Uma época estupenda
Terminou esta tarde uma das mais extraordinárias épocas de sempre de uma equipa do Belenenses. 25 vitórias e a discussão do título até ao último suspiro de um campeonato viciado, obra de uma equipa em que apenas um titular (Jardel) tinha experiência na I divisão nacional (os outros que já tinham jogado na I divisão são Drula, Nuno Almeida e Marco - este com apenas uma partida na época passada, quando ainda era júnior) e em que o verdadeiro referencial era o treinador Alípio Matos, um técnico com provas dadas (e uma jóia de pessoa) que soube construir uma equipa com jogadores brasileiros que desconheciam o futsal português, com portugueses talentosos mas sem rodagem no primeiro escalão - e os jogadores referidos acima.
Uma equipa que, sem as batotas de bastidores (caso Cary), teria conseguido o feito de liderar a fase regular da primeira à última jornada (onde uma decisão arbitral talvez inédita a esbulhou de um penalti que, se convertido, asseguraria a disputa dos jogos decisivos do playoff em casa). Uma equipa que conseguiu o feito, que julgo inédito, de alcançar 11 vitórias consecutivas; que ainda disputou a final four da Taça, caindo face a uma equipa mais matreira.
Uma equipa que gerou uma cumplicidade muito grande entre os adeptos; uma equipa que após a derrota de hoje estava no hotel a autografar cachecóis e que nunca regateou uma conversa amável e cortês com os fãs.
Por tudo isto, estes jogadores, os técnicos e dirigentes merecem o maior respeito e consideração por parte dos belenenses verdadeiros (não aqueles que ainda conseguem denegrir um trabalho notável - podiam filiar-se no Benfica -, destilando todo o fel de gente mal formada).
Esta final estava viciada à partida. Como me desabafava Alípio Matos, o caso Cary e a manobra de último minuto em Perafita retiraram-nos o direito a efectuar os jogos decisivos em casa, onde só perdemos uma partida em toda a época. Certamente, e como pudemos ver nos dois jogos contra o Benfica disputados no Acácio Rosa, outro galo certamente cantaria.
Só não percebi porque é que em vez de champagne, os benfiquistas não festejaram com Sagres Zero - o grau zero da verdade desportiva.
Viva o Belenenses!
Flávio Santos