não vá por aí: nem a equipa era fantástica após a vitória frente à Académica, nem passou a ser a absoluta miséria que se pretende fazer crer após a derrota de Setúbal. Como aqui tenho referido com regularidade - não levem a mal que puxe os galões quando me parece ser caso disso -, o Belenenses em versão 2008/09 dispõe de um plantel desequilibrado, com lacunas várias e espantosamente mal reforçado (mesmo quando a propaganda só via vedetas onde o bom senso observava cepos). Espera-nos por isso uma época difícil, que será muito provavelmente de sofrimento e em que o apoio dos adeptos pode desempenhar papel importantíssimo - conforme ocorreu na recepção à Briosa.
Isto dito, ocorre-me considerar que o flash-interview de Jaime Pacheco diz tudo sobre o jogo: oferecemos 45 minutos ao adversário, o que é de todo inadmissível, e quando quisemos correr atrás do prejuízo - metendo a carne toda no assador como diria o Quinito -, já o prestimoso trio de arbitragem havia visto uma batalha campal que terá motivado a amostragem do amarelo a todo o nosso bloco defensivo, condicionando-lhe claramente a actuação.
Em resumo, parece-me que se a primeira parte é pouco mais do que miserável já na segunda o Belém mostrou que poderia sem grande dificuldade (mas com 90 minutos de luta), ter saído com pontos da cidade do Sado. Pontos que, espera-se - tanto mais que este ano todos eles são imprescindíceis -, poderão ser conquistados em casa já no próximo sábado, numa recepção ao Marítimo que será muito mais complicada do que pode parecer à primeira vista mas em cujo êxito eu acredito piamente - e com Pacheco até acredito a dobrar.
Termino tocando "no ponto", o tal da falta de atitude mencionada (e bem) pelo técnico e que de imediato encontrou forte eco na cada vez mais na moda crucificação de Silas e Zé Pedro - mal comparando, um pouco na linha do que sucedia no ano passado em Barcelona com Samuel Eto'o (com os resultados que aliás se conhecem), passando ao lado das críticas alguns endeusados recentes que, a bem dizer, até já nos devem alguns pontos. Não espanta que seja assim num emblema habituado a dar tiros nos pés; mas já espanta, apesar de tudo, que boa parte dos adeptos pareça não querer entender que há jogadores que, bons ou maus (e no caso até são bons), são de momento símbolos do clube - aqueles que apesar de tudo são capazes de captar a atenção dos nossos adeptos mais pequenos, sem os quais o clube morrerá um desses dias por falta de quórum. Nesse dia, a que esperamos não assistir, podem crer que vamos ter muitas saudades do Silas e do Zé Pedro.
E agora adiante, que no sábado há três pontos para conquistar.