quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Belenenses-ABC

  • Como aperitivo ao excelente jogo que se antevê para amanhã (Acácio Rosa, 18 horas), a RTP Memória teve a louvável ideia de agendar para esta noite (à 1.15 da manhã...) o encontro entre ambos os emblemas disputado em 1994, ano do nosso último título. Caso não estejam com insónias não se esqueçam de programar o vosso VHS.
  • Como é tradicional, os confrontos entre as duas formações são de desfecho imprevisível. O ABC já não ostenta um currículo 100% vitorioso neste campeonato, ao passo que o Belenenses já mostrou que tem potencial para ganhar a qualquer equipa, sofrendo de uma irregularidade que se espera passageira. Na época passada o equilíbrio foi a tónica em todos os jogos entre as duas equipas, excepto num, que ganhámos por uma diferença de seis golos.
  • Antes da partida e no intervalo da mesma haverá exibição das habilidades dos miúdos da escola de formação. Note-se que, somando os pólos do Restelo e do Algueirão, a nossa formação movimenta neste momento 46 miúdos, entre bambis (12), minis (13) e infantis (21). Uma aposta de futuro!

domingo, 28 de outubro de 2007

Sete jogos, sete vitórias...

... é o balanço até agora da excelente campanha belenense na Liga de Futsal 2007/2008. Contra o Nogueirense, emblema vianense recém promovido, vitória muito sofrida por 3-1, prova de que no futsal raramente há jogos fáceis.
E a nossa equipa parece estar a dar mostras de alguma ansiedade pela manutenção, tão inesperada como justa, do primeiro lugar, não conseguindo mostrar todo o seu potencial. Ontem, facto que não sucederá muitas vezes, foram os jogadores portugueses a marcar todos os nossos (poucos) golos: Paulinho, Pedro Cary e Cautela conseguiram o que Jardel (ontem muito perdulário, apesar de muito esforçado), Marcelinho e Diego não lograram. O que também mostra que, pese a influência tantas vezes decisiva destes, o nosso plantel tem bastantes soluções, algo que não existia na época passada.
Os maiores destaques, além da necessária menção aos autores dos golos, vão para Marcão, que defendeu praticamente tudo, sendo ousado e inteligente nas situações 1x1 e proporcionando ao público presente uma vistosa defesa à gato, ainda na primeira parte; e para Cautela, que mostrou como é importante haver um elemento experiente, controlando a ansiedade geral, que soube levar a equipa para a frente na fase de maior assédio do Nogueirense, quando o empate parecia iminente, e que culminou esta excelente fase final da partida com um golo que fez explodir o pavilhão após largos minutos de angústia.
Destaques negativos: o adversário, ciente da sua inferioridade, abusou da fita, procurando e conseguindo iludir os árbitros, o que o fez beneficiar de um livre de 10 metros na primeira parte e fazendo recear o mesmo na segunda, pois a nossa equipa esteve os últimos sete minutos de jogo com cinco faltas, sabendo manter a concentração de modo a evitar aquela que é sempre uma situação de golo iminente; quando passaram a não cair na esparrela dos vianenses, os árbitros deixaram pasar em claro duas faltas a nosso favor, pondo o pavilhão numa indignação incandescente; valeu o nosso terceiro golo para que males maiores não acontecessem.
Nota positiva, ainda, para o público, que deve ter abeirado as sete centenas; ainda assim se poderia esperar mais dada a liderança do campeonato e a expectativa de termos uma equipa sénior empenhada na luta pelos primeiros lugares. Mostrou ainda um fairplay que não é muito frequente no nosso país, aplaudindo o adversário no final e reconhecendo o seu esforço e aquela que terá sido a sua melhor exibição esta época.
Temos agora uma longa paragem de campeonato devido à realização do Europeu. O próximo jogo é no Dia da Restauração da Independência, 1 de Dezembro, no terreno do Vila Verde, perto da Terrugem (Sintra). Espera-se uma comparência apreciável de adeptos azuis para esta curta deslocação.

Quando o Zé Pedro não dá para tudo

Jogo estranho aquele a que assistimos ontem no Restelo - e não tanto pelo resultado que é em boa parte fruto da excelência de calendário que o país futebolístico observa. Já poucos se lembravam, craques incluídos, que na jornada anterior tinha o Belenenses marcado quatro golos no Bessa...
A verdade é que a equipa entrou mal, com inúmeros desacertos especialmente do lado direito, onde Amaral denotou alguma falta de ritmo e de confiança associado a um Mendonça, cuja titularidade aplaudo a mãos ambas mas que parece algo ansioso na esperança de mostrar trabalho ao treinador. Um jogo morno em que na segunda parte, e muito em resultado da entrada de Cândido Costa, o Belenenses pareceu, a espaços, capaz de levar o barco a bom porto não fossem dois falhanços cujo inêxito Pedro Roma ainda agora não saberá explicar.
Duas notas, uma positiva e outra não tanto: a "nota mais" para Zé Pedro que durante 90 minutos deu mostras de querer levar a equipa às costas. À exibição do nosso camisola 11, que bem teria assentado o golo a um remate-chapéu que na segunda metade quase nos valia os três pontos. Há jogadores assim, com manifesta dificuldade em jogar mal. Já a nota negativa terei que a endossar desta feita a Jorge Jesus. A extraordinária troca de Silas por Fernando não lembra de facto a ninguém...
Certo, certo... é que na época passada - a tal que já não se vivia em Belém há uma data de tempo -, por esta altura, o Belenenses somava exactamente o mesmo número de pontos. E com a equipa a crescer em relação aos primeiros jogos, assim o mister desencante um Dady - quantidade não falta... - e haverá razões para sorrir.
Aspecto não menos relevante a tomar em consideração é o da assistência. Sou fraco a avaliar estas coisas a "olhómetro" mas, visto de baixo, quer parecer-me que o lado dos sócios, apesar da obscenidade do preço do bilhete, estava bastante mais composto do que é habitual. Será efeito das "cinco da tarde"? Admito que sim. Já a rapaziada da Briosa - que daqui saúdo! - faltou à chamada. Para quem passa a vida a queixar-se dos dias e dos horários dos jogos, é estranho.
Acrescente-se que ao intervalo o Restelo viveu uma festa simples mas bem bonita, mostrando-nos uma fila cheia de campeões e internacionais, alguns deles de mui tenra idade. Como dizia o cartaz de fundo, "os melhores atletas são do Belenenses" - e é certo que quem tem os melhores atletas tem futuro.
Nota final para a ausência da Fúria Azul na primeira parte do desafio. Não sei se na televisão foi perceptível, mas qualquer pessoa que tenha estado no Restelo verificou a diferença de ambiente entre os dois meios tempos, aquele em que houve protesto e aquele outro em que houve claque. Registo-o, apenas para o caso de alguém que eventualmente pudesse ter dúvidas...

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

76 anos de saudade ou o adeus de um campeão

No final da manhã do dia 23 de Outubro de 1931 deu entrada no Hospital de Marinha um jovem torneiro de metais, de fato de ganga e bóina, queixando-se de violentas dores na barriga. Viria a falecer no dia seguinte, tendo sido em vão todos os esforços para o salvar.
Nos dias que se seguiram, a notícia da sua morte surge nas capas dos jornais; ao seu funeral acorre uma infindável multidão; de todo o país e do estrangeiro chegam manifestações de pesar. Mais tarde, erguem um monumento em sua memória e uma rua de Lisboa passa a ter o seu nome. Quem era, afinal?
Era José Manuel Soares, o “Pepe”, um dos melhores jogadores de sempre do Belenenses e da história do futebol português.

As origens

José Manuel Soares Louro nasceu a 30 de Janeiro de 1908 (embora certas fontes apontem o dia 29), filho de Maria José da Silva Soares e de Julião Soares Gomes. O local terá sido a casa da família, na Rua do Embaixador, nº17, em Belém (outras fontes referem – talvez por lapso – que teria nascido na Covilhã, terra de origem da família?).
Foi em Belém que cresceu o “Pepe” (diminutivo de José - talvez por influência dos muitos galegos que viviam na zona), sujeito a enormes vicissitudes, no seio de uma família pobre, num bairro pobre. O pai vendia hortaliça com uma carroça, de porta em porta. A mãe tinha uma banca de fruta no antigo Mercado de Belém (já desaparecido, situava-se em frente da actual Rua Vieira Portuense, sendo contíguo o antigo Campo do Pau do Fio). E aqueles parcos rendimentos serviam para sustentar, para além do Pepe, mais cinco irmãos: Ana (a mais velha, que era quem tomava conta da casa e dos outros), Rogério, Suzana e ainda outros dois (mais novos).

Na mesma Rua do Embaixador, porém, tinha o Pepe ilustres vizinhos. Também de famílias humildes, mas que se iam tornando famosos por todo o país, graças ao que parecia uma brincadeira de crianças, mas que já animava multidões: o futebol. Ali viviam alguns dos melhores futebolistas, dos tempos do Sport Lisboa, das Terras do Desembargador (logo acima da rua)… e dos primeiros anos do Belenenses. Entre os quais, Artur José Pereira, então o melhor jogador de todo o País e principal fundador do Clube, cuja fama por certo não deixaria indiferente a miudagem da rua. Recorde-se que à data da fundação do Belenenses tinha o Pepe 11 anos.

Não terá sido assim surpreendente que José Manuel Soares, como tantos outros rapazes, viesse a engrossar as fileiras de jovens promessas do novo Clube (de antigas tradições). Em 1924, com 16 anos, começou a jogar na 4ª “categoria” (escalões jovens). A 18 de Outubro desse mesmo ano, foi promovido directamente à 2ª categoria (logo abaixo da equipa de “honra”), o que demonstra bem a sua qualidade.

A estreia e conquista do primeiro Campeonato de Lisboa

O grande momento, a estreia pela equipa principal, aconteceu a 28 de Fevereiro de 1926, tinha o Pepe apenas 18 anos. É bastante conhecido o episódio, em que o capitão Augusto Silva chamou o rapazinho para entrar em campo, logo contra o Benfica. Mas já lá vamos. Menos conhecida é a verdadeira razão da chamada de José Manuel Soares à 1ª categoria. Assim a revelou Joaquim Dias, um dos sócios fundadores, em entrevista ao Jornal do Belenenses:
“- O Artur José Pereira, depois de aturada conversa comigo, na altura tesoureiro do clube, deliberou tomar tal decisão [de incluir o Pepe na 1ª categoria], apesar do receio que tinha em que a massa associativa não gostasse, devido à pouca idade do inesquecível atleta.”

Assim ficamos a saber que o grande mestre do futebol português, Artur José Pereira, que ajudou a formar tantos jogadores de excelência (até finais dos anos 30), também esteve ligado à progressão do Pepe - embora discretamente, como lhe era habitual.

A equipa de 1926

Regressando ao dia 28 de Fevereiro de 1926, tratava-se da 11ª jornada do importantíssimo Campeonato de Lisboa (onde estavam as melhores equipas e que chegou a servir como “poule” indirecta para o Campeonato de Portugal). Como em épocas anteriores (nomeadamente, a de 1924/25), o Belenenses tinha boas hipóteses de conquistar aquele título - seria a primeira vez nos seus 7 anos de história. Já havia amealhado 6 vitórias, 2 empates (com Sporting e Benfica, na 1ª volta) e apenas tinha sofrido 2 derrotas (com o Setúbal – jogo altamente polémico – e com o Carcavelinhos). O jogo anterior tinha sido, precisamente, a derrota com o Carcavelinhos (que por fusão com o União de Lisboa daria origem ao Atlético).

Os nervos estavam à flor da pele. Na verdade, era um momento crucial para a vida do Belenenses. Era tempo de saber se o Clube, fundado pelos melhores futebolistas, podia afinal continuar entre os melhores, conquistando um grande título. E era tempo de confirmar se a seguir à primeira geração (cujos últimos representantes, Alberto e Joaquim Rio, se retiraram por esta altura) já havia uma segunda geração de jogadores, também eles, entre os melhores.

Para descrever o que se passou naquele Domingo, aqui fica o relato compilado por Acácio Rosa:

“O Belenenses a um quarto de hora do fim, perdia por 1-4!
Campo das Amoreiras.
Belenenses-Benfica!

Durante setenta e cinco minutos só dois jogadores não perderam a fé ante a descrença geral. Augusto Silva – o mais velho – e Pepe – o mais novo.
Antes do encontro, corriam rumores de que alguns dos nossos jogadores, por desinteligências internas, não jogariam.
A Direcção delegou em Augusto Silva plenos poderes para a escolha da equipa.
E, Augusto Silva escolheu os onze jogadores e para a meia esquerda foi Pepe! Vinha dos infantis [como se designavam as camadas jovens em geral]…

Mas, a um minuto do fim, com o resultado já em 4-4, a vontade indómita de todos e os ataques sucessivos, o adversário comete falta na grande área. Penalty!
Ninguém dos belenenses queria ser o responsável pela execução da falta.
Augusto Silva, resolutamente, aponta para o Pepe e diz-lhe: “o penalty marcas tu!”
Pepe, envergonhado e receoso, apenas respondeu:
- Eu, Sr. Augusto????
- Sim, marcas tu!

E Pepe marcou o golo e o Belenenses venceu o Benfica por 5 a 4, para o Campeonato de Lisboa.”

Foi o delírio entre as “hostes” de Belém - Pepe, o “miúdo”, era um novo herói! E que melhor ocasião – tomando parte de um dos míticos “quartos de hora à Belém”!
Ficava aberto o caminho para a conquista do primeiro Campeonato de Lisboa (pela primeira vez disputado por 8 equipas, em vez de 5 – o que valorizou ainda mais aquele triunfo). Para tal bastaram as vitórias sobre o Império (3-0) e o Sporting (1-0), ficando tudo resolvido para a última jornada, em que perdemos por 4-1 com o União de Lisboa, resultado já sem importância.

Seguiu-se a disputa do Campeonato de Portugal, que pela primeira vez reunia os vencedores dos campeonatos regionais – isto é, também passava a incluir mais equipas.
E, para primeira participação do Belenenses… nada mal: depois de vencer o GS “Os Leões” por 7-2, o Espinho por 4-1, e o difícil Olhanense por 2-1, chegámos à final, a disputar com o Marítimo.
O jogo foi no campo do Ameal, no Porto, a 6 de Junho de 1926, e José Manuel Soares fazia parte do “onze”.
Mas o jogo não acabou bem… ou melhor, nem acabou quando devia (aos 20 minutos da 2ª parte)! Depois de acontecimentos estranhos – antes e durante o jogo, incluindo a animosidade dos portuenses – o Belenenses perdeu por 2-0...

A época de 1926/27 e a conquista do primeiro Campeonato de Portugal

A época seguinte, de 1926/27, ficaria para a História do Clube como uma das melhores.

No Campeonato de Lisboa ficámos em 2ª lugar, perdendo o título para a também fortíssima formação do Vitória de Setúbal (também curiosamente foi a última vez que o Vitória disputou o Campeonato de Lisboa, devido à criação da Associação de Futebol de Setúbal). O Pepe alinhou em 9 dos 14 jogos disputados.


Estreia Internacional de Pepe

A 16 de Março de 1927, no campo do Lumiar, deu-se a estreia de José Manuel Soares pela Selecção Nacional. Frente à poderosíssima França (para “desforra” da derrota de Abril de 1926, em Toulouse, por 4-2), Pepe marcou 2 golos, contribuindo para a vitória (4-0). Saiu em ombros, levado pela multidão. O Pepe já não era só um herói dos Belenenses, também já era um herói nacional!
Sobre esta estreia e a “desforra”, escreveu Ricardo Ornellas posteriormente:
“E que desforra e que dois rapazes que se estrearam! Dois Zés Manéis, o Soares, “Pepe”, e o Martins, o de ponta esquerda - um «gravoche» e endiabrado e o outro, cheio de boas maneiras.
Dividiram os golos: cada um fez dois. Um o Pepe, foi garoto…
Depois do encontro disse que, no segundo dele «palavra de honra»
que não queria mandar a bola à baliza; ia só a fazer uma passagem... Não
importa nada, claro, que a crítica tivesse considerado golo uma maravilha
de execução; era-se menos exigente...”

A 2ª internacionalização terá ocorrido em Itália (derrota por 1-3). A 29 de Maio de 1927, a terceira (derrota em Espanha por 2-0).

A edição do Campeonato de Portugal para 1926/27 seria, sem dúvida, a mais difícil de todas até então disputadas. Poderiam participar todas as equipas que o desejassem fazer!

Depois de levar de vencida os Leões de Santar (9-1), o poderoso FC Porto (3-2), o Marítimo (8-1, numa desforra saborosa frente ao “campeão”!) e o Benfica (2-0), o Belenenses conseguiu de novo o lugar na final (pela 2ª vez… na 2ª participação!).
O adversário foi o Vitória de Setúbal , pelo que estava também em causa uma “desforra” pelo sucedido no Campeonato de Lisboa.

No jogo realizado a 12 de Junho de 1927, no Stadium do Lumiar, o Belenenses venceu por 3-0 e sagrou-se assim – pela primeira vez – Campeão de Portugal! E o Pepe, titular, conseguiu assim o seu primeiro título nacional. Não marcou nenhum dos 3 golos (um Augusto Silva e dois de Silva Marques), mas ajudou no primeiro, com uma simulação que enganou a defesa adversária e deixou a baliza à mercê de Augusto Silva.

No dia 9 de Julho de 1927 teve lugar um banquete de homenagem aos campeões, entre os quais Pepe, no Casino S. José de Ribamar (antigo palácio Ribamar), em Algés. Pouco depois Pepe (como os restantes) seria elevado a Sócio de Mérito do Clube de Futebol “Os Belenenses”, com apenas 19 anos de idade (era o sócio nº 1784)! Aconteceu na Assembleia Geral de 8 de Agosto de 1927.

A época de 1927/28 e a epopeia dos Jogos Olímpicos

Na época de 1927/28 o Belenenses viveu mais alguns momentos inesquecíveis da sua história. Afirmou-se como um clube pujante, vitorioso e com um futuro auspicioso.

A 29 de Janeiro de 1928, em jogo a contar para o Campeonato de Lisboa (10ª jornada), foi inaugurado o magnífico campo das Salésias, o seu primeiro recinto próprio apto para as competições oficiais! Mal sabia o Pepe que esse mesmo campo viria a ser baptizado com o seu nome…

Para o Campeonato de Lisboa de 1927/28 (em que ficámos em 3º lugar) o Pepe realizou 11 jogos, ajudando a que tivéssemos o melhor ataque da competição, com 42 golos.

Pelo meio, a conquista da Taça de “Natal” (frente a Benfica e Setúbal) e da Taça Ademar de Melo (a duas mãos, com o Boavista).

Para o Campeonato de Portugal, depois de eliminarmos o Luso de Beja (7-1) e o Leça (8-1), fomos eliminados pelo Vitória de Setúbal (1-4), em mais um estranho jogo, disputado no campo do Benfica (cujos sócios, presentes em força, estavam contra nós). O Pepe disputou os 3 jogos em questão.

Mas um dos momentos mais altos da carreira de Pepe foi, sem dúvida, a participação nos Jogos Olímpicos de Amsterdão, em 1928.
Depois de boas prestações em jogos particulares, a Federação Portuguesa de Futebol decidira inscrever a Selecção no Torneio Olímpico de futebol. Para a viagem até Amsterdão, os seleccionadores Cândido de Oliveira e Ricardo Ornelas não hesitaram em escolher os Belenenses José Manuel Soares, Augusto Silva, César de Matos e Alfredo Ramos (embora este não viesse a participar em qualquer jogo). No total, quatro jogadores do Belenenses, que era assim o clube mais representado na Selecção!

Os jogos particulares em que José Manuel Soares havia alinhado foram com a fortíssima Argentina, em 1 de Abril de 1928 (empate a 0); com a Itália, em 15 de Abril de 1928 (estrondosa vitória por 4-1) e com a França, a 29 de Abril de 1928 (brilhante empate a 1 bola). De permeio, a presença num Lisboa-Algarve (8-0) e num Lisboa-Madrid (2-2).
De salientar que em todos estes jogos Pepe alinhou como “interior” esquerdo…

Amsterdão: Portugal - Chile

Já em Amsterdão, a estreia foi excelente. A 27 de Maio de 1928, frente à duríssima selecção do Chile, naquele que foi o primeiro jogo da Selecção Nacional em competições oficiais, Pepe marcou 2 golos, contribuindo decisivamente para a vitória (4-2). Vitória essa que não foi nada fácil. Começaram os chilenos em vantagem, com dois golos, enquanto Portugal ficava momentaneamente reduzido a 10 (por lesão de um jogador). No segundo tempo conseguimos a reviravolta, “num estrondoso alarde de valentia, ânimo, coragem e consistência técnica”.
No segundo jogo (a 29 de Maio de 1928), nova vitória, frente à Jugoslávia, com uma exibição histórica de Augusto Silva, que marcou um golo e foi levado em ombros pelos próprios holandeses.
Terminou a “aventura” com uma derrota frente ao Egipto (3 de Junho de 1928), numa conjunção de má arbitragem (incluindo um golo mal anulado) e excesso de confiança.
No entanto, o País rendeu-se aos heróis de Amsterdão, os “Leões de Amsterdão” (ou ainda “Tigres”, uma versão menos “leonina”). Entre eles, os três Belenenses que foram titulares em todos os jogos, sendo que Pepe alinhou sempre como “interior”… direito.
E assim José Manuel Soares ficou também para a história, como atleta olímpico!

Já depois dos Jogos Olímpicos, o Belenenses efectuou a sua primeira visita à Madeira, depois de insistentes convites dos madeirenses. O Pepe alinhou em todos os jogos ali realizados (5).

Finalmente, em 11 de Novembro de 1928, foram homenageados na sede do Clube os nossos “leões de Amsterdão” (Pepe, Augusto Silva, César de Matos e Alfredo Ramos), tendo sido descerrados os seus retratos pelo Presidente da Associação de Futebol de Lisboa.

A época de 1928/29 e a supremacia - as conquistas do segundo Campeonato de Lisboa e do segundo Campeonato de Portugal

Seguiu-se a época de 1928/29, repleta de glória. Talvez a melhor de sempre!
E foi bastante atarefada… e atribulada.

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Começou com o Torneio de Preparação, envolvendo os primeiros 4 classificados do Campeonato de Lisboa. A 23 de Setembro de 1928 (data de aniversário) vencemos o União de Lisboa por 2-1, e na final, a 30 de Setembro de 1928, empatámos a zero com o Sporting. Devia ter sido jogado um período suplementar de 30 minutos, mas os sportinguistas não o quiseram. Estranhamente, não foi atribuída a vitória no torneio…
O Pepe foi titular nos dois jogos.
Seguiu-se um jogo frente ao Setúbal, que terminou em empate (3-3).

Depois iniciou-se o Campeonato de Lisboa 1928/29, em que alguns jogadores “azuis” foram bastante penalizados pela violência dos adversários. Pepe, com um entorse; César de Matos, chegou a fracturar a perna direita; e Rodolfo Faroleiro, com forte contusão que o obrigou a perder boa parte da 1ª volta.

Chegados a Dezembro, o Belenenses contava já com 5 vitórias, um empate e uma derrota. Estava no bom caminho…
De realçar, as vitórias frente ao União de Lisboa (3-2), Sporting (3-1) e Carcavelinhos (3-1).
Entretanto, a 2 de Dezembro de 1928, Pepe participara no primeiro jogo Paris-Lisboa (1-2).

Aproveitando o interregno natalício, a 23 e 25 de Dezembro de 1928 o Belenenses disputou dois jogos com o FC Porto, ambos no Porto, conseguindo uma vitória no primeiro (2-1), perdendo no segundo (2-3).

Em Janeiro de 1929 Lisboa recebeu a grande equipa do Ferencváros, campeão da Hungria e vencedor da Taça da Europa Central (disputada pelos campeões da Hungria, Áustria e Checoslováquia), que para mais havia derrotado pouco antes o Blackburn, vencedor da Taça de Inglaterra, por expressivos 6-1. Face a tal poderio, sucumbiu o Belenenses, mesmo com Pepe, por 6-0 (a 1 de Janeiro).

Seguiu-se a Taça Associação (da AF Lisboa), na qual Belenenses foi eliminado no primeiro jogo (derrota por 2-1 frente ao União de Lisboa, a 13 de Janeiro de 1929).

A 31 de Janeiro de 1929 realizou-se um jogo em benefício do Asilo Nun’Álvares, em virtude do contrato de cedência do terreno das Salésias. O Belenenses venceu o Vitória de Setúbal por 3-1. No encontro de retribuição, em Setúbal (a 3 de Fevereiro de 1929), os vitorianos conseguiram uma vitória farta em golos (6-1).

Contudo, os resultados menos conseguidos desta altura não afectaram o percurso do Belenenses, destinado a mais altos “vôos”.
Logo no recomeço do Campeonato de Lisboa (a 17 de Fevereiro de 1929) o Belenenses levou de vencida o Benfica por 6-3!
E embora na jornada seguinte o União de Lisboa levasse a melhor (4-2, a 24 de Fevereiro), em seguida veio nova vitória frente ao Sporting (1-0, a 10 de Março de 1929).

Aproveitando novo interregno do Campeonato, o Belenenses efectuou nova digressão, a Marrocos (à parte que era colónia francesa – a restante era espanhola), a convite do Clube Português de Marrocos.
Pepe alinhou nos 3 jogos, em que o Belenenses deixou excelente impressão. Como curiosidade, foi Artur José Pereira (que integrava a comitiva) que a convite dos próprios marroquinos arbitrou as partidas em causa…
Eis os resultados e algumas das reacções da imprensa local:

31 de Março de 1929 – Belenenses 1, Union Sportive Marocaine 1
Do jornal “La Vigie”: “os portugueses mostraram-se melhores footballers que os nossos locais e o resultado do encontro, um empate, não representa de nenhuma maneira a fisionomia da partida”

1 de Abril de 1929 – Belenenses 5, Olympique de Rabat (Olympique Marocain) 1
Do “La presse”: “A partida disputada no Estádio Municipal de Aguedel foi esplêndida. Os “azuis” de princípio a fim mostraram a sua táctica impecável.”

2 de Abril de 1929 – Belenenses 4, Club de Football de Fez, 0

Ainda antes desta digressão, Pepe participou em dois encontros da Selecção Nacional (derrota em Espanha por 5-0, a 17 de Março, e derrota em França por 2-0, a 24 de Março) e num encontro “Norte-Sul” que os “sulistas” (com Pepe) venceram por 4-1 (a 3 de Março).

De regresso a Lisboa, regressou também o Campeonato (o de Lisboa, claro). Faltavam apenas quatro jornadas para o final, e nada estava decidido. O Belenenses partia com 7 vitórias, 1 empate e 2 derrotas… mas Benfica, Carcavelinhos e União de Lisboa (e, com hipóteses mais remotas, o Sporting) estavam à espreita.

Contudo, fomos irrepreensíveis… e imbatíveis. A 14 de Abril de 1929, vitória por 3-2 frente ao Palhavã (sucessor do Império); a 21 de Abril, vitória por 8-0 (!) sobre o Casa Pia; a 28 de Abril, nova goleada, 8-0 sobre o Bom Sucesso; e a 12 de Maio de 1929, o jogo do título, em que o Belenenses derrotou o Carcavelinhos por 2-0!
Estava assim conquistado o segundo Campeonato de Lisboa da história do Belenenses!
E a José Manuel Soares coube boa parte dos 54 golos marcados (embora a época seguinte viesse a ser mais espectacular ainda, como veremos), a que corresponderam 37 pontos (recorde-se que para o Campeonato de Lisboa, nestas épocas, a pontuação por jogo era a seguinte: vitória – 3 pontos; empate – 2 pontos; derrota – 1 ponto).

A 5 de Maio de 1929 Pepe participou em mais um encontro “inter-cidades”, entre a selecção militar de Lisboa e a de Madrid (derrota por 2-3).

Dois dias depois (e ainda antes do final do Campeonato de Lisboa, portanto) começaria o Campeonato de Portugal. Seria o Belenenses capaz de conquistar a “dobradinha” (Campeonato de Lisboa + Campeonato de Portugal), que só o Sporting conseguira, por uma vez, em 1922/23? Seria o Belenenses o primeiro clube de Lisboa a conseguir conquistar dois campeonatos de Portugal? (recorde-se que à época o Benfica não havia conquistado nenhum) Seria também o Belenenses apenas o segundo clube a nível nacional a conseguir conquistar dois campeonatos de Portugal? (embora o Porto, o primeiro, tivesse obtido o seu primeiro título na 1ª edição, limitada a Porto… e Sporting).

A primeira eliminatória do Belenenses até foi “fácil”. O adversário (Leiria) não compareceu…
Ainda antes da eliminatória seguinte houve novo Porto-Lisboa, em que o Pepe esteve presente (19 de Maio de 1929, terminando com vitória dos portuenses por 4-3).

A 26 de Maio de 1929, para os oitavos de final do Campeonato de Portugal, o Belenenses eliminou um dos principais concorrentes, vencendo o Benfica por 3-2. Neste desafio o Pepe sofreu entrada duríssima, logo aos 5 minutos, e o Belenenses esteve praticamente o jogo inteiro com apenas 10 elementos!.
A 2 de Junho, nos quartos de final, foi a vez do difícil Carcavelinhos ficar pelo caminho, por 3-1.
O jogo das meias finais, frente ao Setúbal, foi bem difícil, como seria de prever. A 9 de Junho as equipas não foram além de um empate. Mas o jogo de desempate aconteceu logo no dia seguinte (aproveitando o facto de ser feriado), levando o Belenenses a melhor (2-0). O curioso é que ambos os jogos foram em Setúbal, tendo o Belenenses repousado na praia de Albarraquel de um dia para o outro… e aproveitou para incluir o Pepe no 2ª jogo, porque não tinha sido possível no primeiro!

Chegou então a final, realizada a 16 de Junho de 1929, no campo da Palhavã. O adversário era o complicado União de Lisboa, que no entanto não resistiu à superioridade “azul”. Vencemos por 2-1! Um clube com pouco menos que 10 anos de vida, de novo Campeão de Portugal!

Três dias depois, a 19 de Junho, a Direcção do Clube manifesta o louvor aos “duplos” campeões, incluindo o Pepe (e o próprio Artur José Pereira, que era o treinador!).

De realçar o número de jogos disputados nesta época, em especial pelo Pepe (37!). Ao nível de um jogador profissional dos nossos dias…

A época de 1929/30, os "records" e o terceiro Campeonato de Lisboa

A época seguinte (1929/30) viria a ser talvez a melhor época de sempre de José Manuel Soares, que estava ainda mais “maduro”, hábil e astuto. Ele que de aparência nunca deixara de ser um rapazola.

Integrado nas festas do 10º Aniversário do Clube, disputou-se um Belenenses-Barreirense, com derrota por 3-5.
Seguiu-se a Taça Preparação, com uma vitória por 6-2 frente ao Carcavelinhos (22 de Setembro de 1929) e um empate a 3 bolas com o Benfica (a 29 de Setembro de 1929).

O Campeonato de Lisboa, iniciado poucos dias depois, ficou marcado por records… do Belenenses, e do Pepe em especial.
A 27 de Dezembro de 1929, logo na 2ª jornada, o Belenenses venceu o Bom Sucesso por 12 golos a 1, dos quais José Manuel Soares marcou 10! Este é, até hoje, um record imbatido em competições oficiais. Mas vejamos a tabela completa de resultados, onde não faltam os golos (mais que literalmente!):

Casa Pia: 9-1 e 6-1
Bom Sucesso: 12-1 e 11-0
Chelas: 6-1 e 5-1
Benfica: 1-3 e 1-2
União de Lisboa: 7-1 e 7-3
Carcavelinhos: 4-2 e 5-1
Sporting: 1-0 e 4-2

E assim foi conquistado o terceiro título de Lisboa, com a espectacular marca de 79 golos – “record” imbatido da competição.
Por seu turno, Pepe (que foi totalista) marcara 36 golos no campeonato, tornando-se no melhor marcador de sempre; e os 61 golos no total da época, eram também “record”!

A nível de representações internacionais, a época também foi fantástica para José Manuel Soares.
Em 6 de Outubro de 1929, alinhou por Lisboa na vitória por 3-2 frente à selecção de Sevilha. A 1 de Dezembro de 1929, um resultado menos feliz na Selecção Nacional, em Itália (derrota por 6-1).
Nos dois importantes jogos que se seguiram, Pepe foi a estrela. A 12 de Janeiro de 1930 foi um golo seu que deu a vitória frente à poderosa Checoslováquia, num jogo disputado em Lisboa. E a 23 de Fevereiro de 1930, em jogo disputado no Porto, a Selecção Nacional venceu a grandiosa França por 2-0… com dois golos do Pepe!

Resumindo aqueles excelentes resultados, escreveu posteriormente Ricardo Ornelas:
“Duas vitórias seguidas em casa: 1-0, contra a Checoslováquia em Lisboa, à custa dum Roquete enorme e quando aparecia, como capitão um Serra e Moura, inteligente e brioso, cedo levado pela morte; e 2-0 contra a França, no Porto, num desafio em
que Carlos Alves, o das luvas [pai de João Alves], e mais o Pépe, o da boina, encheram o campo”.

Na época de 1929/30 Pepe participou ainda num “Norte-Sul” (a 3 de Novembro de 1929, ganho pelos “sulistas” por 0-2) e num “Lisboa-Porto” militar (venceram os de Lisboa por 5-0, a 20 de Abril de 1930).

A 6 de Abril de 1930 decorreu no Hotel Duas Nações um banquete de homenagem aos campeões de Lisboa. E os campeões eram bastantes – não só da primeira categoria: o Belenenses conquistara o título lisboeta nas categorias de honra (1ª), reservas (2ª) e 2ª categoria (3ª), algo que nenhum clube conseguira até então!
Para além disso, o Belenenses era também o clube com o maior número de jogadores em representação na Selecção Nacional e Selecções Regionais!

O Campeonato de Portugal de 1929/30, no entanto, não viria a ser feliz para as nossas cores.
O formato foi alterado, pois a partir dos oitavos de final as eliminatórias eram decididas a duas “mãos”.
Começámos bem, ao derrotar o Olhanense por 6-0. Na eliminatória seguinte, dos oitavos, empatámos duas vezes com o FC Porto (2-2 e 3-3). O jogo de desempate, em Santarém, ditou a vitória do Belenenses por 2-1.
Nos quartos de final eliminámos o Marítimo, depois de um “nulo” seguido de uma vitória por 2-1.
O Belenenses “caíu” na meia-final, frente ao Barreirense, de forma invulgar e polémica. Depois de um empate (1-1), ficou apurado o Barreirense graças a uma vitória por 3-2 no 2º jogo… sendo que o 3º e decisivo tento foi um auto-golo de um dos nossos…
A polémica “estalou” quando o Belenenses denunciou a inscrição na equipa do Barreiro de um jogador residente na Ajuda (e que por curiosidade também já jogara pelo Belenenses). Pelos regulamentos, ao que parece, os jogadores tinham que residir no distrito da sua equipa. No entanto, não nos foi dada razão (mesmo com recurso ao poder judicial, já então!). Em protesto, Augusto Silva, César de Matos e o “nosso” José Manuel Soares pediram escusa à Federação para o jogo de 8 de Junho de 1930, frente à Bélgica. E, com efeito, não jogaram. Assim sendo, o memorável jogo contra a França acabou por ser o último jogo de José Manuel Soares pela Selecção Nacional…

A época de 1930/31, a última

A época de 1930/31 foi de certa forma “atípica” para os padrões do Belenenses à época de José Manuel Soares. Com efeito, desde a estreia deste na 1ª equipa, só numa época o Belenenses não conseguira conquistar um dos dois grandes títulos (Campeonatos de Lisboa e de Portugal). Nas outras quatro foram conquistados 3 Campeonatos de Lisboa e 2 Campeonatos de Portugal…
Naquela época, porém, o Belenenses ficou em “branco”.

Até começámos bem, com a conquista da Taça de Preparação, vencendo na final o Benfica por 3-2 (depois de eliminar Sporting e Casa Pia).
A vingança “encarnada” chegou a 12 de Outubro, vencendo o jogo de “abertura” por 3-1.

A carreira no Campeonato de Lisboa, em bom rigor, também foi bastante boa (apesar de não termos conquistado o título). O Belenenses terminou em 2º lugar, com 11 vitórias, 1 empate (Sporting) e apenas uma derrota (União de Lisboa)… a um ponto apenas do Sporting, que sagrou-se campeão…

Sporting: 1-0 e 2-2
Benfica: 4-2 e 4-1
União Lisboa: 2-1 e 1-2
Chelas: 6-1 e 4-1
Bom Sucesso: 6-0 e 4-0
Carcavelinhos: 6-1 e 4-0
Casa Pia: 2-2 e 1-0

Repare-se que o Belenenses, com 47 golos, teve o melhor ataque no torneio, uma vez mais…

Ainda em 1930 Pepe participou noutros desafios particulares:
2 de Novembro: Belenenses 4, Carcavelinhos 0 – jogo de beneficência em favor do sanatório do Outão
14 de Dezembro: Belenenses 4, Benfica 2
29 de Dezembro: Belenenses 4, União de Lisboa 2 – jogo de beneficência em favor do Asilo Nun’Álvares, nos cumprimento do contrato de cedência dos terrenos das Salésias.

Em 1931, outros jogos ainda de carácter particular:
31 de Janeiro: Belenenses 3, União de Coimbra 1 – jogo realizado em Coimbra
1 de Março: União de Lisboa 1, Belenenses 3 – jogo comemorativo do 21º aniversário do União de Lisboa
29 de Março: Belenenses 2, Barreirense 2
5 de Abril: Belenenses 1, União de Lisboa 2 – jogo a favor da Federação Portuguesa de Tiro
15 de Maio: Belenenses 1, Misto do Sporting, União de Lisboa e Barreiro 2 – jogo a favor do antigo árbitro Alfredo Pedroso
31 de Maio: Belenenses 4, Boavista 2
10 de Junho: Belenenses 0, Barreirense 2 – disputa da Taça Caridade, que também serviu para fazer esquecer definitivamente os “atritos” da época anterior entre os clubes em causa…

Entretanto, a 22 de Março de 1931 o Belenenses estreou-se na Taça “Lisboa”… e não viria a participar no Campeonato de Portugal dessa mesma época…
Mais um rocambolesco episódio (não é só nos dias de hoje) esteve na origem de tal facto.
Parece que, a propósito de uma visita do Vitória de Setúbal ao Brasil, surgiu um violento diferendo entre a Associação de Futebol de Lisboa, por um lado, e a Federação Portuguesa de Futebol, mais as Associações de Futebol de Setúbal, Porto e Algarve, por outro. Como resultado, a AF Lisboa proibiu todos os seus filiados de realizarem desafios com clubes daquelas associações, o que na prática ditaria a desistência de todas as equipas de Lisboa de participarem Campeonato de Portugal. E, com efeito, Belenenses, Sporting, Carcavelinhos e União de Lisboa não participaram no Campeonato de 1930/31. Os únicos a “furarem” o acordo foram o Benfica (que já agora queria repetir o título, conquistado pela primeira vez apenas na época anterior) e o Casa Pia (em simpatia com o Benfica). Curioso é o facto de que duas das mais fortes formações da própria Associação de Futebol de Setúbal, o Barreirense e o Luso do Barreiro, também não terem participado…

Em compensação, a Associação de Futebol de Lisboa decidiu oferecer a referida Taça Lisboa, a ser disputada pelos clubes que com ela se solidarizaram no conflito com a FPF (incluindo clubes que poderiam ter beneficiado da desistência de outros, mas não o quiseram – como o Chelas ou o Fósforos).

O Belenenses chegou à final depois de eliminar o Fósforos (11-0 e 6-0), o Chelas (3-4 e 4-2) e o Luso do Barreiro (meia-final, por 3-0). No jogo derradeiro, disputado a 14 de Junho de 1931, perdemos frente ao Sporting, por 3-1.

Terminou assim de forma estranha a última época completa de José Manuel Soares ao serviço do Belenenses…

Em termos de selecções regionais, Pepe disputou ainda:
Lisboa-Coimbra, 5-2, a 21 de Dezembro de 1930
Porto-Lisboa, 1-0, a 10 de Maio de 1931
Lisboa-Porto militar, 4-2, a 7 de Junho de 1931
Lisboa-Santarém, 2-1, a 5 de Junho de 1931

O adeus

A 19 de Outubro de 1931, já no início da época 1931/32, disputou-se um Belenenses-Sporting para a Taça Serra e Moura, que vencemos por 1 a zero. Este terá sido o último jogo de Pepe. Ironicamente, Serra Moura – então homenageado – era um jogador famoso do Sporting (companheiro de Selecção do Pepe) que havia falecido prematuramente…

E assim voltamos a início deste texto, onde antecipámos a notícia da trágica morte de José Manuel Soares, o “Pepe” – Campeão de Lisboa e de Portugal, atleta olímpico, internacional por 14 vezes (com 7 golos marcados), cerca de 140 jogos feitos pelo Belenenses!

Morreu com 23 anos, por causa de um estúpido acidente - que desta vez, porém, não detalharei aqui. Homero Serpa e Marina Tavares Dias (depois) compilaram rigorosos relatos do episódio, que recomendo.

A memória de um símbolo do Belenenses

Desta vez, fiquemos apenas com a imagem do garoto campeão… mas sempre humilde.
Mesmo chegando a ser um ídolo por esse país fora, nunca abandonou – nem poderia – o seu ofício. Até aos 19 anos trabalhou como torneiro de metais numa oficina ao pé do Mercado de Belém. Depois, provavelmente com a ajuda de Belenenses (o Presidente João Luís de Moura era aviador naval), foi trabalhar para as oficinas do Centro de Aviação Naval do Bom Sucesso (criado pelo belenense Gago Coutinho – que aliás dali partiu com Sacadura Cabral em 1922 para a travessia do Atlântico Sul).
Nasceu pobre e morreu pobre, naquele dia 24 de Outubro, há três quartos de século atrás.

A morte de Pepe em destaque na Imprensa nacional. Em cima, a foto da sua estreia, em 1926 (é o segundo jogador à direita). No texto principal, pode-se ler: "Morreu o Pepe! A notícia, como todas as más notícias, correu célere, levando a desolação a todo o meio desportivo. Vitimado em circunstâncias dolorosamente trágicas, quando contava apenas 22 [23] anos, quando a sua vida resplandecia no máximo da pujança, José Manuel Soares leva consigo a dor inconsolável dos seus parentes, o pranto comovido e a saudades enorme dos seus companheiros de desporto, e a compaixão sincera de todo o público"

Em sinal de luto profundo, a equipa do Belenenses ostentou fumos pretos durante o resto da época de 1931/32. E assim ficaram para a posteridade, com semblantes de tristeza, os que já sem o Pepe conquistaram o quarto campeonato de Lisboa (precisamente o de 1931/32), entretanto a ele dedicado.

Por ocasião do 13º Aniversário do Clube (em 1932) foi descerrado nas Salésias o monumento em honra de José Manuel Soares, um belo e sóbrio baixo-relevo da autoria do famoso mestre-escultor Leopoldo de Almeida. Em 1956, na sequência do abandono forçado das Salésias e após a inauguração do Estádio do Restelo, o monumento foi trasladado para o novo recinto, sendo descerrado na sua nova localização a 1 de Dezembro de 1956, onde ainda hoje o encontramos.
O próprio campo das Salésias, na mesma altura (1932), recebeu o seu nome. Mais tarde, como o melhor recinto do País, passaria a ser conhecido como “Estádio José Manuel Soares”, até ao seu abandono.

Em 1983 o Grupo “Os Mil” instituiu os troféus “Pepe”, para distinguir os mais dedicados e notáveis Belenenses do ano (foram entregues em 28 de Maio de 1983). Iniciativa efémera, porém (seguiram-se os “Amaros”, e depois…).

O conceituado cronista desportivo Severiano Correia descreveu assim José Manuel Soares:
“Era de facto um jogador extraordinário! Irrequieto e franzino, dentro do rectângulo era um elemento que chamava as atenções do público. Chutador por excelência, de uma combatividade extraordinária, constituía perigo para qualquer defesa, por muito valiosa que fosse. Era o menino mimado das gentes de Belém, de tal modo que nem com uma rosa se lhe poderia bater — expressão do seu mestre Artur José Pereira.”

Severo Tiago, também ele jogador do Belenenses, diria décadas mais tarde acerca do Pepe: “Hoje esse fenómeno valeria milhões de contos”.

E digo eu: José Manuel Soares, o nosso “Pepe”, não foi “apenas” um rapaz com má fortuna, um pobre desgraçado que desapareceu deste mundo de forma trágica e comovente. Esse foi o fim absurdo de uma carreira brilhante, a de um rapaz talentoso, dedicado, bondoso, generoso, que com todas essas virtudes conseguiu conquistar gentes pelo País fora (e até pelo estrangeiro).
Foi o primeiro ídolo do futebol português, embora tivesse sucedido a grandes nomes, como Artur José Pereira (cuja fama como jogador dificilmente ultrapassou o meio) e embora faltassem ainda décadas para o aparecimento dos chamados “mass-media”. Contudo, o crescente interesse da imprensa, pela primeira vez, “fabricou” uma autêntica lenda.

Pepe foi quase tudo o que um jogador famoso pode ser. Excelente na sua “arte”, imitado pelos miúdos de todas as terras por onde passava, querido e invejado entre as moças, respeitado pelos colegas, venerado pelos adeptos…
Porém, não era rico, nem vaidoso, mas tinha um amor à camisola como o amor à sua terra: entranhado!
Será coisa do passado, como os vários títulos conquistados. Mas a vontade de vencer, a entrega – em cada jogo, como no “quarto de hora”, ou na sua vida, até ao último dia – são imortais.

Até sempre, Pepe!

Texto inicialmente publicado no blogue Canto Azul ao Sul (2006)

Nota adicional: Um jogador como Pepe não se esquece facilmente, mesmo que haja quem faça por isso. Ainda no outro dia foi notícia o facto de Makukula ter sido o 35º jogador a conseguir marcar na sua estreia pela Selecção. O Maisfutebol, aproveitando a deixa, publicou a lista dos 35, da qual reproduzo os 6 primeiros, pois o nosso Pepe foi precisamente o sexto (enquanto Severo Tiago, também nosso, foi o quinto):

Golos dos estreantes:
Jogo 1. Alberto Augusto (Espanha, 1-3)
Jogo 2. Jaime Gonçalves (Espanha, 1-2)
Jogo 6. João Santos (Checoslováquia, 1-1)
Jogo 8. José Manuel Martins (Hungria, 3-3)
Jogo 8. Severo Tiago (Hungria, 3-3)
Jogo 9. Pepe (França, 4-0)

Faltou referir porém algo que distingue o Pepe dos restantes. É que foi o primeiro marcar não um, mas dois golos no jogo de estreia! Aliás são ainda poucos (três!) os que repetiram tal proeza, ainda menos contra um adversário tão valoroso. São eles:
João Cruz (1938, vitória frente à Hungria), Ben David (1950, derrota frente à Inglaterra) e Francisco Palmeiro, que detém o "record", pois marcou três (1956, frente à Espanha).

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Podia ter sido um sábado perfeito...

... antes de mais pela realização do I Torneio de Minis em Andebol, no qual, perdoem-me o dado pessoal, participou o meu filho mais velho. A equipa do Belém foi a vencedora, batendo sucessivamente o Passos Manuel, o Liceu Camões e a equipa do Belenenses do Pólo do Algueirão. Menos importante que os resultados foi o evento em si, com a participação de meia centena de praticantes que se estão a iniciar na modalidade, podendo já apreciar-se em particular o excelente trabalho efectuado no nosso clube. Não é por acaso que os "nossos meninos", quando crescem, dão cartas nas diversas competições; nem a propósito, findo o torneio defrontaram-se em juvenis o Belenenses e o Sporting, tendo os nossos ganho por 31-20.
Depois, por mais uma vitória, a sexta, no nacional de futsal. Frente a um adversário - o Alpendorada FC - que já se sabia ser difícil, só a inspiração de Marcelinho, Paulinho e Diego (jogadores mais em destaque) permitiu averbar mais três pontos. A exibição foi menos conseguida que as anteriores mas não por falta de empenho e espírito de sacrifício, que foram os mesmos de sempre.
Pelas seis da tarde, num Restelo já inundado de viaturas de sportinguistas, deu-se a estreia do nosso clube na Liga de Basquetebol 2007/2008, frente ao CAB Madeira. Um mau início, sobretudo um desastroso segundo período, parecia ter deitado tudo a perder. Seguiu-se mais uma das épicas recuperações a que a nossa equipa já nos habituou. Infelizmente, a impressionante eficácia nos triplos do adversário e a actuação vergonhosa de Sérgio Silva, um árbitro que tudo fez para que saíssemos derrotados (não é exagero), inventando faltas que oscilaram entre o anedótico e o puro esbulho desportivo, impediram a nossa vitória que, pese os erros cometidos, seria mais que justa. Penso que a escandalosa prestação do árbitro nº 21 deveria ser alvo de um protesto formal do clube. A Liga, que com apenas oito clubes, e mesmo estes com condições económicas precárias, se parece cada vez mais um campeonato fantasma, deveria fazer por manter alguma sanidade a nível arbitral, sob pena de ver todos os participantes fugir para a Proliga, desaparecendo do mapa competitivo.

Se o ridículo matasse... (I)

O Belenenses venceu no Bessa por 4-2 corria o fim do dia 8 de Outubro. Quebrado o ritmo competitivo da equipa - também assim se pode falsear a verdade desportiva...! -, os nossos craques voltarão à competição... no dia 27. Ou seja, num mês em que as competições profissionais prosseguem a grande ritmo por todo o lado (com a natural excepção do fim de semana dedicado às selecções), a Liga de Hermínio Loureiro entendeu por bem parar o campeonato para que por estes dias jogassem 8 equipas num total de 32.
Sucede que nos países civilizados provas como a Taça da Liga servem para preencher os calendários e não para os esvaziar. Dito de outro modo, é suposto que uma prova como a Taça da Liga sirva numa primeira fase para arranque de época e, uma vez iniciada a competição mais importante, para que também durante a semana seja possível aos clubes encaixarem receitas adicionais capazes de ajudar a fazer face à despesa - ou, em paralelo, para que possa haver futebol entre o Natal e a passagem de ano. Já por cá, posto que fazemos por ser originais, ficam os profissionais vinte dias sem competir e as SAD's sem facturar, embora ao que se saiba não tenha a Liga de Clubes tido a iniciativa de suportar os vencimentos dos profissionais referentes ao mês corrente. Em resumo: as inovações do dr. Loureiro ainda nos trazem prejuízo...

quinta-feira, 18 de outubro de 2007

Segunda vitória na Liga Halcon 2007/2008

Foi um espectáculo empolgante aquele a que se assistiu ontem no Acácio Rosa, entre Belenenses e São Bernardo.
Os aveirenses, que entravam para esta 5ª jornada na 3ª posição, e que já haviam batido o Benfica na Luz, demonstraram ter uma bela equipa, com muita qualidade mas, pareceu-me, com excessiva dependência do seu número 14, Inácio Carmo, um excelente jogador, com um temível remate e que a nossa defesa praticamente nunca encontrou maneira de travar.
Após um 2-2 no dealbar da partida, a nossa equipa pulou para um 6-2, vantagem que foi efémera pois o adversário mostrou qualidade e determinação, nunca permitindo à nossa equipa adiantar-se muito no marcador, que chegou ao intervalo em 16-14. Nesta primeira parte destacaram-se: o veterano Pedro Gama, já recuperado, um jogador com larga experiência, visão de jogo, inteligência, embora ainda possa vir a render mais; Hugo Figueira, com várias defesas espectaculares, garantindo a vantagem permanente dos azuis; e a dupla de arbitragem (que viajou desde... Aveiro!), com critérios desiguais, sempre em nosso desfavor, conseguindo complicar um jogo correcto, embora por vezes durinho, mas sem maldade.
Entrou mal a nossa equipa na segunda parte, marcando apenas um golo nos primeiros 5 minutos e mostrando insegurança, com os jogadores a tentarem jogadas individuais, que esbarravam na defesa aveirense. A toada de equilíbrio manteve-se até ao empate a 22. Ao contrário do que se podia recear a nossa equipa não acusou o toque e partiu para o melhor período do jogo, com mais fluidez na troca de bola, melhores e mais rápidas combinações de ataque, culminadas com vários golos de belo efeito (contei pelo menos cinco "roscas", uma delas de Pedro Neto, um jogador com grande margem de progressão e que parece estar a ser bem "trabalhado" por João Florêncio). Nesta fase destacavam-se: Bruno Moreira, sempre inteligente a esgueirar-se no meio dos centrais; Tiago Fonseca, com uma mão cheia de golos, e Hugo Figueira, que além de belas defesas marcou um golo de baliza a baliza, que levou o pavilhão ao rubro!
Do lado do brioso adversário, uma equipa muito compacta, destaca-se, como já referimos, o excelente jogador que é Inácio Carmo, autor de 10 dos 26 golos da sua equipa e líder dos melhores marcadores da Liga, com 42 tentos, mais quatro que o segundo, Eduardo Filipe do FC Porto.
Ontem a nossa equipa demonstrou a sua excelente valia. Apesar de alguns momentos de intranquilidade, soube contrariar as dificuldades (e chegou a jogar "seis contra nove", em certos momentos de escandalosa má fé dos árbitros) e mostrou que a ascensão na tabela não irá parar.
Segue-se mais uma partida difícil, frente ao Sp. Horta, no dia 21, pelas 21h00. Os açoreanos têm apenas uma vitória em seis jogos e não irão facilitar a nossa tarefa.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

Belenenses bate São Bernardo

Resultado final: 33-26 (ao intervalo: 16-14).
Crónica segue dentro de momentos, que o repórter ainda não jantou...

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Efeitos positivos da Taça do Mundo de Rugby

A participação dos Lobos na Taça do Mundo despertou simpatia e admiração em muita gente, graças à cobertura televisiva satisfatória e, claro, à briosa prestação da Selecção.
Foram inevitáveis as comparações com outras modalidades, nomeadamente o futebol, sobressaindo os rapazes do rugby pela coragem com que, sendo amadores, defrontaram alguns dos melhores jogadores do Mundo, mas também a forma sincera e sentida como exteriorizaram o seu orgulho por poder representar o País. Pelo menos por uma vez se intrometeu o nosso hino nos domínios do Haka e afins, pois como pude comprovar foram vários os adeptos estrangeiros que ficaram deveras impressionados.
Posto isto, é de qualquer maneira necessário voltar a pôr os pés na terra, por várias razões.

Conhecemos bem este tipo de entusiasmo - aparentemente generalizado - e as suas verdadeiras consequências. Convenhamos, com frontalidade, que para o público em geral o que se alterou foram sobretudo as expectativas. Não é realista pensar que seja amenizada uma certa ignorância relativamente à modalidade e às suas regras, como também não é realista pensar que as assistências aos jogos - mesmo os da Selecção - aumentem na mesma medida, deste efémero entusiasmo.
É facil invocar alguns casos semelhantes. Veja-se por exemplo o caso do Atletismo, que com um Carlos Lopes e uma Rosa Mota despertou nos nossos conterrâneos uma súbita voracidade por medalhas. E assim, de quatro em quatro anos, sem que nada ocorra de assinalável de permeio (mais concretamente para o desenvolvimento da modalidade), lá temos a Comunicação Social empenhada na mera contagem de presenças no pódio (e pouco mais).
Com o Rugby, já vejo algo do género. Se na próxima vez não conseguirmos o apuramento - que será novamente dificílimo, como é óbvio - tudo se resumirá a uma breve nota de desilusão. Se o conseguirmos - façanha também novamente histórica - já não bastará perder com dignidade e o melhor esforço possível. Desilusão, dir-se-á.
Nessa altura, senão antes, algumas mentes brilhantes do nosso desporto apontarão o grande remédio: faz falta que Luís Filipe Vieira arrebanhe todos os melhores para a sua equipa, pois aí é que vai ser a sério. Também os haverá que lamentem a falta de Sporting e Porto nas competições nacionais (como já o fizeram para outras modalidades), pois modalidade que não tem esses três não é verdadeiramente "competitiva".
Enfim, enough said.

Mas se aquela euforia é por demais para o que verdadeiramente vale, temos também aspectos positivos, nem poderia ser de outra maneira. Aqui há dias foi transmitida num telejornal da SIC uma reportagem sobre as nossas escolas de Rugby - facto por si só comprazedor - em que os responsáveis confirmavam o incremento extraordinário de inscrições e praticantes, graças à popularidade conquistada pela Selecção. Muito boa notícia, veremos se o Clube será capaz de responder com condições adequadas (é difícil...). É que, sem essas condições, lá se vai a oportunidade para o clube e mais uma oportunidade para desenvolver a modalidade.
Havendo condições, será necessário promover.
E aqui aproveito para dar outro exemplo. Não é sobre o Benfica e a Vanessa, mas anda lá perto, e a minha desolação até foi maior. Recebi uma mensagem do Clube Olímpico de Oeiras sobre a sua Escola de Formação Desportiva, onde a dada altura se referia o exemplo de Bruno Pais (nosso ex-atleta) como chamariz. Nada tenho contra o COO, obviamente, e mais penso, que fazem muitíssimo bem. Mas é concorrência, meus caros, e perante a concorrência não se pode dormir. Se temos orgulho no nosso ecletismo, não podemos deixar este ser "passivo", um mero número (grande) de modalidades. Temos de contribuir para o desenvolvimento das modalidades, para o aumento e aperfeiçoamento da sua prática, impregnando entusiasmo pelas crianças e jovens que queremos a dar vida ao Restelo e ao nosso Clube.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

Reformas essenciais

Na sua edição de ontem, publicou A Bola uma interessante entrevista com Rui Pedro Soares, membro da Comissão Executiva do grupo Portugal Telecom. No trabalho em causa, o responsável da PT - que, recorde-se, é um dos mais relevantes patrocinadores do futebol luso - aborda com algum detalhe os insucessos de bilheteira do futebol português apresentando alguns dados sobre os quais valerá a pena reflectir e que de certo modo poderão ser resumidos nos seguintes pontos:

1. Se analisarmos as assistências em Portugal e em Inglaterra e as dividirmos pela população, as percentagens são praticamente equivalentes: 0,25% no caso inglês; 0,28% no nosso;
2. Em 2005/06 venderam-se 3 milhões de bilhetes para o futebol contra 17 milhões de bilhetes para o cinema; o cinema tem 6 vezes mais espectadores quando o futebol desperta muito mais paixões;
3. A televisão potencia o espectáculo, ao invés de afastar público.

Isto para concluir pela urgente redução do preço dos bilhetes "a não ser que o que interesse seja mesmo ter estádios vazios" (sic). O primeiro ponto ainda me recorda uma outra contabilidade sobre a qual um amigo meu, lagarto do piorio, costumava divagar: os nossos estádios têm capacidade para tantos espectadores como os estádios espanhóis, o que seria óptimo não se desse o caso de eles terem quatro vezes mais população... E ainda poderíamos acrescentar a estas variáveis a questão do rendimento dos portugueses, que lamentavelmente nada tem a ver com os preços praticados pelos lusos emblemas.
Se esta é matéria importante para os clubes portugueses (e, evidentemente, para os seus patrocinadores), no caso do Belenenses a coisa assume proporções de ainda maior relevância tal é a limitação das nossas assistências, o que ficou demonstrado com especial crueldade na recepção ao Bayern de Munique. A mim, confesso, custa-me a crer que aparentemente ninguém veja que praticamos preços obscenos para a realidade da esmagadora maioria das bolsas portuguesas e para as condições que oferecemos - tanto mais que não vivemos das receitas de bilheteira.
É urgente voltar a levar público ao Restelo - os emblemas não subsistem sem adeptos! -, mas é urgente reconquistar o potencial existente sabendo de ciência certa que nem há medidas milagrosas nem existem políticas de fundo que possam dar frutos em meia dúzia de dias. A persistência e a paciência devem caminhar a par de uma urgente política de redução do preço dos bilhetes. Antes que seja demasiado tarde.

domingo, 14 de outubro de 2007

Um jogo inesquecível

Não me parece exagerado afirmar que a exibição de ontem da nossa equipa de futsal frente ao Sporting, em Loures, coroada com uma estupenda vitória por 3-2, foi das melhores que se pôde ver do nosso emblema nos últimos vinte anos, considerando todas as modalidades praticadas no Belenenses. Raramente se viu uma conjugação tão perfeita entre técnica, classe, entrega ao jogo, espírito de equipa, capacidade de sacrifício e fortaleza psicológica, que levou a equipa a acreditar nas suas capacidades - e, portanto, na vitória - até ao fim.
Frente a um Sporting muito forte, Marcão, Marcelinho (um golo), Jardel, Cautela, Diego (1), Vinicius, Pedro Cary (1), Paulinho e Maté deram uma admirável demonstração da força, garra, querer e enorme categoria desta equipa. Se tivêssemos que escolher um momento demonstrativo do que vai dito elegeríamos o último lance de perigo para as nossas redes, com Marcão a defender de instinto e, na recarga, a levar com a bola na cara, a festejar efusivamente o facto de a bola não ter entrado - e só depois a preocupar-se com a sua condição física abalada. Fantástico!
No próximo sábado seria lamentável que os sócios e adeptos do Belém não comparecessem em massa para apoiar os nossos rapazes frente a uma equipa sempre incómoda como é o Alpendorada. Seguem-se-lhe dois promovidos, o Nogueirense (novamente em casa) e o Vila Verde (clube da localidade com o mesmo nome situada entre Sintra e Terrugem), antes do grande jogo contra a Fundação. Temos todas as condições para chegar a esse encontro com oito vitórias em oito jogos, mas atenção, muitas vezes nas partidas teoricamente mais simples é que surgem os maiores problemas. Mas uma característica da nossa equipa ainda não referida neste comentário - a humildade - ajudar-nos-á a superar esses obstáculos.
Força, Belém!

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

Vamos defender o 1º lugar

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

A acertar o passo

Conquistámos uma saborosa vitória no Bessa e já estamos "encostados" na tabela às equipas "sensação".
E agora, sempre a subir? Surgirão percalços, ninguém duvida, mas em minha opinião esta equipa tem - de novo, como em 2006/07 - margem e boas perspectivas para crescer.

Objectivamente, esta fase de calendário sobrecarregado não saíu tão bem como se poderia esperar. Afinal de contas, fomos eliminados à primeira em duas das quatro competições desta época. A atenuar, o azar de apanhar aquele adversário europeu... mas não deixou de ser um azar (salvo para as finanças, pois parece que não foi mau - mas poderia ter sido melhor, também acrescento).

Foi um arranque de época intranquilo, em grande parte devido às saídas do plantel (Dady+Garcés e Nivaldo) e às entradas tardias. Não conseguimos ainda, mesmo neste jogo do Bessa, o equilíbrio desejado. Mas estas duas semanas serão boas para assentar idéias e trabalhar com qualidade e... tranquilidade.

Hoje valeu o arreganho, a vontade de ganhar e uma boa dose de astúcia. De tal forma que o treinador adversário elogiou a nossa maior experiência europeia...

P.S.: ainda tinha atravessada aquela derrota no Restelo, na época passada... e naquela ocasião o Boavista fez bem menos do que hoje...

domingo, 7 de outubro de 2007

Futsal em grande

Começam a faltar adjectivos para caracterizar a prestação da nossa equipa de futsal. Com quatro jornadas cumpridas, eis-nos isolados em primeiro lugar, com doze pontos. A forma categorizada e abnegada posta nos confrontos é de louvar. Sobressaindo desde a jornada passada (quando pôde actuar pela primeira vez em jogos oficiais) Marcelinho, é no entanto toda a equipa que merece realce. Isto porque de uma verdadeira equipa se trata. Alípio Matos pode utilizar nove jogadores durante um encontro que a nossa qualidade de jogo não se ressente.
Tudo isto foi evidente no confronto de ontem frente ao Boavista. O nosso adversário impressionou pela positiva, não merecendo de todo estar ainda sem pontuar no campeonato, valorizando ainda mais a nossa vitória. E se esta se começou a desenhar cedo, com uma magnífica jogada de Marcelinho, que sentou Alex e atirou para as redes desertas, não foram facilidades o que se nos deparou até ao último instante.
A primeira parte foi empolgante, sendo o intervalo um descanso também para os espectadores, tal a vibração que o nosso jogo provocou. A segunda parte teve um Belenenses mais de contenção nos primeiros minutos, para se desinibir depois e efectuar algumas jogadas que puseram o pavilhão ao rubro. Os golos falhados foram vários: duas bolas no poste, uma defesa impossível de Alex perante um Jardel a meio metro do golo e ainda dois remates de longe ao lado da baliza deserta, quando os boavisteiros jogavam já com guarda-redes avançado.
Análise dos jogadores:
- Marcão: com menos trabalho que frente ao SL Olivais, ainda assim pôde fazer grandes defesas, sendo no entanto culpado no primeiro golo dos do Bessa.
- Marcelinho: para quem ainda o não viu jogar é difícil expressar por palavras o enorme talento deste jogador. Creio que este ano não vai ser Ricardinho, do Benfica, o melhor jogador do campeonato. Ontem facturou por 3 vezes.
- Pedro Cary: bom toque de bola, muita rapidez e alguma precipitação em algumas jogadas, o mesmo que se pode dizer de Paulinho (um golo).
- Cautela: muito importante a estabilizar a equipa em momentos mais críticos. Sereno e inteligente.
- Diego Sol: muito bom a defender, visão de jogo e um excelente golo.
- Vinicius e Maté: jogaram pouco mas integraram-se muito bem na manobra da equipa.
- Jardel: bendita equipa que pode ter este jogador no banco.
Destaque ainda para o jovem guarda-redes Marco, que substituiu Nuno Almeida no banco. Pelo que se vai vendo nos aquecimentos, está em grande forma. Aliás na época passada, quando tínhamos Nuno e Carlo lesionados, fez um grande jogo.
Na próxima jornada teremos o maior desafio até à data: ida a Loures para defrontar o Sporting (sábado, 15h20, transmisão em directo na SIC). Estamos em crer que se jogar o que sabe, sem nervosismos, a nossa equipa pode somar a quinta vitória no campeonato.
Espera-se um grande apoio dos adeptos que, se foram ontem cerca de 400, continuam a ser poucos face ao que esta fabulosa equipa merece.

sexta-feira, 5 de outubro de 2007

Pinceladas europeias


Magnífica jornada desportiva, bem à altura da história do Belenenses, aquela a que assistimos ontem ao final da tarde no Restelo. Na verdade, os nossos profissionais, de cabeça bem erguida, demonstraram um querer e uma garra que muito me orgulham e que os absolve por completo do resultado final de uma eliminatória que nos colocava frente a um dos maiores orçamentos do futebol mundial. Para mais, registe-se a animação antes do encontro - também ela ao nível da contenda e bem melhor do que é hábito - e a feliz preocupação em bem receber os adeptos alemães (civilizadíssimos e bem dispostos, também eles à altura do desafio, numa festa que continuou noite fora pela zona histórica de Belém).

Nota negativa apenas para a desastrosa política de preços (e de acompanhantes) que afastou do Restelo inúmeros interessados em nele marcar presença. É espantoso como se deita à rua uma oportunidade quase única de efectuar uma grande casa (menos de 10.000 pessoas num jogo que decide uma eliminatória que é possível ganhar, numa prova que não disputávamos há 20 anos, contra um dos colossos do futebol europeu está mais perto de ser uma vergonha do que uma grande casa). Adiante.

O Belenenses proporcionou 60 minutos à beira do sonho, sendo que nos primeiros 40 Costinha (em óptimo plano) não chegou a fazer uma defesa digna desse nome. O Belenenses foi controlando as operações e, se bem quem com evidentes preocupações defensivas - bem legítimas! -, teve logo a abrir três boas ocasiões de alterar o destino da eliminatória. Voltou a equipa a falhar sobretudo na finalização, embora eu me mantenha na minha: o Belenenses que hoje observamos é melhor do que o Belenenses que subia aos relvados há exactamente um ano (tem aliás mais dois pontos na Liga). Sucede que se já na época passada Dady tardou a aparecer e Garcés só chegou em Janeiro, também este ano a equipa parece manca no último quarto do terreno. É problema que se resolve com o tempo e com os treinos, sendo que há este ano inquestionavelmente mais soluções para que possa nascer um super-dady. A ver vamos se me engano.

Permitindo-me destacar individualidades num grupo que durante 60 minutos valeu essencialmente como equipa, gostei especialmente de Ruben Amorim e Silas. O Ruben está adulto, um senhor jogador - aliando garra, versatilidade e inteligência. Já o Silas, nos dias em que a coisa sai bem e tem vontade de levar a equipa para a frente, dispensa apresentações (aliás como o Zé Pedro, a quem agora se observam interessantes preocupações defensivas). Weldon e Roncatto trabalharam imenso - o primeiro melhor do que o segundo - e Amaral e Mendonça entraram muito bem no jogo. Continuo sem perceber porque é o angolano tão pouco utilizado nos compromissos caseiros...

O que vou dizer de seguida é evidente mas, por justiça para com os nossos craques e em especial pelo sexteto mais defensivo, nunca será excessivo repeti-lo: do outro lado estava o Bayern de Munique e não aquela simpática rapaziada do Shakhtar Donetsk! E eu, que sou amante do futebol, folgo em ter visto ao vivo pela primeira vez o Luca Toni que é, sem favor, um dos cinco melhores pontas de lança do mundo e que para isso nem precisa que o apoio dos alas actue em grande plano. Toni - excepcional a jogar no limite do fora de jogo - marcou o golo que dita a morte do nosso sonho depois de uma recepção de bola tão difícil quanto fantástica e de um remate de primeira que distingue os predestinados dos medianos. Os predestinados não inventam. E se me permitem uma opinião contra-corrente, o golo é perfeitamente legal (ao invés da grande penalidade clara que ficou por assinalar a nosso favor poucos minutos depois).

Rematando: o aplauso final e quase unânime que dedicámos aos nossos profissionais vai de algum modo ao encontro de uma das frases de Jorge Jesus na conferência de imprensa final. Se o Belenenses deixar sempre em campo o sangue, o suor e as lágrimas que ontem ficaram no Restelo, independentemente do adversário, não vejo que haja muitos jogos da competição interna que possamos perder. Se Jesus disso mentalizar os craques e em entendendo estes a lição, o futuro é risonho. O rigor e o querer do Belenenses dos primeiros 60 minutos dariam, já na segunda-feira, três batatas ao Boavista.

Duas notas finais. A primeira é uma pergunta: alguém sabe qual a razão do "Bar do Rugby" não dar agora apoio aos comes e bebes (situação que já verifiquei frente ao Leiria)? É que as capacidades humanas têm limites, o simpático estaminé do lado não dá para tudo e a situação ontem vivida ao intervalo, pelo péssimo serviço prestado (pelo clube, não por quem serve e faz o seu melhor!), está nos limites do ridículo.

Segundo ponto: já aqui o escrevi uma vez mas repito; creio que face ao novo quadro legal a Fúria Azul deve merecer do Belenenses todo o apoio possível e imaginário. Não sei se é o que se verifica, quero crer que não, mas não consigo conter a dúvida: se os adeptos alemães podem cobrir toda a superior de faixas, umas atrás das outras, a Fúria Azul não pode colocar as suas porquê? Acaso a claque alemã se registou formalmente junto das nossas autoridades?

quarta-feira, 3 de outubro de 2007

A menos de 24 horas

Convocados:

Guarda-Redes: Costinha e Marco Gonçalves.
Defesas: Cândido Costa, Amaral, Rolando, Hugo Alcântara, Devic, Weverson, e Rodrigo Alvim.
Médios: Rúben Amorim, Gabriel Gomez, José Pedro, Silas, Mendonça, Hugo Leal e Fernando.
Avançados: Weldon, Roncatto, e João Paulo.

Jorge Jesus na conferência de imprensa:
"Cumprimos o nosso objectivo, que era trazer a eliminatória para Lisboa ainda por resolver. Vamos jogar de forma inteligente, sem fazer marcação homem a homem e proteger o corredor central, zona em que o Bayern é muito forte. Num jogo a eliminar, tudo pode acontecer. Por norma, nestes jogos nem sempre os melhores ganham.
Em Munique ficaram surpreendidos com o nosso jogo. Se nesse jogo fomos surpresa, amanhã deixamos de o ser. Este é um jogo contra uma das quatro melhores equipas da Europa. Com uma pontinha de sorte podemos passar esta eliminatória".

A arbitragem estará a cargo do polaco Jacek Granat. Todos ao Restelo, com o nosso apoio entusiástico os alemães terão a vida muito difícil!

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Operação Bayern: todos ao Restelo!

Quinta-feira chega o grande dia, o dia de todas as decisões depois de um grande jogo na Alemanha. O Belenenses recebe o Bayern de Munique em desafio a disputar às 19h30 no Estádio do Restelo. 18 anos depois, é possível passar à fase de grupos, assim o sonho se realize com o apoio do nosso público. Como disse e bem Jorge Jesus no passado domingo, não há grandes se não houver audiência consentânea 'in loco'. Os Bilhetes já se encontram à venda na secretaria do Clube, sendo que para adquirir o ingresso é necessário ter a situação contributiva de associado devidamente regularizada. Cada sócio pode adquirir um bilhete para acompanhante. Preços:

Sócios:
Contribuintes - 10,00 €
Acompanhantes - 20,00 €
Camarotes - 20,00 €

Não Sócios:
Central Nascente Superior - 50,00 €
Central Nascente Inferior - 35,00 €
Lateral Nascente Superior - 40,00 € / 45,00 €
Lateral Nascente Inferior - 30,00 €
Topo Norte Superior - 30,00 €
Topo Norte Inferior - 25,00 €

Escolas de Rugby



A imagem não será a melhor mas permite entender que a secção tira claramente partido da visibilidade d' Os Lobos. Fornada de campeões a caminho?

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Mais uma vitória em futsal

Excelente espectáculo de futsal ontem no Pavilhão Municipal do Casal Vistoso, em Lisboa, entre SL Olivais e Belenenses.
A nossa equipa, que já contou com os brasileiros Marcão, Diego, Vinicius e Marcelinho, soube ter paciência para levar a melhor (2-3) sobre um adversário muito complicado. Perante uma moldura humana apreciável (uns quatrocentos espectadores, entre os quais umas dezenas de belenenses e o treinador do Benfica Adil Amarante), a que não será alheia a entrada gratuita no recinto, assistiu-se na primeira parte a uma impressionante manifestação da qualidade dos da casa, com boa troca de bola, rigor defensivo e grande empenho. A nossa equipa inicou a partida com os mesmos jogadores de campo que na semana passada frente ao Sassoeiros (Maté, Jardel, Cautela e Pedro Cary) mais o guarda-redes brasileiro Marcão, mas não demorou muito a que entrassem em campo os novos reforços de terras de Vera Cruz. Destes foi Marcelinho que, pelo seu soberbo toque de bola, mais deu nas vistas. Mas a primeira parte foi do Olivais, que marcou num livre indirecto após distração de Marcão, que agarrou a bola num atraso intencional.
A segunda parte foi de maior domínio dos belenenses e foi então que Marcelinho abriu o livro: um golo após excelente jogada individual, outro oferecido a Diego e uma grande penalidade arrancada após inesquecível jogada em que finta dois jogadores adversários sempre com a bola junto à linha lateral até que é agarrado quando se prepara para marcar (Maté converteu a penalidade). O Olivais desanimou, até porque tivera grandes ocasiões, todas negadas por um Marcão superlativo, defendendo tudo, incluindo várias situações de um para um.
A 14 segundos do fim um soberbo golo de Estrela (ex-Benfica) ainda deu para assustar mas o Belém conseguiu afastar a bola da zona de perigo e averbou uma merecida e importante vitória em um dos recintos mais complicados do futsal nacional.
O próximo embate está marcadop para o pavilhão Acácio Rosa no próximo dia 6, pelas 18hoo. Sendo a nossa uma equipa que joga muito bem, que nunca se entrega e que partilha a liderança com o Freixieiro, é da mais elementar justiça que os sócios e adeptos do Belém marquem presença nesse importante confronto.