Empate com sabor amargo
À nona jornada da Liga, o Belenenses conquistou um ponto no Estádio do Dragão - admita-se que para todos os efeitos... "conquistou". E se utilizo o verbo conquistar isso deve-se a que, nem de propósito e curiosamente, teve o Belém que demandar a mui nobre, sempre leal e invicta cidade do Porto no mesmíssimo fim de semana que ditou a estreia de "Corrupção", o novíssimo filme baseado numas quantas peripécias (manhosas) do Apito Dourado. Ele há coincidências do caneco...
Foi aliás por coincidência que o alentejano Paulo Baptista mailo bandeirinha do lado da bancada não viram que Postiga facturou o golo dos dragões beneficiando de um fora de jogo que, sem favor, se lobrigava em Portalegre. E terá sido com a mesma luneta que, imagino do alto da minha suspeita, ninguém viu uma agressão grosseira de Quaresma a Ruben Amorim corria o minuto 88 e estava já o terreno altissimamente inclinado. O facto é que, atendendo às fitas que estreiam por estes dias, dificilmente o Belenenses poderia ambicionar mais do que a repartição de pontos. E sendo assim, não foi mau de todo, como não é absurdo considerar que nos damos bem com os ares do Douro, tanto mais que de hoje a oito nos visita o mais representativo emblema de Matosinhos. A continuar a mesma lógica, toca de reunir mais três pontos.
Diga-se que o Belenenses entrou bem no jogo. Muito bem, aliás, tentando assim contrariar aquela que tem sido a maior arma dos dragões até ao momento: marcar cedo e gerir o resultado. A verdade é que, não fosse a prestimosa ajuda do trio que viajou do sul, não tinha sequer existido tentativa de gerir o resultado. E mesmo assim, depois do golo marcado a meias por Postiga e pelo bandeirinha, o facto é que o Belém podia ter empatado a contenda antes do intervalo. Não sendo possível, eis que desta feita a sorte do jogo não nos abandonou e, logo no reinício, Zé Pedro - insisto que há jogadores assim, muito superiores ao que estamos habituados - não desperdiçou um lance superiormente construído por Roncatto e fez o empate, mais do que merecido, acrescente-se. A partir daí, estranhamente - digo eu... -, a equipa retraiu-se a ponto de nos fazer sofrer desnecessariamente. Mas apesar de tudo correu bem e, como é evidente, ganhámos um ponto aos nossos adversários directos num estádo em que, possivelmente, se contarão pelos dedos de uma mão as equipas que não perdem - e sobram dedos...!
Notas finais para as classificações mais altas, apesar da injustiça de escolher numa equipa que valeu muito pelo conjunto: além do já habitual Zé Pedro, chapa máxima para Cândido Costa. Que categoria e exemplo de vontade! Registe-se de igual modo o espírito de luta e abnegação de Weldon, incansável na tentativa de levar o barco a bom porto. E, numa equipa que - repito - esteve bem no seu conjunto, Jorge Jesus deu mais uma vez mostras de estar a construir um futuro que pode bem voltar a dar-nos as alegrias que, bem vista a coisa, justamente merecemos. Assim saiba transmitir à rapaziada que, mais importante que o empate no Dragão, são os três pontos a conquistar frente ao Leixões. Essa é que é essa.