Erros (ou omissões) demasiado graves
O aumento da descendência, aqui há dias, a que se associa a chegada de uma nova potencial consócia - parabéns ao Luís! -, leva-me a pensar em voz alta sobre a atenção que dedicamos aos nossos belenenses mais pequenos. As conclusões são desoladoras...
Dizia-me há tempos um nosso ex-consócio que teima em não regressar ao activo que não percebia como seria possível, hoje, nascer uma criança do Belenenses. Eu percebo-lhe a ideia mas avanço mais uns anos: o que eu de facto quase não entendo é como é possível a um pai fixar uma criança no Belenenses! E se em casa os danos são limitados, o caso é tanto mais complexo quando se anuncia a chegada à escola e o convívio diário, longe da protecção paterna, com os pequenos adeptos dos três clubes do regime. É que eles têm tudo: desde roupa a complementos de moda, passando por material escolar e não esquecendo o equipamento necessário às festas de anos, incluindo os inerentes convites que, não raro, me chegam a casa em tonalidades ora esverdeadas ora mais vermelhuscas. Não sei se quem não é pai - ou mãe - de crianças em início escolar tem consciência deste drama (e da gravidade dos seus efeitos), mas acreditem que a coisa não é brincadeira. Aos 14 ou 15 anos já nos defendemos muitíssimo bem e, não raras vezes, são os próprios adolescentes belenenses que se lançam a gozar com os colegas; mas com 4, 5, 6 ou 7 anos, os recursos de "estômago" são mais limitados e o efeito de contágio é demasiado apelativo.
Não bastando, acresce que os miúdos têm dois olhos na cara e andam na rua. Aqui pela minha zona, em plenas Avenidas Novas, vou volta e meia com a minha filha a uma loja de roupa de crianças onde não faltam três expositores gigantes dedicados evidentemente aos três emblemas oficiais. Certa vez questionei a proprietária, lavrando o meu protesto, sobre a ausência de material alusivo ao Belém. Respondeu-me o que eu já previa: que nunca lá tinha ido ninguém com um catálogo de produtos; que consignação por consignação, para ela não seria negativo ter material do Belenenses, antes pelo contrário. O problema é que, pura e simplesmente, os produtos não existem. E é assim há anos. E somos cada vez menos. E temos cada vez menos crianças. E continua a ser assim há anos e anos...
Em vésperas de eleições, creio ser este um assunto oportuno. Não haverá ninguém - caramba! - disponível para apresentar um projecto com cabeça, tronco e membros para esta área? Em Inglaterra, por exemplo, é raro o clube que não vende o serviço "festa de anos", onde o dia especial é passado com os amigos no Estádio, com lanche incluído e presença rápida de um ou dois "craques". Custará assim tanto criar uma coisa destas? Em Espanha, aqui mesmo a dois passos e pertinho o suficiente para ir copiar, é raro o emblema que não disponibiliza "clínicas de férias", cobrindo as necessidades dos pais no Natal, Carnaval, Páscoa e Verão, ao mesmo tempo que fideliza a clientela futura e de caminho ainda encaixa umas massas. Bem sei que é simples, mas no Belenenses tudo parece ser um bicho de sete cabeças.
E já nem falo sequer nos produtos disponíveis na Loja Azul - que corners do Belenenses em superfícies comerciais relevantes (ou uma presença, pequena que seja, no catálogo FastGalp) nem vê-los. A minha dúvida aqui é só esta: se não sabemos fazer, se há anos e anos negligenciamos de forma grosseira a dimensão comercial e a fixação dos mais pequenos, porque não se concessiona o negócio? Se não sabemos fazer porque não arranjamos quem faça, ainda por cima recebendo uns cobres por exploração licenciada da imagem...?! Alguém duvida do êxito de uma boa parceria nesta área?
Fica o desejo que quase parece ser um sonho: que quem chegar no próximo dia 29 de Março não descure este aspecto. Lembrem-se que serão eles, os mais pequenos de hoje, a determinar se o Belenenses tem futuro. Não os ignoremos!