domingo, 17 de agosto de 2008

Brincar ao futebol

Começa a ser um hábito que no Restelo, antes do jogo, tenhamos sempre um motivo para sorrir de espanto. Se na semana passada não era possível pagar quotas, hoje a surpresa era outra: ao bater das 17 horas, lá liquidei o débito respeitante a três cartões. Coladas as quotas, dirigia-me ao interior do Estádio pela escadaria de acesso à Loja Azul quando, ao passar as grades de entrada, fui barrado por 3 agentes da PSP: "Que não, que ainda não se podia entrar"! Eram 17h10, faltavam 50 minutos para o início do jogo e, aparentemente, algumas dezenas de sócios ali aguardavam à sombra (possível) por uma qualquer autorização de um supervisor da Prosegur. Curiosamente, havia sócios dentro do recinto (visto que o problema não afectava outras portas), mas por aquele lado nem pensar. Lá esperámos, comodamente de pé e ao sol, a ordem que chegou a 40 minutos do começo da partida. Quem quer assistir a um espectáculo futebolístico com comodidade, já sabe: é no Restelo...
E espectáculo é como quem diz - que o Silas bem tem andado a avisar quem o queira ouvir. Que a equipa não joga nada já se tinha constatado há uma semana; mas que é sempre possível bater mais fundo ficou hoje provado. Estranho que com cerca de um mês e meio de treinos não haja a mais pequena sombra de fio de jogo ou de ligação entre os diversos sectores da equipa; como estranho, e aí muito mais, que sendo possível actuar com um meio-campo à base de jogadores do ano passado, se venha inventando uma estrutura em que nenhum deles - talvez com a honrosa excepção de Gabriel Gómez - consegue perceber o que anda a fazer em campo. A espaços, fica-se até com a sensação de que Zé Pedro estava incumbido de jogar invariavelmente fora da sua posição! E para terminar, ainda dá tempo para estranhar não apenas a extraordinária falta de velocidade do nosso "jogo" como ainda o medo que aquela rapaziada tem de fazer um remate à baliza.
Em resumo, o caso desta vez parece-me claro: estamos a quinze dias de atingir a data limite para a inscrição de profissionais, pelo que é bom que os responsáveis da SAD deixem de brincar aos futebóis e sejam capazes de dar rapidamente corda aos sapatos, fazerem-se à vida e reforçarem a equipa, no mínimo, com um ponta-de-lança ("extra-contentor") desses que entram de caras na equipa - se bem que em boa verdade e tal como está a coisa, qualquer um entra...
Espanta-me aliás que se utilize o argumento financeiro para justificar a preparação da época. Só quem não percebe rigorosamente nada de futebol - ou contacta com as pessoas erradas - é que poderá imaginar que nas divisões inferiores portuguesas não existem jovens jogadores com o triplo da categoria destes que fomos buscar. E, é sempre bom referir, estes que vieram também não jogam de borla.
Como há sempre coisas boas, assisti a este jogo junto à Fúria Azul, o que significa entusiasmo, sensação de se estar de facto no futebol e boa disposição. Foi sem dúvida - e de longe - o melhor da tarde.
Fica para o fim mas, pela atitude da equipa e dos técnicos, também não parecia relevante: o Belenenses empatou 0-0 com o Sp. Covilhã, para a segunda fase da Taça da Liga onde nos foi dado como objectivo chegar à final.