segunda-feira, 26 de novembro de 2007

Mais dois pontos a voar

Razões muito pessoais impediram-me de ver o Belenenses-Estrela. Já me disseram que não perdi grande coisa, sentença em que aliás faço fé, mas não posso deixar de fazer notar que nos últimos três jogos no Restelo - desafios todos eles de grau de dificuldade reduzido (por muito que Jorge Jesus nos tente vender o contrário) -, outros tantos empates nos retiraram seis pontos que por esta altura nos colocariam num invejável... terceiro lugar na tabela.
Longe dos profetas da desgraça, não vejo para já nenhuma época antecipadamente perdida, nem mesmo sou dos que exige grandes jogatanas, se esse fôr o preço a pagar pela conquista dos pontos. O diabo é que neste caso nem jogatanas... nem pontos! Acresce que continuo a achar que o comando técnico do Belenenses está bem entregue e que importa, sobretudo, continuar a proporcionar à equipa técnica boas condições de trabalho para que se lhe possam, então, exigir os resultados que este ano teimam em aparecer menos.
Mas o certo é que - a par desta delicadeza - há algo que me tem enervado profundamente na presente época do Belém. E esse algo é o discurso do treinador. Ora, o treinador do Belenenses não tem naturalmente que ambicionar a conquista da Liga dos Campeões já na próxima temporada. Tem, isso sim, que assegurar o oposto, ou seja, que mantém os pés bem assentes na terra. Sucede que manter os pés bem assentes na terra significa no caso presente não entender que o importante é continuar a... não perder, ou que o que releva é um equilíbrio tremendo entre dez/doze equipas da Liga. Pelo contrário. Empatar com o Estrela em casa, por muito respeito que possamos ter por clubes que não têm adeptos, é obviamente um péssimo resultado para o Belenenses, bem mais perto da derrota efectiva do que da vitória moral. Seria importante que alguém da SAD explicasse isto ao treinador, até para que alguém (incluindo Jesus!) tenha legitimidade para exigir dos profissionais uma atitude bem distinta daquela que vêm mostrando nos jogos em casa. Como seria bom que alguém lembrasse a Jesus que não foi ao serviço do Estrela - por razões evidentes que a História também ajuda a explicar - que ele esta época já defrontou Real Madrid, Atalanta e Bayern de Munique...
Recorrendo ao lugar-comum, temos que "remar todos para o mesmo lado" - dever que neste caso obriga também o mister. Era bom que ele não se esquecesse disso.