Um golo marcado demasiado cedo
Não estamos muito habituados: ainda não tinham corrido cinco minutos e já o Belenenses vencia por 1-0, excelente remate de Zé Pedro - que é mesmo de outro carnaval... - a coroar uma grande iniciativa de Ruben Amorim. Cinco estrelas, que se mantiveram durante perto de trinta minutos com o Belenenses a dominar o jogo por completo, trocando a bola com grande qualidade - mas sempre sem "carregar", talvez na esperança de que o tempo acabaria por ditar o intervalo... ou um segundo golo que poderia ter aparecido não fosse uma falha imperdoável de Weldon (e uma grande defesa do outro lado), que, apesar de tudo, eu não crucifico; para já, teimo em insistir que há ali qualquer coisa que pode "explodir" de um dia para o outro. Veremos.
Passada a meia hora, o jogo mudou radicalmente. O Leixões acordou - andara literalmente a dormir até então - e, em paralelo, nós abandonámos o jogo de tal maneira foram clamorosas as falhas de concentração e de segurança de passe daí para a frente. Os de Matosinhos não empataram segundos antes do intervalo porque não calhou. Já a segunda metade foi de meter medo ao susto, sem que se consiga perceber o que queríamos do jogo. A equipa entregou a iniciativa ao Leixões e arrastou-se então penosamente até ao inevitável golo da igualdade. Outra opinião tem o treinador Jorge Jesus que, pelo que se ouve nas declarações pós-jogo, ou viu outro jogo ou necessita urgentemente de um choque de ambição: empatar em casa com o Leixões é obviamente um péssimo resultado, pelo menos enquanto o Belenenses fôr o Belenenses.
Acresce que o nosso mister esteve hoje muito mal nas substituições, que se limitaram a dar lá para dentro o sinal de que o que importava era segurar a vantagem a todo o custo, descurando sucessivamente as opções avançadas. E já agora, se me é permitido, começo a observar grande sapiência na tese do nosso amigo JSM quando afirma que Jesus, mais do que o tacticista extraordinário que julga ser, é um profissional qualificado e muito trabalhador mas sobretudo capaz de tirar máximo partido das capacidades dos jogadores que tem à sua disposição. O tacticismo, na verdade, tem dias - e tem muito a ver com o factor sorte. A inacreditável persistência na aposta consecutivamente falhada em Fernando, a par da igualmente incompreensível saída de Hugo Leal - em boa verdade perdemos o jogo aí... - demonstram-no à exaustão.
A cereja no topo do bolo de uma segunda parte para não repetir foi a performance do "Gavião". Expulsão justíssima que de todo não se percebe, tanto mais se pensarmos que quando o jogador entra em campo sabe perfeitamente que não pode ver sequer um amarelo... quanto mais dois!
E pronto: é este o nosso normal, ter dois jogos seguidos no Restelo e falhar a oportunidade de dar um valente pulo na classificação. O que só não é terrível porque, em boa verdade, temos dado mostras (que já vêm do ano passado) de que fora de casa conseguimos recuperar, às vezes com vantagem, os pontos perdidos no Restelo. Resta agora vencer o Estrela - um jogo dificílimo frente a um dos lusos campeões do anti-jogo - e fazer 4 pontos em seis possíveis nesta série teoricamente favorável. É o mínimo dos mínimos.