domingo, 3 de fevereiro de 2008

E a equipa não se demitiu!



Muito engraçado o discurso de Paulo Bento, com aquela velha técnica habitual nos clubes do regime de assegurar que o seu onze deu meio tempo ao adversário. Entendo-o na perfeição, posto que é mais fácil ir por aí do que reconhecer a evidência: nos primeiros 45 minutos, salvo 2 ou 3 tentativas desgarradas do visitante, o Belenenses deu um banho de bola ao Sporting, aproveitando os três pontos para chegar ao desejado quinto lugar. Jesus surpreendeu seguramente Paulo Bento ao entrar de início com três centrais - Devic acompanhou Rolando e Hugo Alcântara -, permitindo assim ao longo da primeira metade as subidas de Rodrigo Alvim (felizmente não foi vendido) e Mano em apoio dos sectores mais ofensivos. O resultado foram boas sessões de troca de bola e tranquilidade q.b., com Roncatto a mostrar mais uma vez que pode fazer a diferença se vier buscar jogo a zonas mais recuadas. Já Zé Pedro parece ter recuperado a confiança no remate, o que lhe valeu um golo extraordinário.
A segunda parte trouxe aquilo a que vamos estando habituados: o Belém recua, por regra em excesso, entregando a iniciativa de jogo ao adversário e espreitando o contra-ataque por forma a matar o jogo. O problema desta estratégia, se iniciada demasiado cedo como foi o caso, é que a equipa tem tendência a defender cada vez mais atrás com o passar dos minutos, passando muitas vezes por dificuldades que me parecem desnecessárias. Hoje, a substituição de Roncatto por Areias mais não fez do que assumir um período de cinco minutos de descontos de auto-sufoco, sem ninguém que, na frente, fixasse pelo menos algumas das unidades adversárias e pudesse tentar fazer posse de bola por pouco tempo que fosse. Como o leão anda muito fraquinho, a coisa correu bem - o que também não surpreende. Todos se recordam por certo do jogo da primeira volta...
Por outro lado e num momento conturbado da vida do Belenenses, destaque para o apoio do público e para a excelente coreografia da Fúria Azul: "Nós não nos demitimos"; os profissionais também não, sendo assim possível colocar quem mais interessa a remar para o mesmo lado. Que a onda prossiga em Leiria!
No global, três pontos importantíssimos a somar a um resultado positivo obtido em Braga, num ciclo em que se segue a visita ao desesperado lanterna vermelha. Mesmo considerando a imperiosa necessidade de pontos do adversário, não é admissível em Leiria outro resultado que não seja a vitória, por forma a cimentar a posição europeia na classificação, independentemente da FPF sacudir para cima de nós a totalidade das culpas de terceiros. E ainda para mais, assim o entenda o técnico, já contaremos com a experiência de Jankauskas. Uma coisa tenho como adquirido: se jogarmos até ao final da época com a vontade e a atitude demonstradas nas duas últimas rondas da liga, bem podem os donos da bola palmar-nos os 6 pontos que a UEFA é nossa na mesma.

Leitura complementar:
-> Zé Pedro e o golo: «Foi uma situação trabalhada durante a semana»
-> Silas destaca importância do triunfo devido ao «caso Meyong»
-> Jorge Jesus: «Dificilmente perdemos um jogo quando marcamos primeiro»